Um verão trágico nas montanhas do Paquistão
Fonte: Desnivel
1 de agosto de 2013 - 16:13
 
 
 
 
  • Foto: Thomas Laemmle
    Tentativa de resgate dos iranianos no Broad Peak. O guia Thomas Laemmle com a tripulaci�n helic�ptero militar do Paquist�o Foto: Thomas Laemmle
  • Foto: Divulga��o
    Xevi G�mez, Abel Alonso e �lvaro Paredes, os 3 alpinistas desaparecidos no Gasherbrum 1." Foto: Divulga��o
  • Foto: D�rio Rodriguez
    Vertiente sul do K2 visto do campo base. A direita o espor�o de Abruzos Foto: D�rio Rodriguez
  • Foto: Koohnews.ir
    Os tr�s alpinistas iranianos: Aidin Bozorgi, Pouya Keivan e Mojtaba Jarahi, desaparecidos no Broad Peak Foto: Koohnews.ir
  • Foto: Divulga��o
    Artur Hajzer, chefe da expedi��o polaca no Broad Peak Foto: Divulga��o
  • Foto: Divulga��o
    Rescate dos iranianos no Broad Peak. Foto: Divulga��o
  • Foto: Divulga��o
    Rescate dos iranianos no Broad Peak. Ponto onde foi feita a �ltima chamada pelo Thuraya (telefone satelital) Foto: Divulga��o
  • Foto: Marty Schmidt
    O guia neozelandes Marty Schmidt e seu filho Denali Schmidt, desaparecidos no C3 do K2, devido a uma avalanche. Foto: Marty Schmidt
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Tentativa de resgate dos iranianos no Broad Peak. O guia Thomas Laemmle com a tripulação. Foto: Thomas Laemmle

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A temporada de escalada as grandes montanhas do Paquistão chega ao fim e o balanço é trágico, com alpinistas falecidos em quase todas as montanhas. Os últimos foram os experientes guias de montanha neozelandes Marty Schmidt e seu filho Denali. A boa notícia é a chegada ao campo base de Oscar Cadiach que escalou o seu 13º oitomil no G1.

A estação de verão de 2013 nas grandes montanhas do Paquistão será lembrada com uma das mais trágicas da história. Os picos do Nanga Parbat, Broad, Gasherbrum 1 e K2 serão mais lembrados ano por alpinistas que deixaram a sua vida pelas grandes escaladas que protagonizaram. Apesar disso, a estação chega praticamente a seu fim com a boa notícia do descenso sem contratempos de Oscar Cadiach do cume do Gasherbrum 1.

Atentado terrorista no Nanga Parbat
O único dos oitomil do Paquistão que não pertence a cordilheira do Karakoram, o Nanga Parbat, começou o dia 23 de junho da pior maneira possível o seu início de temporada 2013. A montanha estampou os principais noticiários do mundo por causa do atentado terrorista cometido pelo grupo Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP), vinculado ao Al-Qaeda. Os terroristas invadiram em plena noite as barracas dos alpinistas que estavam no acampamento base e assassinaram a tiros. No total houve 11 vítimas fatais procedentes da China, Ucrania, Eslovaquia, Nepal, Lituania e Paquistão.

Como consequência do ataque, ocorrida na vertente Diamir da montanha e que afortunadamente se salvaram muitos alpinistas que estavam nos acampamentos superiores, foram suspensas todas as expedições dessa face da montanha. Somente permaneceram no Nanga Parbat os membros da expedição romena que trabalhavam na vertente rupal e que terminaram fazendo cume no dia 19 de julho.

Os polacos no Gasherbrum 1 e a morte de Artur Hajzer
Duas semanas depois do atentado no Nanga Parbat, foi no Gasherbrum 1 o cenário da tragédia, e neste caso com os alpinistas polacos. Enquanto uma expedição Polonesa estava ocupada procurando corpos de Maciej Berbeka e Tomasz Kowalski, falecidos em março depois de terem escalados a primeira invernal desta montanha, outra equipe experiente formada por Artur Hajzer e Marcin Kaczkan progrediam com o objetivo chegar ao cume do G1 e G2.

A mudança no tempo surpreendeu os dois alpinistas poloneses no último dia de ataque ao cume. Eles voltaram para 7.600 metros em meio a uma nevasca. Nesta seção técnica da montanha, conhecida como o Corredor Japonês, Hajzer Artur sofreu uma queda fatal, enquanto seu parceiro Marcin Kaczkan recebeu ajudas para descer ao Campo 2 por uma expedição russa.

Nova via e morte no Broad Peak
O principal foco de atenção no Broad Peak, onde no dia 16 de julho uma expedição iraniana deslumbrou o mundo após terem anunciado que abriram uma nova via na face sudeste da montanha, que tem sido certamente, o feito mais importante do ano nos oitomil do Paquistão. Após a chegada ao cume pela nova via, o feito foi rapidamente ofuscado devido as dificuldades que os alpinistas tiveram na descida.

Depois de uma semana tensa em que se realizou uma tentativa de resgate sem sucesso, não foi possível ajudar Aidin Bozorgi, Pouya Keivan e Mojtaba Jarahi, que foram dados como desaparecidos. Em seu blog, o alemão Thomas Laemmle, experiente guia de montanha que participou da operação de resgate, realizou três voos a uma altitude de 5.800 metros e não avistaram nenhum sinal dos alpinistas iranianos, que deveriam estar a uma altitude de 7.500 metros, em um ponto fora da rota normal, após um erro na descida. Imagina-se que os corpos dos três alpinistas possam estar em possíveis dois lugares na montanha: quando foi feita a última chamada do telefone Thuraya ou em outro ponto onde o grupo de resgate, ampliando as fotos, pensam ter visto uma mancha amarela.

Drama espanhol no Gasherbrum 1
Mais uma vez o Gasherbrum 1 fechar suas mandibulas no dia 21 de julho. Naquele dia, os escaladores espanhóis Alfredo Garcia, David Lopez, Xevi Gomes, Alvaro Paredes e Abel Alonso, lançaram o seu ataque ao cume do Hidden Peak. Os dois primeiros desistiram quando faltavam 100 metros do topo, enquanto que os outros três conseguiram chegar ao cume. Mas, novamente, as coisa deram errado na descida por causa da mudança no tempo.

David Lopez conseguiu chegar ao C1, enquanto Alfredo Garcia refugiou-se no C3 após ficar desorientado enquanto descia e foi forçado a passar a noite ao relento. Nada se sabia de seus três companheiros. Esforços, desde então, tem-se centrado na tentativa de organizar uma equipe de resgate para ajudar a descer Alfredo Garcia e localizar os três alpinistas desaparecidos. David Polo, Arkaitz Mendia, Alex Galiano e o argentino Mariano Galvan subiram ao C2 esperando uma melhora no tempo para poderem atravessar o Corredor Japonês. Finalmente, Mariano Galvan conseguiram chegar ao C3 e resgataram Alfredo Garcia.

Não tiveram tanta sorte com Xevi Gomes, Alvaro Paredes e Alonso Albel que depois de vários dias de tentativas infrutíferas de resgate que contou com o apoio de helicóptero foram dados como mortos na montanha. A posterior escalada de Oscar Cadiach serviu para fazer uma última tentativa de encontrá-los ou, pelo menos, encontrar as respostas para as muitas perguntas que cercam as últimas horas dos três alpinistas desaparecidos.

Uma avalanche leva pai e filho no K2
Quando parecia que a temporada estava acabando, o K2 levantou a sua voz. Coincidindo com o abandono de diversas expedição a tentativa de cume, por causa das condições perigosas, mais uma vez a tragédia se voltava a uma das montanhas mais perigosas do mundo. Neste caso, as vítimas eram dois alpinistas neozelandeses, pai e filho.

O experiente guia Marty Schmidt e seu filho Denali Schmidt desafiaram as condições do tempo e decidiram seguir adiante, passando do C2 (6.600m) onde os outros alpinistas haviam decido parar, e tentaram chegar ao C3. Segundo parece, os dois neozelandeses conseguiram chegar ao C3, mas nada mais se soube deles. Posteriormente, dois Sherpas subiram ao C3 e descobriram que este campo de altitude havia sido varrido por uma avalanche, supostamente ocorrida durante a noite onde os Schmidt descansavam em sua barraca.