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Meninas precisam de mais coragem para prosperar e ter sucesso
 
texto: Masha Gordon
tradução: Eduardo Costa
fonte: Huffington Post
6 de abril de 2016 - 18:10
 


Masha Gordon é mãe de dois filhos, Freya (8) e Theo (6). Ela quer inspirar outras mulheres a assumirem desafios que eram inimagináveis.

 

Fui expulsa da Educação Física na escola. Eu odiava correr (não podia correr 5km sem perder o fôlego aos meus 30 e poucos anos), tinha pavor de andar de bicicleta e detestava esportes de resistência. Agora com 42 anos, estou em curso para completar o Explorers’ Grand Slam (Um desafio de aventura para se alcançar os Polos Norte e Sul e todos os Sete Cumes) dentro de oito meses e me tornar a mais rápida mulher no mundo a fazer isto.

O último desafio desta aventura envolve escalar os picos mais altos do mundo em cada um dos sete continentes bem como um trekking para os Polos Norte e Sul. Em abril, entrarei para a etapa mais ambiciosa da minha jornada uma vez que pretendo escalar o Everest e caminhar até o Polo Norte em apenas seis semanas.

Até o final da minha jornada, terei colocado a prova minha resistência física e resiliência mental. Vou passar mais de 100 dias em uma barraca e três semanas em um trekking de esquis para os Polos Norte e Sul numa temperatura de -40ºC. Irei me expor a “zona da morte” – numa altitude acima de 8.000m onde não há oxigênio suficiente para o ser humano respirar.

Como uma jovem mulher, teria sido inconcebível imaginar que um dia eu escalaria o Everest – muito menos completar o último grau do desafio Explorers’ Grand Slam em menos de oito meses. Apenas meia dúzia de mulheres já conseguiram completar essa façanha – e apenas uma fez isso em menos de um ano.

Minha paixão pelo montanhismo começou quando uma amiga me convidou para juntar-me a ela em uma escalada durante uma viagem a França enquanto eu estava de licença maternidade. Foi amor à primeira vista – um esporte que trabalhava tanto o mental quanto o físico.

Para alguém que tinha passado sua vida atrás de uma mesa como uma gestora de fundos de investimento, escalar me ajudou a desintoxicar-me do meu dia-a-dia. Comecei extremamente insegura de minhas habilidades, mas recebi bons conselhos de alguém que treinou atletas mulheres: foco em objetivos intermediários, e não no grande prêmio.

Agora que tenho uma filha de oito anos de idade (e um filho de seis anos), percebo o quão importante é assentar esses pequenos tijolos e abordar os riscos e desafios na juventude - particularmente em meninas.

Não defendo uma criação dura. No entanto, não acredito que crianças pequenas saibam o que é melhor para elas. É importante ouvir e ter empatia. Além disso, é igualmente importante dar aos nossos filhos as qualidades e habilidades que eles precisam para prosperar na vida.

De acordo com o Jornal de Psicologia Pediátrica dos EUA, os pais são quatro vezes mais propensos a dizer as meninas para "terem mais cuidado" do que aos rapazes. Aqui no Reino Unido nós enfrentamos uma crise específica de confiança nas meninas. A pesquisa mostrou que as adolescentes têm muito menos autoconfiança do que os rapazes, e a diferença aqui é maior do que na maioria dos outros países. Sem apoio, meninas com idades entre 13 e 15 anos ficam significativamente atrás dos rapazes na sua capacidade de enfrentar com êxito os desafios.

É hora de pararmos de superproteger nossas filhas e começarmos a dar a ela as habilidades e confiança – a coragem - para ajudá-las a prosperar e ter sucesso.

Eu espero que minha tentativa de recorde possa ajudar a inspirar meninas para em particular se envolver em caminhadas em montanhas, montanhismo e escalada e aumentar a sua autoestima. Você não precisa ser incrivelmente talentoso para se tornar realmente bom em alguma coisa, você só precisa encontrar a sua disciplina, ser apaixonado e investir muitas horas de trabalho honesto. Estar ao ar livre ensina as crianças a assumir a responsabilidade, ser criativo e resolver problemas.

Também é importante ter grandes modelos do sexo feminino. É um fato triste que mulheres que são exploradoras sejam julgadas de forma diferente. A sociedade ainda assume que uma mãe é o único cuidador e provedor para uma criança. Extraordinariamente corajosa e extremamente talentosa Alison Hargreaves vem à mente. Ela foi a primeira mulher a atingir o cume do Everest sem oxigênio suplementar e sem apoio de Sherpas e então passou a usar sua aclimatação para fazer uma tentativa no K2, a montanha mais mortal do mundo.

Infelizmente, após o ataque solo ao cume, Alison não concluiu a descida. Ela morreu na montanha. Os críticos fizeram a festa chamando-a de irresponsável e egoísta, apontando que ela não deveria ter deixado os seus filhos de 4 e 6 anos de idade. No entanto, eram feitas as mesmas perguntas publicamente a respeito de Mallory ou inúmeros outros homens corajosos que eram pais e encontraram seu último descanso nas encostas do Himalaia?

A verdade é que Alison não poderia ter vivido de outra maneira. Ela era uma alpinista, uma aventureira com metas ambiciosas. Ela foi notável.

Meu marido e eu temos encorajado ativamente nossa filha a crescer amando velocidade e aventura, saboreando e experimentando o desconhecido.

Então vamos incentivar nossas meninas a tirar estes elementos de dentro delas - há vários grupos de caminhada, escalada, trilha a serem explorados. Incentive-as a gastar longos dias num ambiente que elevem seus espíritos. Em pouco tempo, elas estarão escalando seu próprio Everest.

Masha Gordon

 
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