27.09.2017 - 13:10
Acabou
O que parecia inatingível foi se tornando realidade. Acampar, subir e descer montanhas, tomar água de rios, ficar dias sem banho, tudo isso se torna rotina dentro de no máximo 15 dias.
E que delicia de rotina. Olhando de fora não parece, mas tudo isso que eu descobri acima virou um sinônimo claro de "liberdade" no sentido mais amplo que existe.
Tinha que acordar, arrumar minhas coisas, pendurar tudo nas costas e sair andando até quando resolvesse acampar novamente.
Durante o dia as preocupações eram não ficar sem água e olhar a vista maravilhosa que sempre estava bem na minha frente.
Os desafios eram uma forma de sentir que não há nada impossível, e a cada dia o sonho da chegada estava algumas milhas mais próximo.
Não encontrei absolutamente nenhuma pessoa desagradável ou de mal humor pela frente. E quando meu coração já estava literalmente disparado o terminal que marca o final da trilha se materializou na minha frente.
Foi muito emocionante! Ri, chorei, agradeci à Deus por ter me levado até lá sã e salva, e na minha cabeça passou um filme de tudo que venci pra chegar até lá.
Centenas de fotos depois, e abraços em quem chegou junto comigo chegou a hora de ir embora.
Acordei, dei uma última olhada pro tão sonhado terminal e fui fazendo o caminho de volta pra civilização. No carro que levou eu e mais 2 hikers até Seattle o silêncio era quase que constante.
A mistura de emoções não era só um sentimento meu. Atingiu todos que estavam ali, cada um pensando em como dar o próximo passo para voltar pra "vida real".
Mas então o que vivemos em todos esses dias não era real?
Real é apenas ter um trabalho, enfrentar trânsito, se preocupar com a violência, com contas e com a roupa que vamos usar?
Tudo isso chegou de volta na minha vida com um efeito devastador. E de repente você percebe que algo está muito errado.
A vontade de dormir não existe, afinal não subi nenhuma montanha hoje. Os barulhos por menor que sejam incomodam muito! Tentei me animar e comparecer à uma festa de aniversário de um amigo.
Desastre total. Dirigir foi pior do que meu primeiro dia na marginal aos 18 anos de idade. Os sapatos apertavam os pés, a festa era muito barulhenta, e logo voltei pro meu quarto.
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Rose Eidman em seu habitat natural |
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Desde então um vazio imenso foi se apoderando de tudo. A vontade de dormir aumentou, e junto a vontade de ficar sozinha e em silêncio.
As fotos da trilha trazem lágrimas nos olhos, e as lembranças daqueles dias não saem nem por um minuto da minha cabeça.
Tudo perdeu o colorido e ficou cinza, sem graça, e sem propósito.
Sinto falta da paz e energia que só a natureza é capaz de me dar. Sinto falta de meus amigos da trilha, da comida sem graça de todos os dias, e das risadas com ou sem motivo! Sinto falta do vento, do sol, e da enorme verdade que existe lá dentro.
Todos os hikers vindo de trilhas de longa distância passam por isso; em maior ou menor intensidade.
Muitos precisam de acompanhamento médico por um período e muitos se tornam totalmente deprimidos e sem vontade de fazer nada que não seja planejar a próxima trilha.
Não vou me excluir de nada disso. Tudo está muito difícil, e apenas a certeza de que posso superar muitos desafios gigantes está me dando forças pra superar mais esse.
Não foi fácil andar do Mexico até o Canadá, mas aterrissar em São Paulo está sendo muito mais difícil!
Rose Eidman
18.07.2017 - 23:57
Podcast 194 - Fim
Chega ao fim a série de podcast sobre a Pacific Crest Trail, onde Rose Eidman completou os 4.286 km e se tornou a segunda brasileira a completar a trilha.
Neste podcast ela fala sobre o trecho final do estado de Oregon, a ponte Bridget of the Gods, que aparece no filme Wild (Livre), que é o início do último estado a ser percorrido pela PCT, Washington. Falou também sobre o final da trilha, no Terminal. Ouça o podcast e deixe o seu comentário!
10.07.2017 - 18:00
Podcast 187
Rose Eidman fala da dura temporada da Pacific Crest Trail em 2017 e exemplifica as dificuldades da trilha para os desafios que enfrentamos no dia a dia. Ouça e comente!
20.06.2017 - 06:50
Ano perigoso na Pacific Crest Trail
A crescente popularidade da PCT, ocasionado principalmente pelo livro e filme Wild (Livre, em português), da jornalista Cheryl Strayed, e também a grande quantidade de neve na trilha este ano, está preocupando as autoridades. Chamadas de emergências estão se tornando diárias.
A temporada da PCT começou há dois meses e os thru-hikers estão relatando experiências de quase morte.
Jack Haskel, porta-voz da Pacific Crest Trail Association, relata que “a cada semana, se não todos os dias”, tem recebido telefonemas com histórias envolvendo avalanches, quedas em ladeiras escorregadias, quedas em riachos. “Houve um incidente muito grave em que um hiker caiu e perfurou um pulmão”, diz ele.
Cruzando trecho de neve no Forester Pass. Foto: Junaid Dawud |
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Rose Eidman
A brasileira Rose Eidman está de volta a PCT para concluir a trilha que começou em 2016, mesmo sabendo dos perigos deste ano. Rose terminou o trecho da Califórnia e agora entrou no estado de Oregon, e confidenciou ao Extremos:
“Eu passei partes super complicadas! Com bastante neve e rios! Mas os piores lugares estão chegando! No estado de Washington, o último a ser percorrido, parece que este inverno vai emendar com o próximo. Loucura total! Não vou embora porque adoro essa trilha! Mas são 38ºC de dia e -5ºC à noite, com rios até a cintura para atravessar e com muita correnteza.”
disse Rose Eidman, já se aprontando para dormir na trilha da PCT
Outros relatos
Funcionários do parque nacional Sequoia and Kings Canyon tem relatado a Haskel sobre várias evacuações médicas por helicóptero. Um deles envolveu um hiker que caiu perto do Forester Pass, ponto mais alto da trilha, a 4.000 metros de altitude. No início de junho, Haskel emitiu uma mensagem sem rodeios em uma página com 16.000 membros no Facebook para os caminhantes da PCT:
“Eu estou preocupado que alguém vai morrer. Não é brincadeira. Você tem a aptidão e habilidades para fazer este tipo de trilha com segurança?”
Jack Haskel, porta-voz da Pacific Crest Trail Association
Os thru-hikers da PCT geralmente fazem a trilha no sentido de Sul para Norte, começando em Campo, na Califórnia, perto da fronteira com o México no final de abril ou início de maio. Isto significa que os primeiros hikers já estão passando pelo extremo sul da Sierra Nevada, onde a queda de neve no inverno, em determinados pontos de alta altitude, atingiram níveis recordes: a camada de neve na Sierra é a mais profunda desde 2011 , de acordo com Departamento de Recursos Hídricos da Califórnia.
Estas condições trouxeram à tona o lado desagradável e imprevisível do PCT. Os trechos da trilha na Sierra Nevada que já estariam livre de neve nesta época do ano, e muito mais fácil para caminhar, este ano ainda acumula muita neve e em alguns trechos hikers tem relatado que ao caminhar na neve, nas encostas da montanha, o bloco de neve tem cedido e provocado pequenas avalanches de neve e rochas.
Perto do final de maio, um hiker australiano cujo apelido de trilha é “Thor” foi varrido durante a tentativa de passagem na Bear Creek perto Selden em High Sierra. Ele caiu e rolou na água antes de nadar para a margem, de acordo com um vídeo postado pelo hiker Daniel Winsor em sua página “Professional Vagrant”.
Após mil milhas (1.600 km) na sua caminhada de longa distância, Marcus Mazzaferri caiu no riacho em Yosemite, após pisar em uma pedra solta, foi arrastado na corrente, e perdeu sua mochila na água. “Ele estava fora de si sem nenhum equipamento e passou uma noite ao ar livre”, diz Haskel. “Ele estava seguindo suas pegadas de volta para a estrada mais próxima. É uma história profundamente preocupante.” Em uma conta no Facebook, Mazzaferri descreveu que foi uma noite com temperatura congelante e passou a noite correndo em círculos e fazendo polichinelos para não congelar. Ele foi socorrido ao chegar na estrada em sua caminhada de volta. “Estou realmente feliz e grato por estar vivo”, escreveu ele.
Pode não ser um problema tão grande se não houvesse tantas pessoas na trilha. No início de 1990, apenas 30 ou mais pessoas completavam a rota a cada ano. Compare isso com o ano passado, quando a Pacific Crest Trail Association emitiru 3.164 licenças de longa distância. Cerca de 700 terminaram a trilha. O PCTA não vai liberar o número de atuais thru-hikers até o final deste ano “mas eu diria que os números são muito semelhantes aos do ano passado”, diz Haskel.
Alguns thru-hikers têm tentado uma abordagem de “flip-flop”, o que significa dividir a trilha em pedaços estratégicos ao invés de fazer a caminhada contínua. Flip-flop não foi opção para Brandon Toftner, um eletricista de 28 anos de idade, de Columbus, Ohio, que se propôs a percorrer a PCT de Sul a Norte, não importa o que houvesse pela frente. No final de maio, ele estava fazendo o seu caminho lento até um cume íngreme perto Cottonwood Pass. Os grampons não ajudaram. Um pequeno deslize o lançou 30 metros pela encosta íngrime. Brandon conseguiu frear a queda com sua piqueta de neve, a uns meros 3 metros das árvores. “Isso me assustou”, disse ele. “Eu teria morrido ou teria cerca de mil ossos quebrados.”
Brandon Toftner, mesmo sendo um experiente militar da Marinha dos Estados Unidos (de 2008 a 2012), resolveu abandonar a trilha e foi tentar a uma melhor sorte nas trilhas do Denali National Park.
26.09.2016 - 14:45
Podcast #6
Rose Eidman em 101 dias de trekking completou 2.136 km percorridos na PCT. Neste podcast falamos muito sobre o trecho da PCT que passa na John Muir Trail, também falamos muito sobre o minimalismo no trekking. Imperdível, ouça e comente!
26.08.2016 - 14:45
Podcast #5
Rose Eidman está de volta a trilha e agora soma 81 dias e 1.600 km percorridos na PCT. Falamos sobre trekking ultraleve, equipamentos, roteiro, lavanderia, John Muir Trail (JMT) e muito mais. Ouça e comente!
Para quem tiver interesse em percorrer a PCT, entre em contato com a Rose Eidman que ela está oferecendo este trabalho de assessoria.
14.07.2016 - 09:50
Ela vai continuar
Rose Eidman já tem data para embarcar novamente para a PCT, dia 10 de agosto. Ela irá continuar a trilha no quilômetro 1.200, ponto onde ela havia parado. Mas como a temporada já avançou muito, agora fica impossível concluir todo o percurso da PCT neste ano, pois Outono logo chegará, o que a impede de continuar. A ideia é agora em 2016 finalizar o estado da California e em 2017 percorrer o último trecho, nos estados de Oregon e Washington, até um pouco além da fronteira do Canadá. Boa sorte e bom retorno a PCT.
“Tenho que dividir com vocês essa notícia tão boa... no início de agosto vou continuar a percorrer a trilhada Pacific Crest Trail. Não vai ser possível chegar nesse ano no Canada, porque as condições climáticas não permitem, mas com certeza no ano que vem estarei bem mais perto do final.
Muito obrigada a todos vocês que tenho certeza torceram pra que eu me recuperasse e pudesse retomar meu desafio. OBRIGADA pelo incentivo, pela força e pela companhia... e preparem-se.... Daqui a pouco tem mais PCT pela frente , dessa vez sem desertos... Só montanhas, lagos e rios lindos!”
Rose Eidman
20.06.2016 - 19:55
Podcast #4
Rose Eidman falou sobre o seu abandono temporário da PCT. Ela falou também sobre o que fará com as caixas, quando deve retornar para a trilha e sobre o seu tênis. A foto da capa deste podcast é exatamente onde a Cheryl Strayed do filme e livro Livre (Wild) começou a sua trilha, na milha 500. Ouça e comente!
20.05.2016 - 15:22
Podcast #3
Rose Eidman já caminhou 900 km em 47 dias de trekking na PCT. Neste podcast falamos sobre caronas, as caixas, os pés, banheiros, aniversário na trilha e muito mais. Ouça e comente!
02.05.2016 - 09:58
Obrigado pelas mensagens
28.04.2016 - 13:30
De volta a trilha
Depois de dez dias de repouso devido a infecção urinária e após se medicar, Rose Eidman já está de volta a trilha da PCT. Boa sorte a ela.
Finalmente, de volta a trilha. |
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19.04.2016 - 18:50
Podcast #2 - Infecção
Rose Eidman já percorreu 260 km em seus 13 dias de PCT. Ela contraiu uma infecção urinária e no momento está em uma pequena cidade próximo da trilha. Ouça o Podcast.
03.04.2016 - 15:40
Começou
Assista o vídeo com o recado da Rose Eidman.
02.04.2016 - 07:15
Vai começar
Amanhã Rose Eidman começa a sua jornada pela Pacific Crest Trail, serão 4.286 km. Ela usou estes últimos dias para comprar os equipamentos que faltavam, fez algumas caminhadas de treinamento pela região e hoje se deslocará para Campo, onde começa o seu trekking. Leia o recado que ela enviou ontem.
“Começa amanhã! Domingo, dia 3 ! Obrigada a todos pelas palavras de carinho e força! Tenho pouca internet mas li cada mensagem muito emocionada.Vocês são o máximo!”
Rose Eidman
28.03.2016 - 15:10
Na espera
Rose Eidman já está nos Estados Unidos, em Sierra Roble, apenas a 117 km do início da Pacific Crest Trail. Dia 3 de abril ela se deslocará para Campo, onde iniciará a sua jornada de 4.286 km. Boa sorte a ela!
24.03.2016 - 00:20
Pacific Crest Trail
A brasileira Rose Eidman, 51 anos, vai caminhar sozinha toda a extensão da PCT, os 4.286 km. Ela pretende completar essa jornada em pouco mais 5 meses.
A partir do dia 3 de abril ela inicia a sua jornada e você acompanhará por aqui através de fotos, vídeos, artigos e Podcasts.
“O que eu posso dizer com certeza sobre as trilhas é que elas começam em nossa cabeça muito antes do primeiro passo... E quando terminamos de andar permacem pra sempre em nosso coração.”
Rose Eidman
24.03.2016 - 10:23
Tríplice Coroa
Fomos apurar as informações e descobrimos que brasileira Elaine Bissonho, de 43 anos, (com o apelido de trilha: Brazil Nut) fez a Pacific Crest Trail (4.286 km) em 2010, a Apallacion Trail (3.500 km) em 2011, e a Continental Divide Trail (4.989 km) em 2012, completando assim a tríplice coroa da ALDHA (American Long Distance Hiking Association).
Parabéns a Elaine Bissonho pelo grande feito e obrigado ao Antonio Arias pela dica.
Elaine Bissonho (a Brazil Nut) durante a travessia da Continental Divice Trail (CDT) em 2012. Foto: JetPack |
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