Cenário de filme
da redação : Elias Luiz
19 de abril de 2012 - 10:20
 
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  • Matias Cardoso
    Matias Cardoso Foto: Andr� Fossati
  • Pirapora
    Pirapora" Foto: Andr� Fossati
  • Januaria
    Januaria Foto: Andr� Fossati
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    Buritizeiro Foto: Andr� Fossati
  • Andrequic�
    Andrequic� Foto: Andr� Fossati
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Matias Cardoso Foto: Gilberto Oliveira

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Um rio que nasce no meio da serra e desce lento pelos mais incríveis cenários brasileiros. Veredas, florestas nativas e vilarejos históricos. Essas e outras paisagens encontradas no vale do rio São Francisco são o pano fundo do projeto Cinema no Rio, que desde 2004 percorre o rio da integração nacional com o objetivo de democratizar o acesso à cultura exibindo filmes para as comunidades ribeirinhas.

Esse ano o projeto completa sete anos de difusão da sétima arte. Para comemorar a data, a equipe parte para mais uma expedição no dia 20 de abril. Dessa vez, o Cinema no Rio vai percorrer 13 cidades no estado de Minas Gerais.

O projeto comemora também os 510 anos do Velho Chico, esse caudaloso rio habitado por indígenas e anteriormente conhecido como opará, algo como “rio-mar”. Ele foi descoberto por Américo Vespúcio no dia 4 de outubro de 1501, dia de São Francisco. Desde então, fez parte de importantes momentos históricos do país.

Assim, o Cinema no Rio realiza uma série de atividades com o objetivo de promover o intercâmbio com as comunidades que vivem às margens do rio São Francisco. “Levamos o cinema a locais desprovidos de espaços de exibição, oferecendo cultura, arte e entretenimento à população com acesso restrito a esses bens. Nossa idéia é valorizar e resgatar a cultura local“, afirma o diretor da CineAr Produções e responsável pela execução do projeto, Inácio Neves.

A principal atividade é a exibição gratuita de filmes nacionais. Esse ano, o projeto conta com oito curtas e seis longas-metragens, entre eles os recentes O Palhaço, com direção de Selton Mello, e Hotxuá, com direção de Letícia Sabatella e Gringo Cardia. O premiado Girimunho, com direção de Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr, também faz parte da lista. Depois de ser exibido em festivais nacionais e internacionais, o filme finalmente será mostrado à cidade de São Romão, aonde foi gravado. “O Girimunho nasceu no projeto Cinema no Rio e agora vai ser visto pelos habitantes que me ajudaram a produzi-lo. É o local onde eu mais tenho vontade de passar o filme”, conta Helvécio Marins Jr, diretor do longa.

Outra atividade importante é a produção e veiculação de um documentário local sobre a cidade e seus habitantes. “Nos outros anos a população era mostrada nos filmes. Dessa vez ela vai fazer parte da própria produção desse curta-metragem”, adianta Inácio.

As comunidades ainda ganham conhecimento com a oficina de fotografia, direcionada a crianças de 12 a 16 anos. Os oficineiros vão conversar sobre o assunto, ensinar as regras básicas e deixar eles saírem pela cidade fotografando tudo que for interessante. “É o olhar deles sobre o espaço em que vivem”, explica Inácio. Cada participante também será fotografado. O material será então editado e exibido na telona antes dos filmes.

Desde que foi criado, o projeto passou por diversas cidades de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Com as sessões gratuitas dos filmes o Cinema no Rio já reuniu, ao longo de seis edições, público superior a 200 mil participantes.

E apesar de cada película contar com um cenário particular, as belas paisagens do rio São Francisco são os verdadeiros panos de fundo do projeto. Os barqueiros que saem pela manhã em busca de peixes, as mulheres que lavam suas roupas com as águas verdes do Velho Chico, o vapor Benjamin Guimarães que dá o ar da graça em Pirapora.