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Afinal, quem foi o primeiro brasileiro a chegar ao topo do Everest?
Por acaso, o aventureiro Julio Fiadi descobriu algo que mudaria a história do montanhismo brasileiro. Ou não!
 
Publicado em 29/05/2010 - 10h10 - da redação - Atualizado 03/06/2010 - 13h30
Fonte: Ivan Padilla
 
 
Qual destas duas linhas do tempo devemos utilizar para escrever a história do montanhismo brasileiro? Pois por enquanto nós vivenciamos isso, mas daqui 100 anos será história para os nossos netos. DEIXE SUA OPINIÃO NO MURAL ABAIXO.
 
 
 
 
Sobre a Cleo Weidlich - Ela nasceu em Manaus, mas mudou para os Estados Unidos muito nova, onde construiu toda sua história no montanhismo. Nos noticiários internacionias ela aparece como americana. Somente depois que o Portal Extremos alertou sobre suas origens, alguns sites especilizados tem colocado a sua dupla cidadania.
 
 
 
Sobre o Michel Vincent - Aventureiro nas horas vagas, o empresário paulista Julio Fiadi empreendeu no ano 2002 uma viagem ao Pólo Norte. Em uma das etapas da expedição, em Khatanga, no norte da Sibéria, conheceu um outro brasileiro. Filho de franceses, Michel Marie Vincent nasceu em Areal, na região serrana do Rio de Janeiro. Viveu até os três anos no Brasil, quando se mudou com os pais para a França. Durante a conversa, Vincent, um guia de alpinismo profissional, contou detalhes de sua escalada ao Everest, a montanha mais alta do mundo, com 8.848 metros.

- Quando foi isso, Vincent? - perguntou Fiadi.

- No dia 7 de outubro de 1992 - foi a resposta.

- Você tem provas?

- Claro. Além de testemunhas, tenho fotos. Por quê, você está duvidando? - retrucou Vincent.






- Não, claro que não. É que, sem saber, você foi o primeiro brasileiro a escalar o Everest.
⎯⎯   Julio Fiadi

O episódio é narrado por Julio Fiadi em seu livro "Rumo aos Pólos", e representa uma revelação no alpinismo nacional. Até então, tinha-se como certo que os primeiros brasileiros a pisar no topo do mundo haviam sido o carioca Mozart Catão e o paranaense Waldemar Niclevicz, no dia 14 de maio de 1995. Depois da conquista, os dois ex-parceiros passaram a brigar pela autoria da façanha. Catão morreu numa avalanche no Aconcágua, na Argentina, em 1998. A revelação do feito de Michel Vincent corrige a história.

A conquista brasileira do Everest foi confirmada a ÉPOCA, por e-mail, por Joss Lynan, presidente da Union Internationale des Associations D'Alpinisme (UIAA) - a Fifa do montanhismo. A responsável pela documentação das proezas na montanha é Elizabeth Hawley, uma octogenária jornalista britânica. Em Kathmandu, capital do Nepal, ela entrevista cada alpinista que passa por lá, na ida e na volta. Depois, encaminha os relatórios à entidade. Nos documentos da UIAA, Vincent está registrado apenas como francês. Por isso, o recorde permaneceu inédito até agora. "Fiquei surpreso ao saber, mas muito feliz", afirmou Vincent, hoje com 60 anos, em inglês - ele não fala português. "Como o alpinismo é muito praticado na França, nunca imaginei que poderia ser um pioneiro." Vincent aprendeu a escalar nos Alpes franceses. Em 1974, venceu a primeira de uma série de montanhas com mais de sete mil metros, o monte Lênin, no atual Tadjiquistão. Antes de tentar a conquista do Everest, ele esteve três vezes na cordilheira do Himalaia, onde escalou montanhas com mais de oito mil metros, como o Cho Oyu, o Gasherbrum II e o Shisha Pangma. A experiência foi fundamental. Nas fronteiras escarpadas entre o Nepal e o Tibet, aprendeu a suportar o desconforto causado pelo ar rarefeito e frio intenso das grandes altitudes. "Depois de superar esses desafios me senti forte para enfrentar a maior montanha do mundo", conta o franco-brasileiro.

No outono do hemisfério norte de 1992, Vincent desembarcou no Nepal. Além de tentar superar um desafio pessoal, tinha a responsabilidade de guiar um grupo de nove pessoas. As condições climáticas naquele ano não estavam favoráveis. Tempestades de neve varriam a cordilheira. Com a expedição, Vincent arriscou dois ataques ao cume. Não conseguiu. De volta ao acampamento, deixou os clientes em segurança. Sem a companhia dos sherpas contratados para carregar equipamentos, resolveu fazer uma última tentativa. Desta vez, alcançou o teto do planeta.

"Em escaladas de alto nível o mais arriscado não é subir, mas descer. A cada passo dado é preciso olhar para trás e verificar se é possível retornar", explica o alpinista. "Na descida as passadas devem ser mais cuidadosas, o risco de vertigem é maior. Muitas fatalidades ocorrem quando as pessoas gastam energia para chegar ao cume e se esquecem da volta." A conquista não alterou a rotina do aventureiro. Ele nunca se preocupou em alardear o feito. Não distribuiu fotos tiradas no topo do mundo, nem escreveu livros sobre a conquista.

Vincent trabalha como guia profissional de montanhismo há duas décadas. Passa a maior parte do ano em Chamonix, nos Alpes franceses, ao pé do Mont Blanc, a montanha mais alta da Europa. A cidade abriga o Clube Alpino Francês, uma das associações de alpinismo mais antigas do mundo, fundada em 1874. Ele também organiza com regularidade excursões ao Himalaia e aos Andes. Na volta de expedições à Bolívia, esteve três vezes no Brasil, mas sempre de passagem. Entre os companheiros, é conhecido pela expansividade, coragem e companheirismo.

Na viagem ao Pólo Norte, Julio Fiadi testemunhou um episódio marcante. Durante uma caminhada sobre uma calota polar, um dos integrantes do grupo, o espanhol Salvador Isern, escorregou e levou um tombo. Com a queda, a crosta de gelo se rompeu e ele afundou as pernas nas águas gélidas do mar. Depois de ajudar no resgate, Vincent emprestou as próprias botas ao amigo. "Ele ainda avisou: 'Essas botas estão secas e vão ajudar na circulação sanguínea, impedindo que seus pés congelem, mas você não pode parar de se mexer'" , contou Fiadi. "Depois, calçou um par de botas finas, usadas para a prática do esqui, e levou o trenó de Salvador por toda a viagem. Foi um grande ato de bravura."

Vincent é brasileiro quase por acaso. Seus pais imigraram para o Brasil para trabalhar como atores de teatro, mas fizeram de tudo um pouco. Depois de passar por Petrópolis e Teresópolis, estabeleceram-se em Areal, onde o pai trabalhou na construção de barragens.

 
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