Rumo a um novo desafio!
da redação, Waldemar Niclevicz
14 de julho de 2011 - 20:06
 
comentários  
 
ABROLHOS - Apareço no alto do Abrolhos (1.200m), um dos picos mais lindos do Grupo do Marumbi, no último domingo, após escalar a “Bandeirantes” (150m, IV) com o Aruã (14 anos!), meu querido afilhado! Foto de Aruã.
 

A região é um paraíso, declarada Patrimônio Natural da Humanidade, em 2009, mas é um lugar ainda mais especial para os alpinistas. Reúne mais de um século e meio de épicas escaladas, ali foram superados os primeiros lances de “quinto” e de “sexto”, e, como se fosse pouco, também os primeiros “sétimos” e “oitavos”.

Os pioneiros em enfrentar uma infinidade de paredes e torres de centenas de metros (os desafiadores “campanilles”), tornaram-se eternos na história do alpinismo. Tita Piaz, Comici, Cassin, Maestri, Dibona, Solleder, Paul Press, Hans Dulfer e Vinatzer, são apenas alguns desses homens que viraram uma mistura de mito e lenda, ao deixarem ali suas marcas em vias de escaladas que ainda hoje exigem muita perícia e coragem dos escaladores mais ousados.

 
BOULDER - Apareço superando o “boulder” no 5º esticão da “Caroço da Esfinge” (280m, VIsup, A1), uma das minhas vias preferidas no Marumbi. Típica “via de aventura”, envolve aderência, chaminé, diedro e um belo teto, uma “clássica” para se repetir sempre, nos últimos trinta dias fiz três vezes. Foto de Alexandre “Speed”.
   
 
CRISTAL NEGRO - Apareço no Paredão Preto do Abrolhos, logo após superar o lance mais difícil da “Cristal Negro” (120m, VIIa), bela via de aderência e lances de equilíbrio nos cristais. Foto de Pedro Hauck.  
   
 
CHUVA - Apareço no final do diedro da “Última Terra de Malboro” (210m, VIIa, A1), outra bela via clássica do Marumbi. Há duas semanas estava na metade da “Fissura Escorpiônica”, no 3º esticão, e começou uma chuva gelada, com muita sorte consegui chegar na parada, já que não quis descer porque o trecho era protegido em móvel, no rapel a chuva diminuiu e consegui recuperar todas as peças sem problema. Foto de Eiki Higaki.  
   

Espero que você já tenha adivinhado de qual lugar eu estou falando, alguns, sem exagero, dizem que são as montanhas mais lindas do mundo, que agora eu vou poder contemplar de perto em minha próxima expedição, tratam-se das DOLOMITAS, que ficam no norte da Itália, entre as províncias de Trento, Bolzano e Belluno.

O cenário é de fato paradisíaco, amplos vales cobertos de bosques e, nas altitudes superiores, prados onde se alçam os isolados maciços, sendo 14 os principais, todos superando os 3 mil metros de altitude, ente eles os mais conhecidos são: Brenta, Catinaccio, Sella, Sassolungo, Marmolada, Civetta e Lavaredo. No inverno, é um dos lugares do mundo mais procurados para o esqui, e no verão (julho e agosto) pelos escaladores e amantes de caminhadas.

A rocha desses maciços se chama “dolomia”, composta principalmente de um mineral chamado “dolomita”, sua particularidade é ter uma forte concentração de magnésio. Geralmente o calcário (calcário calcítico), é formado por mais de 30% de “calcita” (carbonato de cálcio), mas quando a calcita é parcialmente substituída pela “dolomita” (carbonato de cálcio + magnésio) passa a ser chamado de “calcário dolomítico”. A rocha deve o seu nome ao geólogo francês Déodat de Dolomieu, que em 1791 observou a sua presença nas montanhas do norte da Itália.

Nas Dolomitas é possível encontrar vias com mais de mil metros de desnível, bem como vias curtas de alta dificuldade equipadas com chapeletas. As “vias clássicas” possuem centenas de metros, com suas paradas geralmente equipadas, mas com poucos grampos nos esticões, exigindo, portanto, o uso de equipamento móvel para melhorar a proteção. Muitas dessas vias foram conquistadas há mais de um século, com recursos limitados, e até hoje continuam mantendo o seu caráter de aventura, sendo esse tipo de via o meu maior objetivo da viagem, que início no dia 28 de julho, junto com o Paulo Andriguetto e o Eiki Higaki, companheiros de escalada da Via Aventura.

Estou aproveitando o tempo entre uma palestra e outra, para me dedicar ao máximo às escaladas, especialmente no Marumbi, onde as vias são mais exigentes, e lembram com certeza o caráter de “aventura” que vamos enfrentar nas Dolomitas. Assim aproveito para deixar algumas fotos das minhas recentes atividades nesse lugar que também é um paraíso, mas bem mais tropical, aqui na Serra do Mar do Paraná, que agradeço a Deus por ter como “a minha casa”.

Volto da Itália final de agosto - um mês é de fato pouco para quem quer ter uma boa noção do que representa as Dolomitas – isso porque, felizmente, já tenho várias palestras agendadas para o segundo semestre.

Não esqueça que para mim, 2011 ficará marcado como o ano da escalada do Salto Angel, uma das mais incríveis expedições que já tive o prazer de planejar, organizar e executar, e até patrocinar, graças as empresas que me contratam para as palestras.

Estou sim, planejando outras duas grandes expedições para 2012, então sou obrigado a economizar um bom dinheiro, além, é claro, a trabalhar muito, já que patrocínio infelizmente é algo cada vez mais raro em nosso Brasil.

Mais importante do que trabalhar e ganhar dinheiro, é continuar acreditando em nossos sonhos! Seja responsável, trabalhe duro, mas sempre reserve um tempo para ampliar o seu horizonte, conhecer novas pessoas e lugares, afinal, A VIDA É UMA SÓ!

Boas escaladas, seja lá qual forem as “montanhas” da sua vida!

Grande abraço,

Waldemar Niclevicz