Extremos
 
Kungsleden - 450 km
A EXPEDIÇÃO DO EXTREMOS EM UMA DAS TRILHAS LONGA DISTÂNCIA MAIS SELVAGEM DA EUROPA
 
 
 
LEGENDA
• OS TRECHOS DA TRILHA: VERMELHO: Norte (Abisko - Kvikkjokk) - AMARELO: Central (Kvikkjokk - Ammarnäs) - AZUL: Sul (Ammarnäs - Hemavan)
• NOME DA CABANA EM CAIXA ALTA: Estação de montanha
• NOME DA CABANA NORMAL: Cabana de montanha
• NOME DA CABANA COM 50% DE BRANCO: Cabana que apenas passamos, mas não dorminos. Exemplo: Ammarnäs
• KVIKKJOKK 12 KM + 3 KM | 5H: Trilha de 12 km. O sinal de + significa a distância da travessia de barco. 5h foi o tempo total da trilha
• ABISKO 14 KM | 4H | 6 | 1º: Os dois últimos números representam o dia "6" do mês de agosto de 2017. 1º, é o primeiro dia de trilha
• TRAÇO BRANCO NA TRILHA: Local da travessia de barco
• CÍRCULO VAZADO: Cabana com loja
• CÍRCULO CHEIO: Cabana sem loja
• CÍRCULO COM PREENCHIMENTO PRETO: Cabana de emergência - gratuito
• CÍRCULO COM PREENCHIMENTO CINZA: Camping que utilizamos
 
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notícias
 

23.01.2019 - 13:00

O livro

  Elias Luiz  

A Kungsleden era um roteiro que certamente não estava no topo da minha wish list. Mas no momento que programei uma viagem de seis meses pela Europa, as opções de uma grande travessia diminuíram significativamente. A ideia era encontrar uma trilha que fosse totalmente diferente do Tour du Mont Blanc, que eu havia percorrido em 2012. Queria um novo projeto que pudesse resultar em uma experiência transformadora como conteúdo para um novo livro. Após muitas pesquisas, a Kungsleden, trilha de 450 km no Norte da Suécia, se mostrou a escolha perfeita.

A escolha das trilhas que faço sempre passam por dois fatores importantes: tem que ser bonita; e que me proporcione novas experiências.

A história de Kungsleden está ligada à Associação Sueca de Turismo (Svenska Turistföreningen ou STF). Esta associação foi formada em 1885 por cientistas em Uppsala, a fim de facilitar o acesso às montanhas suecas. No início do século 19, a associação teve a idéia de criar uma estrada real através das montanhas da Lapônia. A rota proposta era ligar Abisko a Kvikkjokk (o que hoje é a parte Norte da trilha com 195 km). A construção da linha ferroviária de Malmbanan entre Kiruna, na Suécia a Narvik na Noruega, em 1902 deu a este projeto o acesso necessário. O STF comprou três cabines de oficiais das estradas suecas, incluindo uma em Abisko. Com pouco dinheiro para investir, gradualmente transformou a cabana em Abisko em uma estação de turismo. Também construiu chalés: os primeiros sendo os de Abiskojaure e Kebnekaise em 1907. Entre Abisko e Abiskojaure, a trilha seguiu uma antiga rota usada para transportar materiais. Além das casas, a associação trouxe barcos para os lagos entre Abisko e Vakkotavare. Aos poucos a trilha foi ganhando forma, estrutura e quilômetros a mais. Em 1975 foi concluída para o que conhecemos hoje, os 450 km da Kungsledend de Abisko até Hemavan.

 
10º DIA - Vista de Aktse na descida do monte Skierfe. Foto: Elias Luiz
 

Semanas depois de ter decidido pela Kungsleden, como a trilha a ser percorrida no verão boreal de 2017, descobri que nenhum brasileiro havia caminhado ela por completo. É difícil entender o por quê disso? Pode ser pela falta de informações, ou porque ela é composta de 29 estágios, o que levaria mais de 30 dias entre chegar e sair. Pode ser pela sua inóspita localização e por sua natureza selvagem, com 60% da trilha acima do Círculo Polar Ártico, habitat dos ursos, wolverines, linces, alces e renas.

 
7º DIA - Travessia de barco a remo em Teusajaure. Foto: Elias Luiz
 

Fiquei sócio do STF e com isso ganhei descontos nas cabanas ao longo da trilha. Fiz 19 reservas pelo site ao custo de 6.190,00 Seks (coroas suecas) para o trecho Norte e Sul da trilha. Vale salientar que com uma reserva em mãos você tem o direito a um lugar dentro da cabana. Se por acaso quando você chegar e todos os quartos já estiverem ocupados, você irá dormir em um colchão no chão da cozinha, mas isso dificilmente acontece. A parte boa é que sua reserva vale para duas semanas antes e além da data que você estipulou.

         
Trem de Estocolmo para Abisko, 1.300 km. 4º DIA - Atravessando mais um passo na Kungsleden. Fizemos uma parada de descanso no Shelter. 3º DIA - Laura atravessando um pequeno riacho próximo de Tjäktja.
22º DIA - No livro contarei uma história interessante sobre a mudança das cores das folhas dos vidoeiros. 11º DIA - Elias Luiz em Kaitumjaure estudando os próximos trechos da trilha. 2º DIA - Visual do quarto dentro da cabana em Alesjaure.
 

Optei por chegar ao início da trilha de trem, em uma viagem de 1.300 km de Estocolmo até Abisko. Desde o início achei que era a forma mais autêntica para começar uma grande aventura. Chegar de avião, como propôs Laura Sette, a internauta do Extremos que foi escolhida para me acompanhar, era muito cômoda e parecia que eu estaria perdendo parte das experiências que uma grande aventura pode nos proporcionar. Percorrer uma trilha é muito mais do que sair do ponto de início e chegar ao seu fim. A aventura começa no momento em que você descobre e se apaixona pela trilha, nas pesquisas diárias, na aquisição de cada item que será necessário, no estudo dos mapas, nas formas de como você vai chegar e sair da trilha, das travessias de barcos a motor que faríamos e até uma travessia a remo. Nas áreas alagadas da tundra, na travessia de pontes e rios, nas amizades, no clima que pode virar a qualquer momento e tornar tudo mais difícil e perigoso e também no encontro com os animais selvagens. Até mesmo nas partes que são uma verdadeira incógnita, como área Central da Kungsleden. Isso de fato é viver as experiências de uma trilha.

 
20º DIA - Vista externa de um Shelter (cabana de emergência) em Sjnjultje. O uso é gratuito. A 2ª cabana é um estoque de lenha e depósito de lixo. A 3ª cabana (atrás da 2ª) é o banheiro. Foto: Elias Luiz
20º DIA - Vista interna de um Shelter (cabana de emergência). O uso é gratuito. Tem uma lareira e lenha a disposição. Foto: Elias Luiz
20º DIA - Dormindo em um Shelter (cabana de emergência na trilha).
 

O trecho Central era um mistério, não havia cabanas do STF e praticamente não há informações na web sobre esse trecho de 179 km. O STF se nega a dar informações das áreas que não administra. Para percorrê-la iria precisar de equipamentos de camping, como barraca, fogareiro, combustível... itens que aumentam o peso na mochila, mas que também nos dão a liberdade de acamparmos onde desejarmos. Também não tinha certeza se a sinalização da trilha seria tão boa como dizem ser na parte Norte.

 
7º DIA - A beleza nas cores e nos detalhes em Teusajaure. O lugar mais encantador da Kungsleden, não pela foto, mas o lugar como um todo. Foto: Elias Luiz
 

Não saber o que encontraria na parte Central era o ponto alto da travessia. Rumo a aventura e ao desconhecido, rumo a natureza selvagem.

O que mais me encantou nos 450 km da Kungsleden foi exatamente não saber o que iria ver a cada dia. Por ser uma trilha pouco conhecida, apenas 200 pessoas a percorrem por completo ao ano, não há muitas fotos na web sobre ela, o que ajudou a dar esse ar de mistério e descobertas.

     
CHEGANDO - Trem de Estocolmo para Abisko. Parada em Kiruna. | Camiseta, agasalho, calça e meia The North Face. | Foto: Laura Sette 1º DIA - Ponto de Meditação | Laura Sette com camiseta The North Face | Foto: Elias Luiz
14º DIA - A caminho de Aktse. Calça Summit Series da The North Face. | Foto: Laura Sette 21º DIA - Laura preparando o jantar. | Barraca O2 da The North Face. | Foto: Elias Luiz
   

Animais selvagens

A população de urso marrom é estimada em cerca de 3.500 indivíduos na Suécia. Os ursos são muito tímidos e não atacam as pessoas, mas devem ser respeitados e mantidos a uma boa distância. Durante toda a travessia procurei por eles, mas não os encontrei. Mas por várias vezes sentia que estava sendo vigiado. Com certeza eles me viram diversas vezes. Amigos de trilha disseram ter visto um urso um dia antes de um dos locais por onde passamos.

Nas áreas de florestas ao redor de Serve, onde estive no meu 22º dia de trilha, o host (guardião da cabana) me informou que havia 30 ursos na região, mas que ficavam na parte baixa da montanha.

 
A população de urso marrom na Suécia é estimada em cerca de 3.500 indivíduos. Foto: Alessandro Bartolini
 

Há também os linxs, alces, lobos, wolverines, raposa do ártico, javalis, castores. As renas são uma companhia constante durante toda a travessia. São animais dóceis, mas que fogem quando nos aproximamos. Recentemente saiu relatos na mídia de avistamento de raras renas e alces albinos. Mas durante a minha caminhada, avistei mais de 5 renas albinas. Acredito que na região da Kungsleden ela não seja tão rara assim. Acho que esses jornalistas e pesquisadores precisam caminhar um pouco mais.

Pela data que partimos, dia 6 de agosto, havia uma remota possibilidade de ver a Aurora Boreal e as mudanças das cores das folhagens das árvores, com a proximidade do outono. Tive sorte de poder presenciar estes dois incríveis fenômenos da natureza.

Ver as Luzes do Norte, como é conhecida a Aurora Boreal, foi um dos acontecimentos mais marcantes da minha vida. Na fria madrugada de -1ºC do dia 28 de agosto de 2017, fiquei observando e fotografando a dança das luzes durante uma hora. Impossível esquecer ou descrever esse momento.

 
DIA 25 - Aurora Boreal por trás das montanhas Sytertoppen, na última noite na trilha. Despedida em grande estilo! Foto: Elias Luiz
 

Na trilha, dois dias depois puder ver novamente as luzes do norte, e ao termino da travessia voltei a ver em Hemavan.

Se eu pudesse lhe dar um conselho, diria que a melhor data para iniciar a trilha seria entre os dias 20 a 25 de agosto, o que aumentaria as chances e os dias de ver Aurora Boreal durante a trilha. Saindo nesta nada você poderá apreciar a mudança das cores da vegetação ainda mais intensamente. Neste período também diminui um pouco as chuvas, mas no final da caminhada pode ser que o clima esteja um pouco mais frio.

 
8º DIA - Em Vakkotavare com vista ao fundo para as montanhas nevadas de Áhkká (2.015m), a 8ª montanha mais alta da Suécia e conhecida como a Rainha da Lapônia, uma montanha sagrada para o povo Sami.
 

Banheiros

Em todas as cabanas e as vezes no meio da trilha há banheiros, isso ajuda a manter a trilha limpa. O estilo do banheiro é praticamente o mesmo em todos os lugares e não há descarga e incrivelmente não ter o odor de banheiro de rodoviária, é bem tranquilo quanto a isso. O mais interessante foi na Estação de Montanha de Saltoluokta, que tem uma ótima estrutura e com um pouco de criatividade eles criaram os banheiros mais charmosos da Kungsleden.

     
9º DIA - O mais divertido de todos os banheiros. Com gibis a disposição para ler. 9º DIA - Um estilo mais relax, de praia, com várias conchas na prateleira ao fundo.
9º DIA - O estilo desse é do Campo, com lenha e um galho de decoração. 9º DIA - Esse é o verdadeiro "O Trono".
   

Cabanas

O conselho que dou para quem é mais roots, que adora acampar. Intercale alguns dias desta viagem com pernoites nas cabanas. Assim você entenderá um pouco mais da cultura outdoor sueca.

         
13º DIA - Café da manhã na trilha, em Kvikkjokk. Pão típico e um queijo com presunto de rena, em pasta.   22º DIA - Renas pastando na neve. A última rena da fila é albina. Foto: Elias Luiz   2º DIA - Caminhada de 21 km para Alesjaure. Foto: Elias Luiz
21º DIA - Por do sol em Airgert. Foto: Elias Luiz 10º DIA - Rena na trilha durante a caminhada para Aktse. Foto: Elias Luiz 23º DIA - Descansando em Tärnasjön. Foto: Elias Luiz
 

Acampamento

Caso você queira, é possível acampar durante toda a trilha. Se você quiser acampar usando as estruturas das áreas de cabanas do STF, como o banheiro e a cozinha, você pagará em média 100 seks. Se quiser usar a sauna, paga mais 50 seks. Para você ter uma noção de valores, para dormir nas cabanas do STF usando todos os serviços que oferecem, o preço médio é de 310 seks.

Caso você não queira pagar para acampar, é só montar a barraca longe das cabanas do STF, áreas para acampar é o que não falta na trilha.

Optei por mesclar, cabanas e camping, pois na verdade somente em um ponto da trilha eu não tinha opção de cabana. Mesmo assim hoje conhecendo mais o roteiro, conseguiria fazer toda a trilha sem acampar e usando Shelter nestas ocasiões.

Usei a barraca The North Face O2, que pesa apenas 1.090g. Ela é para duas pessoas, mas dormi sozinho.

         
15º DIA - Em Piteälven, meu 1º acampamento na trilha. Barraca The North Face O2. Peso 1.090g. Foto: Elias Luiz 16º DIA - Aproveitando a estrutura de Vuonatjviken para tomar um refrigerante. Foto: Elias Luiz 23º DIA - Aurora Boreal vista da cabana de Serve. Foto: Elias Luiz
4º DIA - Passo Tjäkjpasset (1150m). Foto: Elias Luiz   3º DIA - Amanhecer em Alesjaure. Foto: Elias Luiz   23º DIA - Na cabana de Tärnasjön. Foto: Elias Luiz
 

Sinalização da trilha

Toda a trilha da Kungsleden é muito bem sinalizada. O trecho Norte que é o mais percorrido, é ainda melhor. A sinalização característica da trilha de verão da Kungsleden é uma bola vermelha nas rochas ou uma faixa vermelha nas árvores. Na parte Central da trilha muitas vezes é apenas um totem de pedras como sinalização, sem a tinta vermelha.

É possível percorrer a Kungsleden no inverno, quando toda trilha fica coberta de neve e a travessia é feita com esquis ou raquetes de neve. A marcação da trilha de inverno é um poste de ferro com um X vermelho em seu topo.

A trilha de inverno na maior parte do tempo percorre um caminho próximo a trilha de verão, em alguns pontos elas se distanciam e em outros elas percorrem o mesmo caminho. Quando isso acontece, as vezes eles mantêm as duas marcações, mas na parte Central e Sul, eles mantêm apenas a marcação da trilha de inverno.

         
16º DIA - Sinalização da trilha de Verão da Kungsleden, próximo a Vuonatjviken. Foto: Elias Luiz 20º DIA - Uma sinalização criativa da Kungsleden próximo a Sjnjultje. Foto: Elias Luiz 22º DIA - A sinalização da trilha de Inverno da Kungsleden. Shelter próximo a Aigert. Foto: Elias Luiz
10º DIA - No cume do Monte Skierfe com vista para o Delta Laitaure, em Sarek National Park. Foto: Elias Luiz
 

Mapas

Para os mapas da trilha da Kungsleden optei pela coleção de 6 mapas da OutdoorKartan em escala de 1/75.000. É impresso em papel a prova d'água e toda a trilha da Kungsleden vem demarcada e com a parcial de quilometragem e tempo para cada etapa da trilha.

 
PÓS TRILHA: Alguns dos equipamentos utilizados na Kungsleden. Também é possível ver os 6 mapas. Hemavan Mountain Station, onde fiquei 12 dias, antes de voltar ao Brasil. Foto: Elias Luiz
 

Thru-Hikers

Depois de 25 dias, Elias Luiz e Laura Sette se tornaram os primeiros brasileiros a completar a trilha de 450 km da Kungsleden.

 
   

Planilha

Os valores de cada item na planilha estão em Seks (coroas suecas), o total que aparece na parte inferior direita está convertida em reais. O gasto de 250 Seks diário para comida é uma boa média. Onde não tem valores para comida é porque neste local não há lojas. Por isso o valor no local anterior é maior, pois comprava comida para os próximos dias.

É possível encontrar gás para comprar em diversas lojas ao longo da trilha.

Para quem escolhe dormir nas cabanas, a cozinha já possui gás. Você pode usar a sauna, que lhe oferece uma possibilidade de tomar um banho quente.

Na planilha abaixo, o dia 31 de agosto consta como retorno para Estocolmo, isso seria um planejamento ideal. Mas as minhas passagens de volta ao Brasil estava marcadas para o dia 11 de setembro. Por isso ainda permaneci mais 12 dias em Hemavan, e adorei!

 
 

Como definir a Kungsleden?

A Kungsleden é projeto para quem já percorreu as principais trilhas pelo mundo e quer algo diferente, belo e desafiador. É uma trilha que irá expandir seus horizontes, literalmente. As imensas chapadas que cruzamos, a beleza da vista do cume do monte Skierfe, as florestas e reservas naturais, o contato com a cultura Sami e a cultura sueca irá enriquecer ainda mais a sua vida. Percorrer uma trilha que apenas 200 pessoas completam ao ano, é uma experiência singular.

 

 
Infográfico da Kungsleden. Criação e Arte: Elias Luiz
 

O mais difícil é voltar

Caminhar por uma trilha de 450 km que você pode fazer em até 30 dias é um grande desafio físico e psicológico. É importante se preocupar com o retorno ao cotidiano. Volte ao trabalho, planeje caminhadas matinais para animar o seu dia. Converse com amigos sobre suas aventuras. Escreva sobre ela e se distraia o máximo possível.

Caminhadas de 5 a 10 horas por dia, durante várias semanas seguidas é uma quantidade de esforço físico difícil de replicar na volta a civilização. Quando os caminhantes terminam a trilha, eles também perdem as endorfinas com as quais seu cérebro se acostumou; eles perdem a sensação de companheirismo e de fazer parte de algo maior. Muitos que haviam abandonado o emprego, não tem motivação para voltar. A falta de dinheiro isola ainda mais as pessoas e na maioria das vezes elas entram no que é chamado de “depressão pós trilha”.

Até mesmo para quem não entra em depressão, como foi no meu caso, muitas coisas do dia a dia se tornam banais. Nossa tolerância a tarefas ou conversas frivolas baixam a estaca zero. Se acostumar com a agitação das cidades é algo que vai levar semanas para acontecer. Isso mostra o quão transformadora foi a nossa experiência em meio a natureza selvagem, e o quanto nos adaptamos para viver no mundo moderno.

Percorrer uma trilha de longa distância nos leva as raizes da humanidade, nos faz compreender melhor o real significado da vida e a contemplar as maravilhas de Deus.

 
Por onde andei. Fotos: Elias Luiz
 

É estranho… o asfalto, os carros, o barulho;
É estranho o calor, a cama solitária no quarto e a descarga no banheiro;
É estranho a falta do peso nas costas, de ouvir outras línguas e conhecer pessoas todos os dias;
É estranho não ter uma meta diária que nos faça merecedor de uma refeição e uma boa noite de sono;
É estranho acordar e não caminhar;
É estranho… esse mundo pós trilha é muito estranho!

 
Fim dos 450 km de trilha | Agasalho e Calça Summit Series da The North Face | Foto: Elias Luiz
 

Apoio

Um agradecimento especial a todas as empresas que investiram na 1ª expedição brasileira a percorrer a Kungsleden.

               
               
               
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