NOTÍCIAS
Compartilhe
No meio de uma tempestade de neve e os ventos de 120 quilômetros por hora, uma patrulha conseguiu salvar dois desconhecidos que estavam viajando no gelo continental. Os detalhes do resgate heróico
 
 
Publicado em 30/09/2009 - 15h31 - da redação
Fonte: Clarin
 
 
 
  Chegada dos alpinistas no aeroporto de El Calafate, após o resgate no Glaciar Perito Moreno.
Foto: Divulgação
   
 
  Tarka L'Herpinière (28) e Katie-Jane Cooper (29). Foto tirada antes do início da expedição.
Foto: Divulgação
   
 
  Veja o roteiro e local exato onde foram resgatados.
Foto: Divulgação
   
 
 
Publicidade

Eles estavam fisicamente e mentalmente preparados para fazer o que nunca ninguém tinha conseguido: atravessar quase 400 quilômetros de gelo continental na Patagônia, com alimentos para sobreviver apenas 37 dias. Eles sabiam que os poucos que tinham tentado descreviam como "uma jornada entre o céu e o inferno": um inferno congelado onde um passo em falso na neve macia pode causar uma queda de 60 metros em uma fenda.

Por mais de um mês, com o seu telefone via satélite estavam transmitindo sua aventura pelo Twitter ( http://twitter.com/riversofice ), comentando como escaparam de uma avalanche, que passaram dias sem dormir e molhados à beira do congelamento, uma noite, a tempestade de vento destruiu a barraca deles e quase foram "enterrados vivos" .

Ontem, os dois alpinistas foram resgatados em Santa Cruz, província ao sul da Argentina, e deram a entrevista enquanto esperavam pelo helicóptero, com os pés congelados e quase cegos.

Tarka L'Herpinière (28) e Katie-Jane Cooper (29) são um casal de alpinistas experientes. Para esta expedição formaram uma equipe chamada "Rivers of Ice" que eram, eles, um psicólogo, um gerente e um produtor de televisão que iria auxiliá-los de Londres. Eles queriam ser a primeira equipe a atravessar terceira maior camada de gelo do mundo, no sul da Patagônia, entre Argentina e Chile. Partiram da geleira Jorge Montt no Chile com destino o seu ponto mais ao sul, o Glaciar Balmaceda no Parque Nacional Torres del Paine.

Partiram no dia 24 de agosto, e logo entenderam porque aquela região era chamada de geleira do "céu e o inferno." Pelo telefone via satélite que trouxeram de Londres, eles transmitiam via twitter os detalhes de sua aventura e da filmagem que estavam fazendo para um documentário, o que acabou salvando suas vidas.

Utilizavam o twitter como um diário de viagem, mesmo com apenas 140 caracteres, conseguiam transmitir o que estavam vivenciando, como o início de uma hipotermia, o congelamento dos pés (apesar da botas rígidas), ataques de pânico e que eles definiram como "a pior noite de suas vidas". A expedição foi um pesadelo desde o início.

Quatro dias atrás, uma tempestade com ventos de 120 quilômetros por hora deixou barraca deles destruída e decidiram que o seu calvário deveria ter um fim. Tentaram encontrar o caminho de volta, mas se perderam no lado argentino na área Spegazzini Glacier. Assim foi que na segunda-feira, já desesperados, enviaram uma mensagem para Londres com o seu telefone via satélite, que de lá contactaram o Consulado da Argentina que por sua vez contactou a Guarda Nacional.

Ontem, 29 de setembro, havia pouca luz natural, um helicóptero decolou de El Calafate, com dois pilotos e quatro especialistas em salvamento e resgate em montanha de gelo. Ao meio-dia encontraram os aventureiros, mas "foi impossível pousar o helicóptero, pois as rachaduras nessa área tem cerca de 5 metros de largura e até 60 metros de profundidade", disse o piloto ao jornal Clarín. Mas, conseguiram pousar a 5 quilômetros do local de resgate. "Atravessamos um labirinto de fendas, e tínhamos que ir pra cima e pra baixo, tentando detectar a neve azul", disse David Flores, um dos resgatistas. Quando a neve é azul claro, significa que abaixo se esconde esses desfiladeiros. Os britânicos foram encontrados exaustos, cerca de 100 quilômetros a oeste de El Calafate, ao norte do Glaciar Perito Moreno.

Foram levados ao Hospital Dr. Formenti. Kati estava com cegueira temporária - da exposição a neve. Eles estavam exaustos e muito desidratados, é que na área onde estavam nos últimos três dias não havia água potável ", disse o médico. Ambos têm ferimentos leves de congelamento nas pernas, mas, devem ser liberados logo.

Ontem, antes de levantar os braços para que a equipe de resgate pudesse vê-los, e assim serem resgatados, gravaram um aúdio para a equipe de Londres, para tentar quebrar o duro “isolamento psicológico" que enfrentavam, e Tarka pelo celular disse: "Embora nós não tenhamos completado essa expedição, mas diante de tanta coragem, compromisso, paixão e dedicação que você colocou nessa viagem ... Você poderia fazer algo por mim? Por favor, aceite como a minha esposa?"

A penúltima mensagem no Twitter diz que eles estavam esperando o helicóptero.

A última mensagem diz: "Ela disse que sim !!!!!!!!!".


PARTICIPE, DEIXE SEU COMENTÁRIO.