Extremos
 
COLUNISTA WALDEMAR NICLEVICZ
 
Retornando dos Alpes
 
texto e fotos: Waldemar Nicleviz
22 de setembro de 2015 - 02:22
 

Waldemar Niclevicz no cume do Piz Bernina (4.049m), no dia 5 de agosto de 2015. Foto: Gianfranco
 
  Waldemar Niclevicz  

Em agosto fui matar a saudade dos Alpes Europeus, onde tenho muitos amigos e uma lista praticamente infinita de montanhas que sonho escalar. O calor e a chuva atrapalharam, mas foi possível escalar pelo menos dezesseis montanhas na Itália, Suíça e Áustria.

No início da viagem, com amigos do Clube Alpino Italiano, escalei a Biancograt do Piz Bernina (4.049m), na Suíça, em uma bela travessia até a Itália. Esta crista é considerada uma das mais lindas dos Alpes, sua parte superior é bem irregular e exposta, exigindo a escalada de torres de rocha e a realização rapéis para dar continuidade a escalada.

Ainda na Suíça escalei o Monch (4.107m) e o Jungfrau (4.158m), montanhas que são facilmente acessadas devido a um trem cremalheira que chega aos 3.454m de altitude do Jungfraujoch, chamado pelos turistas de “Topo da Europa”.

Depois fui para o Maciço do Mont Blanc, que, como todas as montanhas dos Alpes, está sofrendo muito com o aquecimento global, a ponto de neste verão ter suas vias mais populares interditadas devido ao grande número de acidentes provocados por caídas de pedras e quedas em gretas. Foi surpreendente notar que os glaciares rapidamente estão sendo consumidos pelo calor, estavam “sujos”, recobertos de poeira e pedras, achei melhor não arriscar.

Com a chegada do Eiki e do Andriguetto, amigos de Curitiba, era a hora de regressar às Dolomitas, onde havíamos estado em 2011. Esta região situada no norte da Itália é um verdadeiro paraíso para os amantes da montanha. Para “esquentar” fizemos algumas escaladas ao redor do Lago de Garda, e depois fomos em busca de vias clássicas nos impressionantes maciços do Brenta, Puez, Pomagagnon, Tofanes, Agner e Pala de San Martino.

     
     

Entre uma escalada e outra nas Dolomitas, fui até a Áustria para escalar a sua maior montanha. Belíssima ascensão em solitário, acompanhado pela lua cheia, desde a Lucknerhaus (1.918m) até o ponto mais alto do Grossglockner (3.798m), aonde cheguei ao amanhecer.

Voltei ao meu amado Brasil no dia 7 de setembro, com saudades das montanhas verdes da Serra do Mar e do meu gratificante trabalho de palestrante.

Como sempre, volto “energizado” das minhas expedições! Na semana passada senti um entusiasmo extra ao realizar uma palestra para a QAD e outra para a Heineken, e esta semana espero ter o mesmo desempenho em palestra que farei para a Oracle. Agradeço a estas empresas pela oportunidade de inspirar as pessoas a superarem os seus desafios.

É notável o delicado momento que enfrentamos no Brasil, mas é notável também que não podemos apenas nos lamentar. A vida continua e é preciso tomar atitudes para garantir a realização dos nossos sonhos e projetos. Construir um Brasil melhor depende de nós!

     
     

Filme Everest

Já fui conferir o novo filme do Everest, baseado na tragédia que aconteceu em 1996, dramático exemplo do quanto a busca desenfreada do cumprimento das metas pode nos levar a trágicas consequências. O filme não nos traz o verdadeiro fascínio que a experiência na montanha nos proporciona, mas vale a pena ser visto.

Para quem não leu os meus livros, lembro que conheci o Anatoli Boukreev quando fui a primeira vez para o Everest em 1991, e que em 1995 ele estava na mesma equipe que o Mozart Catão e eu participávamos. Embora ele fosse o responsável em abrir o caminho, o Mozart e eu fomos os primeiros membros da equipe a chegar no topo do Everest, três dias antes do que ele – detalhes estão no livro “Everest, o diário de uma vitória”. Em 1996 Anatoli esteve trabalhando para o Scott Fischer e evitou que o número de mortes no Everest fosse ainda maior, algo que pode ser comprovado no novo filme.

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Namastê,
Waldemar Niclevicz
www.niclevicz.com.br

 
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