Extremos
 
7 CUMES INVERNAL ROMAN ROMANCINI
 
Kilimanjaro Invernal 2015
A SEGUNDA MONTANHA NO PROJETO DOS 7 CUMES INVERNAL DE ROMAN ROMANCINI
 
 
Bernardo Fonseca, Roman Romancini e Edward Lazaro (Teacher) no cume.  
Bernardo Fonseca e Roman Romancini no cume do Kilimanjaro.
 
Retorno ao Millenium Camp (3900m).  
Fim da expedição!
 
  Roberta Abdanur  

10.09.2015 - 14:20

Cume e AMS

Depois de 12 horas de escalada, Roman Romancini e Bernardo Fonseca chegaram ao cume do Kilimanjaro (5.895m) às 7h da manhã. Bernardo Fonseca apresentou sintomas do Mal da Montanha (AMS) e ambos montanhistas já desceram e estão de volta ao Millenium Camp, a 3.900 metros de altitude.

Roman Romancini está bem e Bernardo Fonseca se recuperando.

16h50 - Podcast

Gravamos o Podcast 83 com Roman Romancini direto do acampamento Millennium, a 3.900m do Kilimanjaro, ele fala como foi o ataque ao cume.

Faça o download do Podcast 83 - 13MB
 
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09.09.2015 - 11:05

Mal da montanha

  Roberta Abdanur  

Todo montanhista teme o famoso mal de montanha, reação do corpo à altitude, cujos sintomas variam de perda de apetite, insônia e náuseas até, em casos extremos, edema cerebral ou pulmonar. Observar os primeiros indícios e tratá-los rapidamente pode ser vital ou fatal.

Estamos no terceiro dia e chegaremos a 5000m, dormindo no arrow Glacier Camp a 4800m. Sem dúvida, é uma ascenção ousada sair de 900m a 4800m em apenas 3 dias.

E como era de se esperar, os primeiros sintomas já aparecem. As últimas 2 noites dormimos não mais que 4 a 5 horas, acordando inúmeras vezes e Bernardo ontem já tinha uma leve dor de cabeça e pouco apetite. Com a hipoxia vem a insônia! Muita água, muita comida, mesmo que sem muita vontade, e descanso, mesmo sem sono, são os melhores remédios.

Outra forma de medir a nossa adaptação à altitude é através dos batimentos cardíacos e concentração de oxigênio no sangue. Todo dia medimos e a saturação de O2 está em 89% e os batimentos em torno de 70bpm. Apesar do sintomas, nossos corpos estão muito bem adaptados!!! Tocamos para cima!!!

Depois de pouco menos de 5h, chegamos ao campo 3, arrow Glacier Camp a 4800. Respiração já ofegante mas nenhum sintoma, desfrutamos de um isolamento ímpar. O campo é só nosso!!! Algo raro em uma montanha que recebe em torno de 50.000 pessoas por ano. Um verdadeiro privilégio! Agora é descansar, beber, beber, beber e beber!

15h40 - Amanhã será o Summit Push

Sob uma tenue linha entre ousadia e irresponsabilidade, hoje ganhamos 1300m de altitude, batendo acima dos 5000m. Quando chegamos no C3 (4800m), Bernardo já apresentava sinais iniciais (nível 1) de problemas com altitude: náuseas, leve dor de cabeça e falta de apetite. Enquanto ele cochilava sai para umas fotos. Ao voltar, e já bem hidratado, achamos melhor, eu e "Teacher" (nosso parceiro local com nada menos que 615 cumes feitos), levarmos o pessoal para reconhecer a rota e dar mais um estímulo ao corpo para dormir mais baixo e monitorar o Bernardo. Chegamos acima dos 5000m. O cara voltou quebrado, mas como era de se esperar, quase tão rápido quanto ele que quebrou, depois de comes e bebes forçados, ele já estava pronto para outra.

Assim, ousaremos mais uma vez e partiremos para o cume às 4:00 da manhã, hora mais segura para passar por este último trecho da via Western Breach. Passaremos direto pelo C4 a 5700m e iremos para o cume. Se o tempo estiver bom e os males da altitude não nos afetarem, voltaremos e dormiremos na cratera no Crater Camp (C4). Caso contrário, tocamos para baixo!!! Sempre no esquema "pole pole"...

Será um longo dia. Vou dormir, pois em poucas horas sairemos. Está um frio da porra aqui dentro da barraca... Que saudade do meu saco de dormir para -40, o -10 está me deixando na mão...

HAKUNA MATATA

Roman Romancini
Projeto 7 Cumes Invernal

 
C3 - Arrow Glacier Camp. A via é o esporão de pedra no meio da face no canto direito superior da barraca. Foto: Roman Romancini
 

08.09.2015 - 03:10

Camp 1 Machame Hut

  Roberta Abdanur  

Ao chegarmos no portão do parque, ponto de registro e início da caminhada, descobrimos que para a rota escolhida na noite anterior, precisávamos de capacetes. Capacetes??? "Tá de sacanagem!!!" como diria tia Rafa. Sem eles não nos dariam permissão para seguir pela rota Western Breach. Sem negociação, não nos restou outra opção se não usar a criatividade, uma vez que mudar a rota estava fora de questão. Partimos para a caminhada com capacetes de moto, pendurados na mochila, alugados de locais.

Todo envolto em nuvens e névoas, o campo 1 fica a 3000m e parece um mini vilarejo de uma só casa e inúmeras barracas.

Havíamos nos preparado mentalmente para subirmos em 5 ou 6 horas, levamos 3h20 com parada para comida. Rápido demais, nada bom. Primeiro dia é sempre assim, difícil mudar a programação mental do dia-a-dia na cidade. "Pole Pole", como dizem por aqui. Devagar, sem pressa, como deveria ser.

Mas o engraçado mesmo foram as caras de interrogação e perguntas sem-jeito dos curiosos com os capacetes. Éramos a piada do dia...

HAKUNA MATATA!!!

07:25 - Campo 2

Chegamos no campo 2 Shira Camp, em nome ao primeiro dos 3 vulcões do complexo Kilimanjaro. Foram 4h e 800m de desnível. O tempo abriu a conseguimos ver a montanha. Amanhã o dia será longo! Vamos para Arrow Glacier Camp a 4800m em umas 7h.

18:00 - Aniversário do Bernardo

Subimos rápido e constante do C1 para o C2, de 3000 para 3800 em pouco mais de 3h com paradas. Ao chegarmos no Campo 2 Bernardo registrou nossa chegada e escreveu 28 anos. Era aniversário dele e completára 38. Brinquei com ele: "28?" esperando uma resposta do tipo: "IH, arruma aí". Veio: "queria o que, que eu escrevesse 29?" Insisti no tema e a resposta veio 28, 28, 28. Primeiro sinal... Durante as horas que se seguiram, Bernando estava mais calado e reclamou de um certo incômodo. Mas o cabra é forte!! Batemos a marca de 4000m descemos para o acampamento, seguindo a máxima climb high sleep low, e ganhamos a primeira vista da montanha. Ela se revelára para nós. A natureza resolveu presentear o Bernado com um por do sol inigualável, a montanha com uma dor de cabeça e nós com um simbólico bolo! FELIZ ANIVERSÁRIO PARCEIRO!!! Vida longa ao rei do gelo antártico!

Roman Romancini
Projeto 7 Cumes Invernal

     
 

07.09.2015 - 08:10

Rumo a montanha

  Roberta Abdanur  

Incrível como o padrão se repete, não importava experiência. O dueto Jet lag e ansiedade não deixa a gente dormir nem a porrete, mesmo depois de 2 dias nos quase confortáveis assentos dos aviões e aeroportos. Às 3:30 da manhã estava pronto para correr uma maratona, mas sem muitas opções a fora, tentei dormir novamente. Com a cabeça a mil por hora, não parava de imaginar a nova rota, potenciais riscos e alegrias. Bernardo parecia dormir igual a uma criança. Às 5:00 pontualmente fomos acordados pelos microfones públicos e suas rezas muçulmanas. Com todo respeito que qualquer religião merece, só nos restava rir da situação.

Às 8:00 partimos para o ponto de encontro onde pesamos as duffle bags, que somadas não passaram de 20 kg. Impressionante como podemos ser minimalistas. Mais um degrau abaixo na pirâmide de Maslow... É chegada a hora de partir. Civilização só daqui um semana.

Roman Romancini
Projeto 7 Cumes Invernal

 
Roman Romancini, Teacher (o nosso guia) e Bernardo Fonseca rumo ao Kilimanjaro.
 

06.09.2015 - 04:45

Hakuna Matata

  Roberta Abdanur  

Moshi finalmente! As 35h de voo e conexões serviram para exercitar a paciência. Haja paciência. Interessante como o tempo de montanha é distinto, tudo desacelera. As conversas, as decisões até o tempo de preparo da comida. Difícil domar a ansiedade.

Com o intuito de fomentar a economia local e garantir a segurança de todos, é expressamente proibido subir sem guias locais, assim, indicado por um outro amigo (Maximo Kausch), encontramos Lázaro, The teacher. Um simpático sujeito, com um sorriso gigante no rosto e um coração maior ainda. Sem falar nos 615 cumes feitos e projetos sociais que ele comanda.

Conversa vai, conversa vem, seguindo o mote da inovação, mudamos a rota! Agora vamos pela Western Breach, a rota mais direta e menos frequentada da montanha. Por sorte, esta rota foi recentemente reaberta, após anos de inacessibilidade. Para coroar, também mudamos o plano dos últimos acampamentos e iremos dormir na cratera!!! O universo sempre conspirando a nosso favor...

Por fim, Western Breach route:
7/9 - Moshi (910m) até Machame Camp (2829m), 18 Km em 5/6 horas
8/9 - Shira Camp (3837m), 9 Km em 6 horas
9/9 - Arrow glacier Camp (4871m) 6/7 horas
10/9 - Crater Camp (5731m) 5 horas
11/9 - Cume Uhuru peak (5895m) 2 horas e Mweka Camp (3100m) 8 horas
12/9 - Moshi.
13 e 14/9 - Brasil!!!!

Ainda não descobri se algum brasileiro já fez esta rota, de fato, isso pouco importa. Descobri sim o real significado da expressão "HAKUNA MATATA".

Agora somos a HAKUNA MATATA KILIMANJARO EXPEDITION...

Roman Romancini
Projeto 7 Cumes Invernal

 
 

06.09.2015 - 04:45

E nasce o projeto 7WS

  Roberta Abdanur  

8 de Agosto de 2004. Após mais de duas semanas de frio intenso, inúmeros quilos perdidos e, sem sombra de dúvida, a noite mais miserável de minha vida, descíamos, eu e o AC (Antonio Soares) do cume do Aconcágua, felizes como nunca, ainda que entre roupas cagadas e dedos semicongelados. Chegando em Berlin (campo 2), Gui (Guilherme Rocha) nos recebe entusiasmado com a câmera na mão e pergunta: " E agora? "

Nascia o projeto 7WS... E com um promissor início: Aconcágua invernal. Passei meses pesquisando como seria possível fazer os famosos 7 summits no inverno. Kilimanjaro e Puncak Jaya (Carstensz) não seriam tão distintos por serem equatoriais, Aconcágua feito, Elbrus já começava a criar alguns calafrios. Denali e Everest já haviam sido escalados no inverno e seus relatos são verdadeiras epopeias de sobre-humanos. Mas Vinson, este era e ainda é uma grande incógnita, nunca sequer admirado no inverno, quanto menos escalado. Melhor impossível...

Sinceramente, a saga dos 7 cumes nunca me chamou muita a atenção, embora estivessem nos planos, ao fazer parte do meu projeto de vida ULTIMATE ADVENTURE GRAND SLAM (7S, 14 8000m e os pólos). Mas a ideia da versão invernal (ou infernal) buscando uma solução para a equação Denali-Everest-Vinson me fascina desde então.

Confesso que não sou fã do ineditismo marqueteiro, mas admiro e fomento o pensamento inovador e a atitude ousada, quase anárquica, de sempre buscar fazer diferente. Como bem define o bom e velho amigo Ziller: UM BRINDE À VIDA CRIATIVA!!!

Roman Romancini
Projeto 7 Cumes Invernal

05.09.2015 - 09:45

Começou!

  Roberta Abdanur  

A expedição da escalada Invernal do Kilimanjaro começou! Embarcamos nesta madrugada, 5 de setembro, para uma escala em Doha, rumo a Tanzânia. Hora de sair de casa com coração partido como sempre, embora acompanhado com meu grande parceiro Bernardo Fonseca! O projeto de escalada invernal dos 7 Cumes começou.

Acompanhe tudo aqui pelo Extremos.

 

 
Roman Romancini e Bernardo Fonseca embarcando para o Kilimanjaro.
 

Roman Romancini
Projeto 7 Cumes Invernal

 
Acompanhe via Spot a expedição de Roman Romancini e Bernardo Fonseca ao Kilimanjaro.
 
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