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COLUNISTA LISETE FLORENZANO
 
Risco de Avalanche. Como avaliar?
Texto: Lisete Florenzano
20 de outubro de 2014 - 21:30
 
 
 
Lisete Florenzano

Esta matéria é mais voltada para as pessoas que curtem uma montanha nevada, para esquiar, escalar, ou qualquer outro tipo de atividade, e para os curiosos também.
Este texto foi retirado de uma matéria da Outside Magazine e a matéria é da jornalista Molly Loomis.

Entrando na montanha por sua conta e risco

Fazer atividades na montanha de forma segura requer um conhecimento grande do terreno e um entendimento de como uma série de variáveis – incluindo sol, vento e temperatura – afetam as condições da neve.

Não vá para a montanha sem saber como interpretar o que você vê, ao encontrar um grande parede de rocha e neve branquinha e fofa. Cada montanha tem uma combinação de fatores, que estão sempre mudando. Aqui vão algumas condições que você deve prestar atenção, e avaliar se vão afetar sua segurança.

1. O vento pode deslocar uma quantidade enorme de neve, em alguns casos afetando mais a condição da neve do que uma tempestade que tenha entrado. Assim, uma encosta que tenha um depósito de neve carregado pelo vento é muito perigosa. Já uma encosta formada pela erosão causada pelo vento é geralmente segura.

2. Cornizas são indicadores óbvios da direção predominante do vento. Logo abaixo da corniza geralmente se forma um “wind slab”, ou placa de neve depositada pelo vento. Ventos fortes, grande acúmulo de neve e aumento da temperatura podem fazer com que a corniza se quebre e seja o estopim de uma avalanche.

3. Rochas encravadas na neve, pequenas áreas de vegetação e paredes rochosas tendem a ter uma camada rasa de neve. Esquiar nessas áreas não é uma boa idéia, principalmente se a encosta for propensa a avalanches.

4. Avalanches de “neve fofa”, um dos dois tipos principais de avalanches, geralmente se iniciam de um único ponto – normalmente esquiadores ou montanhistas – e correm montanha abaixo.

5. O sol pode ajudar a consolidar as camadas de neve, deixando-as mais estáveis. Mas isso pode também criar camadas perigosas, como uma crosta mais dura externa. Preste atenção, portanto, ao aspecto da encosta – as camadas de neve podem variar muito, dependendo da quantidade de sol que receber.

6. Em noites frias, calmas e com céu aberto, podem-se formar na superfície cristais de neve que parecem “plumas”. Apesar de muito bonitos, esses cristais não se aderem muito bem e são famosos por formar camadas mais frágeis de neve que podem persistir por muitas semanas.

7. Antes de descer uma encosta que tenha propensão a avalanches, identifique zonas seguras, lugares onde membros do seu grupo podem permanecer em segurança e observar uns aos outros em alguma passagem mais delicada. Podem ser o topo de uma aresta ou uma área com árvores numa encosta pouco inclinada. Descer um por vez uma encosta mais perigosa minimiza a exposição ao risco do grupo e assegura o maior número de pessoas que podem ajudar numa busca, no caso de alguém ficar soterrado numa avalanche.

8. O ângulo de maior propensão de avalanches é de 38 graus de inclinação, com a maior parte dos deslizamentos acontecendo entre 35 e 45 graus. Encostas com menos de 30 graus raramente deslizam.

9. Avalanches de placa podem se propagar muito e criar deslizamentos maiores. A “receita básica” para que isso aconteça é: uma placa - camada de neve frágil (não teve uma aderência boa na camada inferior de neve), uma superfície mais dura e compactada por baixo, inclinação suficiente do terreno para um deslizamento e algo que provoque o deslizamento (pode ser você andando sobre essa placa...).

10. “Armadilhas” no terreno são aspectos que podem piorar as consequências caso alguém seja pego numa avalanche. Áreas côncavas, como leito de riachos e gargantas permitem que os detritos do deslizamento se acumulem, formando locais mais profundos e de difícil acesso para desenterrar a pessoa.

11. Árvores jovens, pequenas e dispersas em áreas largas, especialmente aquelas com limbo crescendo somente do lado da encosta, são avisos “bandeira vermelha”. Indicam que existem deslizamentos frequentes nessa área.

12. Rotas de avalanches que passam por estradas podem causar uma área de depressão na superfície plana, onde os detritos se acumulam e dificultam o resgate.

13. Normalmente as camadas de neve não são tão coesivas em uma encosta convexa. A força da gravidade, tentando cumprir seu papel de “puxar” a neve morro abaixo, é auxiliada pela curvatura desse tipo de terreno, fazendo com que tenha maior propensão à avalanches.

14. Uma encosta côncava naturalmente comprime a neve – uma característica de terreno importante, que pode melhorar a compactação das camadas de neve.

15. No caminho de subida, usando uma rota já estabelecida através de árvores mantém você fora da rota de deslizamentos. Avalie o terreno com relação a avalanches e escolha a rota de descida com menor exposição à deslizamentos.

Analisando as camadas de neve




Estável: quando você cava um buraco na neve, uma camada de neve estável deve lembrar um pedaço de bolo de aniversário. A parte mais de baixo deve ser mais firme e permanece uniforme, com uma camada mais leve e macia na superfície.

Instável: aqui a dureza das camadas podem variar muito. Se camadas mais duras sobrepõem camadas mais macias, qualquer perturbação (neve recente, dias mais quentes, chuva, e claro, esquiadores ou montanhistas) pode desencadear o colapso dessas camadas frágeis e fazer com que as camadas densas superiores deslizem.


Avalanches, em números