Extremos
 
O EDITOR ELIAS LUIZ
 
O novo viajante de aventura
da Redação: Elias Luiz
fonte: ATTA
3 de fevereiro de 2017 - 15:25
 

Infográfico com o resultado da nova pesquisa
 
  Elias Luiz  

Nova pesquisa realizada pela Adventure Travel Trade Association (ATTA), e que o Extremos participou como convidado em 2015, em conjunto com pesquisadores da East Carolina University revela que, mais do que qualquer outro fator de motivação, os viajantes de aventura estão buscando experiências transformadoras.

Nos últimos dois anos, o termo "transformação" tem sido usado para descrever o que os consumidores procuram a partir dos produtos e serviços que adquirem. Para encantar o consumidor de hoje, nada menos do que uma experiência transformadora - que deixa uma mudança duradoura ou impressão - é necessária. O impulso para a transformação está se expressando através das indústrias de saúde e bem estar, e, sim, até mesmo as viagens.

Na vanguarda desta tendência, a ATTA está lançando uma nova pesquisa relevante realizada com um colaborador de longa data de pesquisa, Dr. Paige Viren, mostrando que as motivações para os viajantes de aventura mudaram nos últimos anos. Trabalhando em parceria com a Outside Magazine, a pesquisa do Dr. Viren mostra o que estava bem debaixo de nossos narizes por tanto tempo: Sim, os viajantes de aventura anseiam por experiências transformadoras. Na verdade, ao invés de aceitar a transformação como um subproduto de sua busca de diversão e emoção, viajantes de aventura estão ativamente motivados por este desejo de crescimento pessoal e mudança.

Há boas notícias nesta pesquisa para as empresas da indústria do turismo de aventura: Para alguns produtos e serviços, cumprir uma promessa de transformação pode ser uma ordem a altura - exigindo uma mudança no departamento de marketing -, mas em viagens de aventura, é incrivelmente acessível.

A maioria dos operadores turísticos de viagem de aventura podem recordar histórias de pessoas que tiveram uma mudança de vida e experiências significativas em suas viagens. Isto é o que motiva muitas pessoas a continuar a trabalhar no campo: a sensação de contribuir para algo de valor, a oportunidade de fornecer um serviço que pode transformar a maneira como as pessoas vêem a si mesmos e os outros, e a chance de inspirar as pessoas a tomar medidas sobre questões importantes para toda a humanidade, como o ambiente, justiça social e redução da pobreza. Talvez ainda mais do que simplesmente estar no negócio de "experiência", a indústria de viagens de aventura pode realmente ser um líder no negócio de "transformação".

Esta nova investigação não só valida o seu trabalho, mas oferece uma visão sobre como lidar com interesses dos viajantes de aventura quando procuram experiências transformadoras.

O “novo” viajante de aventura segundo as pesquisas

Em 2008, B. Joseph Pine II e James H. Gilmore, autores do famoso livro “Autenticidade”, explicaram como a concepção de uma experiência para os clientes permite às empresas diferenciar-se dos concorrentes e que lhes permitem oferecer um serviço premium. Dirigindo delegados da Adventure Travel World Summit (ATWS) de São Paulo, Brasil, em 2008, Gilmore, essencialmente, disse: “Esta é a sua indústria. Você é a síntese do negócio de experiência”.

O próximo passo, como notaram os autores, era “transformação”. Outros analistas da indústria na época observaram que, na economia “transformação ou contribuição”, anteriormente consumidores passivos começariam a “escolher um produto ou serviço não só de acordo com a proximidade que ele corresponde a seus gostos e interesses (de preferência de produtos), mas também com base em como ela vai transformá-las, suas vidas, ou as suas formas de pensar (políticas, sociais e inclinações morais)”.

Para melhor apreciar e compreender os resultados da pesquisa de estudos mais recentes do Dr. Viren, que ajuda a colocá-las em contexto com a pesquisa das motivações dos viajantes do passado. Em 2008, Dr. Viren pesquisou junto aos assinantes da revista National Geographic Adventure e descobriu que os viajantes que procuravam “risco e competência” ou “novas experiências”, e eles tinham mais interesse em “novas experiências”, bem como um “interesse em outras culturas”. A principal conclusão da pesquisa era naquele tempo que os viajantes davam importância à cultura. O crescimento pessoal não era o foco de motivação para os viajantes de aventura.

Pesquisa mais recente do Dr. Viren, realizada com Dr. Alison K. Murray de East Carolina University, focou em um painel de tamanho similar com os assinantes da Outside Magazine feita no outono de 2015. Eles passaram os nove meses seguintes analisando e sintetizando mais de 1.000 questões respondidas pelos viajantes de aventura.

Método de pesquisa

Usando os assinantes da Outside Magazine como um quadro de amostragem, Drs. Viren e Murray pesquisaram uma amostra aleatória e sistemática de assinantes. Eles responderam 1.017 questões, representando os pontos de vista dos viajantes de aventura residentes nos Estados Unidos, que foram ponderados para representar uma divisão entre homens e mulheres. O perfil demográfico foi principalmente de casados (62%) e caucasianos (89%).

 

 

Motivações do viajante de aventura

Os entrevistados responderam que suas principais motivações para se engajar em turismo de aventura estão em ter uma “experiência de mudança de vida” e desfrutar de “crescimento pessoal e desafios”. Os viajantes também disseram que queriam uma sensação de “realização e conquista” e uma sensação de “gratidão e atenção”. Em suma, eles estão à procura de TRANSFORMAÇÃO.

O foco em cultura, um elemento importante da pesquisa em 2008, já se transformou em “entendimento cultural”. Em outras palavras, os viajantes não se contentam em estar apenas na presença de uma nova cultura. Eles querem ganhar alguma compreensão dela, juntamente com uma “perspectiva mais ampla” e “horizontes expandidos”.

Risco tem sido historicamente um componente central do turismo de aventura que os fornecedores de experiência de aventura e reguladores têm se confrontado com bastante intensidade, mas os viajantes agora colocam vários elementos à frente de risco quando se considera os elementos-chave de “aventura”. Na pesquisa passada, os entrevistados referiram “risco”, “incondicional”, “extremo”, “perigo” e “poder” entre os elementos que formam um papel importante na aventura, mas na última pesquisa eles descobriram que “estar em um ambiente natural”, “aprendizagem”, “significativa experiências”, e “estar em uma nova cultura” tudo substituem o risco como um elemento de aventura.

O que a nova abordagem ao risco significa para os profissionais? Considerando-se essa pesquisa em conjunto com recente pesquisa de viajantes de aventura dos EUA no qual identificaram três personas de aventura primárias (Aventureiro Entusiasta - Aventureiro - Aventureiro generalista), uma hipótese é que o risco agora é mitigado para os viajantes pela fé que põem em seus guias, e, no caso de entusiastas, pela confiança eles têm em suas próprias habilidades avançadas.

Principais destinos e atividades para os Aventureiros Transformacionais

Além de revelar novos insights no que diz respeito à motivação do viajante, a recente pesquisa também perguntou aos viajantes para onde planejavam viajar e quais as atividades mais associadas com o turismo de aventura.

Com relação aos destinos, os viajantes de aventura disseram que planejam viajar para:

 

 

As atividades mais associadas a viagens de aventura pelo novo viajante de aventura:

• Caminhadas: 90%
• Mochilão: 87%
• Trekking: 86%
• Caiaque (mar / água branca): 85%
• Rafting: 85%
• Escalada (montanhas / rocha): 84%
• Mountain bike: 81%
• Mergulho: 80%
• Caverna: 79%
• Acampar: 78%

 
comentários - comments