Extremos
 
COLUNISTA AGNALDO GOMES
 
Monte Roraima
 
da redação, Agnaldo Gomes
7 de janeiro de 2012 - 22:38
 

1º dia - Entrada do Parque Nacional Canaima e o tepuí do Monte Roraima ao fundo. Foto: Agnaldo Gomes
 
  Karina Oliani

A primeira vez que pensei em ir ao Monte Roraima foi há 15 anos atrás, através de um relato de um amig me pareceu uma viagem maravilhosa, não tanto pelas suas dificuldades físicas ou técnicas, mas por ser um lugar longe, onde poucas pessoas iam...

Bom... 15 anos depois tive a minha chance e o Roraima deve continuar o mesmo, molhado e belo, talvez o que tenha mudado seja o fluxo de pessoas, hoje a montanha não é mais tão isolada e está acessível para qualquer pessoa com um pouco de disposição, recomendado até para quem começa a se aventurar pelas trilhas.

São várias opções de agências, guias e carregadores. Serviços que podem ser contratados no Brasil ou na Venezuela (país por onde se sobe a via normal do Roraima).

Para ir sozinho, sem guia? Antes de ir pesquisei e me parece que esta não é uma opção, você é obrigado a contratar alguém da região para que te acompanhe montanha acima. Na trilha a necessidade de ser guiado é nula, mesmo para quem tem um pouco de experiência em navegação é tudo muito claro, já no topo...a historia é outra. Apesar de caminhos marcados nas rochas, a neblina fecha a qualquer momento e torna a visibilidade quase nula, um GPS e boa experiência podem te guiar, mas de todo jeito você será obrigado a ter um guia com você.

Viagens onde se ouvem muitas histórias é comum criar alguma expectativa e as vezes podemos nos decepcionar, bom no Roraima é tudo aquilo que dizem mesmo, o topo da montanha é maravilhoso, formações rochosas espetaculares, rios, cachoeiras dentro de cavernas, fossos, cristais e se der sorte só um pouco de chuva. Só a tal energia que não senti, bom também eu não sou um cara de sentir energias eu apenas gosto de estar na montanha e isto me deixa feliz. Mas eu ainda chego lá!

O primeiro dia de trilha é enfadonho, andamos por uma quase estrada de terra por 4 horas, a paisagem não muda, campos a 1200m e o Monte Roraima ao fundo e o Monte Kukenan do seu lado esquerdo, o Roraima sempre encoberto e o Kukenan as vezes dando o ar da graça.

     
     

No segundo dia a coisa melhora um pouco, dois rios para atravessar e o destino é a base do monte, já perto dos seus paredões. Depois de 700 metros de desnível vencidos se acampa a 1900 m. Neste acampamento a umidade já é grande e temos mais lama do que terreno firme.

Mas o terceiro dia é o néctar, 900 metros de desnível e a caminhada começa por uma mata íngreme, as vezes fechada. Cruzamos uns dois riachos e finalmente se chega no paredão do Roraima, aquela é uma visão incrível, tem que torcer o pescoço para trás para enxergar o topo daquilo e mesmo assim não dá. Muitas fendas, diedros, pequenos tetos... aquilo deve ser o paraíso para escaladores corajosos.

Depois disso vem a parte mais legal da caminhada rumo ao topo, o passo das lágrimas. Não consigo pensar em um nome mais poético ou apropriado para o local e não se chama assim porque quando se está lá o cara está chorando de medo ou cansaço, mas por que você passa por dentro de duas altas e fracas cachoeiras, um caminho agradável por entra as rochas molhadas e aquela água caindo em cima de você, talvez para mim um dos melhores momentos da viagem.

Pelo que sinto, o Monte Roraima antes longe e isolado, hoje se torna cada vez mais um roteiro clássico e acessível para aqueles que gostam de trekking e pode surpreender a todos, desde os mais experientes até os “caminhantes” de primeira viagem.

Namastê!
Agnaldo Gomes

 
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