WALDEMAR NICLEVICZ
Waldemar Nicleviz comenta sobre o em Lukla
 
 
Publicado em 08/10/2008 - 08h01 - do Editor e Waldemar Niclevicz - atualizado as 18h33
Fontes: G1 / EFE / France Presse / Reuters / Waldemar Niclevicz
 
 
 
Foto 1 - Avião que caiu em Lukla. Foto: Suraj Kunwar/AFP
Foto 2 - Avião caiu no final da pista. Foto: Reuters
Foto 3 - O piloto da Yeti Airlines sobreviveu. Foto: AFP
Foto 4 - Aeroporto de Lukla, foto de arquivo.
   
 
 
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Estimados Amigos!

Sempre que acontece algum acidente entre as montanhas, recebo dezenas de e-mails, infelizmente! Foi assim há pouco mais de dois meses, no início de agosto, quando 11 alpinistas acabaram perdendo a vida no K2, bem como hoje pela manhã, quando um pequeno avião acabou se despedaçando na cabeceira da pista de pouso em Lukla, no Nepal.

Apesar de toda a tristeza que envolve esses acidentes, é importante esclarecê-los, para de alguma forma tentar tranqüilizar parentes e amigos, ou mesmos aqueles amantes das montanhas que um dia pensam em visitar estes lugares. Como estamos em plena temporada de trekking e escalada na região do Everest, não é tão difícil encontrar amigos e conhecidos que estejam neste exato momento por lá, ou mesmo por aqui, muito preocupados com a tragédia que acabou de acontecer, preocupação sem nenhum exagero, pois o resultando foram 18 mortes.

O acidente que aconteceu em Lukla nesta manhã de quarta-feira, dia 8 de outubro, foi com um avião Twin Otter da Yeti Airlines, empresa que já utilizei diversas vezes, pois um de seus diretores é o dono da Thamserku Trekking, agência que organiza as minhas expedições ao Himalaia desde 1991.

O Twin Otter é um dos aviões mais robustos que existem, muito utilizado nas regiões polares e em áreas montanhosas. Além de diversos vôos que já fiz com este aparelho no Himalaia, também já o utilizei na escalada do Monte Vinson, a maior montanha da Antártida, e para voar da Islândia até a Groenlândia, na ocasião em que escalei as duas maiores montanhas do Ártico.

Como geralmente acontece com os vôos que partem de Kathmandu para Lukla, o Twin Otter decolou bem cedo, para evitar a formação das nuvens, às 6:51, e acabou se chocando com o solo às 7:31, incendiando-se em seguida, apenas a 50 metros antes de tocar a cabeceira do aeroporto. Momentos antes, dois outros vôos da Yeti Airlines haviam pousado em Lukla sem nenhum problema.

Segundo as autoridades, morreram no acidente: 12 alemães, 2 australianos, 2 nepaleses, o co-piloto e uma aeromoça. Apenas o piloto do avião sobreviveu, porém se encontra em estado grave. A causa de acidente foi provavelmente a má visibilidade devido a neblina, pouco se via além dos 400m.

A pista de pouso de Lukla foi renomeada em janeiro deste ano como “Aeroporto Tenzing-Hillary”, em homenagem aos conquistadores do Everest. Está a 2.860m de altitude, a 250Km de Kathmandu, e a 60Km do Everest. É a porta de entrada para a região nepalesa do Everest, que chega a receber até 35 mil visitantes por ano, principalmente durante a primavera (abril e maio) e outono (setembro e outubro), quando o tempo é mais estável, propício para escaladas e caminhadas na região.

É sempre um desafio pousar ou decolar em Lukla, a pista de pouso, com 527m metros de extensão, tem 12º de inclinação! Quem pousa se depara com uma rampa inclinada, o avião acaba parando no alto de uma subida! Quem decola acaba pegando embalo ladeira abaixo, deixando de tocar a pista poucos metros antes de um abismo de 700m!

A primeira vez que aterrissei em Lukla foi em agosto de 1991, e foi um tremendo susto, pois a pista ainda era de terra. Lembro do barulho quanto tocamos o solo cheio de pedras soltas, e de como chacoalhava a aeronave. Dois meses antes um Twin Otter da Royal Nepal Airlines também tinha se despedaçado na hora do pouso, matando 17 pessoas.

A ultima vez que estive em Lukla foi este ano, quando estávamos a caminho do Makalu, fomos até lá em um Twin Otter da Yeti Airlines, e então seguimos até o acampamento-base em um grande helicóptero russo. O pouso, a 4.800m, na base do Makalu, foi um grande susto! Se você ainda não viu as imagens vale a pena conferir: http://www.niclevicz.com.br/filme.wmv.

Se você for para o Himalaia, lembre que voar no ar rarefeito é perigoso, o ar não tem tanta densidade, é difícil estabilizar a aeronave, principalmente se o tempo estiver ruim. Não pressione a tripulação, tenha paciência e espere o tempo melhorar!

Um grande abraço,


A NOTICIA DO ACIDENTE EM LUKLA
Um acidente com um pequeno avião matou 18 pessoas no Nepal nesta quarta-feira (8), segundo os meios de comunicação públicos do país.“Um avião da empresa Yeti Airlines caiu no aeroporto de Lukla quando estava aterrissando”, disse Mohan Adhikari, funcionário do aeroporto. Das 19 pessoas que estavam a bordo, 14 eram estrangeiras e cinco eram nepaleses. Apenas o piloto nepales sobreviveu. Entre os mortos estão 12 alemães, 2 australianos e 4 nepaleses.

O Motivo do acidente pode ter sido o mau tempo o que dificultou a visibilidade no momento do pouso. O aeroporto Tenzing-Hilary de Lukla é muito utilizado por escaladores que se dirigem ao Everest. Foi construído nos anos 1960 pelo montanhista Sir Edmund Hillary para facilitar as expedições ao monte Everest e trazer desenvolvimento à área, onde vive a pobre comunidade Sherpa, conhecida por sua habilidade na escalada.
Esta época do ano é considerada temporada alta nos destinos de montanha do país do Himalaia.