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TRAIL RUNNING GO TO TRAIL
 
Transgrancanaria, por Chico Santos
 
texto: Giuliano Bertazzolo
4 de março de 2017 - 19:30
 

Chico Santos. Foto: Ian Corless
 
  Elias Luiz  

A temporada de Ultra Trail europeia foi aberta oficialmente neste último final de semana (25/02) com a Transgrancanaria HG, prova disputada na Gran Canaria, Espanha. A prova principal foi disputada na distância de 125K com aproximadamente 8000 metros de desnível positivo acumulado. As demais distâncias da prova são: 82K, 42K, 30K, 17K e uma versão “turbinada” que estreou este ano batizada de Trans 360°, com 265K e com incríveis 16.500 de ganho de altitude.

A prova que até então vinha sendo disputada ao longo dos últimos anos por atletas brasileiros de ponta especializados em Ultra Trails como Fernanda Maciel, Manuela Vilaseca e Chico Santos conseguiu trazer este ano um número aparentemente maior de atletas brasileiros amadores que estiveram por lá para percorrer as trilhas da belíssima Ilha Espanhola.

Este ano não tivemos infelizmente a presença da Fernanda no evento, porém tivemos mais um top 10 com a Manuela. Seguindo a linha de raciocínio que abordamos na GTT com a premiação da última edição do “Best Trail Awards” de que precisamos evoluir com os resultados quando falamos de Ultra Trail no masculino, vamos aqui fazer uma análise mais específica da prova do Chico, onde conseguimos analisar alguns fatos interessantes que valem a pena serem comentados independente da classificação final e por final o atleta traz também suas impressões sobre a prova.


A performance de Chico Santos na Transgrancanaria
 

Se compararmos a performance do atleta em 2014 neste mesmo percurso quando ele fez 17h07 com a corrida deste ano, onde ele cravou agora 15h26, ficamos muito felizes em saber que com esta performance o atleta tenha baixado 1h40 aproximadamente de sua melhor marca. Se analisarmos o tempo do campeão de 2014, Ryan Sandes (com 14h27) e com o record obtido nesta última edição pelo Pau Capell, com incríveis 13h21, podemos analisar também que a diferença entre o primeiro colocado e a performance de nosso representante brasileiro diminuiu de um “gap” de 2h40 minutos aproximadamente em 2014 para um “gap” já menor de 2h05 minutos em 2017. Independentemente de ter feito um 16° em 2014, se compararmos com a edição de 2017 onde o Chico terminou em 21°, vejo sim como um melhor resultado a prova deste ano. Muitos atletas europeus ficaram para trás, muitos! Para nós que acompanhamos a modalidade localmente temos que vibrar muito por toda evolução conquistada. Todo atleta brasileiro tem que ralar muito durante o dia, fazer jornada dupla entre trabalho e mesmo assim cumprir uma planificação de treinos muito longos para evoluir um pouco para uma prova deste porte, sem contar uma maior dificuldade para custear as despesas para disputar uma prova como esta e continuar fazendo isso com uma certa regularidade. Independente disso, somente haverá evolução do esporte localmente quando os melhores atletas locais estiverem tentando “bater” de frente com os melhores lá fora e para isso precisam disputar as melhores provas, ganhar espaço e diminuir o “gap” entre os ponteiros minuto a minuto como o Chico fez. Longe de mim achar que ser “finisher” em qualquer ultra acima de 50 milhas performando bem é fácil, mas estou convicto que é sim muito mais efetivo ser finisher em uma prova de tão dura como está onde com a menor “distração” qualquer atleta poderá perder dez posições facilmente, isso obriga a quem está na prova a acelerar o tempo todo. Na Europa corre-se com atletas muito mais fortes e em maior quantidade o tempo todo, basicamente são as provas da “primeira divisão” do circuito mundial de Ultra Trail. Abaixo segue algumas palavras do atleta sobre sua última prova.

“A Tansgrancanaria é uma das provas que mais me atraem pela questão técnica de terreno, com muitas pedras. É uma prova bastante desafiadora tanto nas subidas como nas descidas. Me encanta também a largada noturna, varar a noite correndo, amanhecer dentro da prova, buscando força e concentração. Gosto de estar por ali e competir junto com atletas de alto nível de performance. Estou em busca de melhorar sempre, então tenho que competir nesse tipo de prova e retornarei a Europa para algumas provas em breve. Em 2013 foi o primeiro ano dedicado exclusivamente a corrida de montanha e foi quando decidi que seria preciso competir fora do Brasil e assim tenho tentado me manter, competindo nestas provas. De lá para cá tenho sempre buscado ajustar alguns detalhes, é um processo que não para, porém hoje eu já me sinto mais preparado para entrar numa competição na Europa pensando em performar bem. Tenho um domínio maior em provas de 50 milhas, porém a intenção é ajustar aos poucos para conseguir fazer melhores provas também em distâncias maiores do que está. Então foi com este objetivo que larguei novamente na Transgrancanaria, planejando uma performance e tudo quase saiu como planejado. Eu gostaria de ter feito a prova o mais perto possível das 15 hs, mas posso dizer que fiz a melhor prova dentro das possibilidades. Me preparei em dezesseis semanas e como fiz um descanso de um mês em Novembro, foi este o tempo que consegui me dedicar para esta última prova. Fico muito feliz com meu resultado numa prova tão casca grossa como esta. Deixo aqui também os meus parabéns a todos os brasileiros que competiram na Transgrancanaria nesta última edição. Agradeço a todos que acompanharam e torceram por mim. Ano que vem estarei por lá novamente!”


Para quem quiser obter mais informações sobre o evento confira aqui www.transgrancanaria.net/


Teaser da prova

 

 
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