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Melissa Arnot: Do caos a calma
Texto: Melissa Arnot
30 de março de 2014 - 20:32
 
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As primeiras imagens de Melissa Arnot rumo ao campo base do Everest: Fotos: Melissa Arnot e equipe
 

Desembarcar em Kathmandu é chegar ao caos, mas mesmo assim é o lugar onde eu sempre me sinto confortável. Os carros, pessoas e animais seguem a mesma regra de trânsito, ou seja, não existem regras.

Ultimamente tenho visto muito os noticiários falando sobre os novos regulamentos para os alpinistas, que serão obrigados a descer com uma quantidade de lixo do Everest nesta temporada. Mas aqui em Kathmandu eu gostaria de saber se tem alguém preocupado em recolher os lixos que rodeiam as casas, as pessoas e as ruas. Mas percebo que a maioria das pessoas aqui estão apenas tentando sobreviver, de modo que o lixo não é realmente a sua preocupação.

Minhas últimas semanas antes de partir para o Nepal foi muito atarefada, para dizer o mínimo. Às vezes eu sinto que estou fazendo malabarismo para conseguir conciliar tudo em minha vida. No sábado corri a Maratona de Catalina, no domingo passei os dias com os meus amigos, e na segunda-feira eu tive uma intoxicação alimentar, e fiquei doente em um hotel do aeroporto antes de entrar no longo vôo para a Ásia, na terça-feira de manhã. Passei três horas em Delhi esperando a bagagem, e em seguida em um piscar de olhos eu estava no Nepal, neste lugar onde me sinto em casa. O caos é a melhor descrição que tenho de quando chego aqui. E o caos também é a melhor descrição para o meu quarto do hotel, depois de tirei todos os meus equipamentos das mochilas para reorganizar e ver o que estava faltando.

Embalar e reembalar. Adivinhar o que eu preciso, questionar se falta algo, tentando assim me distrair com a logística que utilizarei com o grupo que vou guiar ao Campo Base, antes de escalar o Everest. Partiremos na manhã seguinte. O dia chegou cedo demais, ainda estava com sono e querendo continuar arrumando as minhas coisas. Mas sabia que o Khumbu estava esperando por mim, de modo que era melhor continuar me movendo em direção ao lugar que sei que quero estar.

Em um vôo curto chegamos em Lukla. Ou melhor, alguns de nós chegaram. Parte do grupo permaneceu, preso devido as nuvens e chuva em Kathmandu. Isso nos fez ficar uma noite em Lukla, que não estava planejado. Pra quem já ficou preso devido ao clima lá, sabe que não é um lugar que você quer ficar por muito tempo. Por isso no outro dia logo de manhã fiquei feliz em dar boas vindas ao restante do grupo que chegou e logo começamos a caminhada.

O início da jornada do Everest é uma parte importante da expedição para mim. É que desligo da preocupação das janelas de bom tempo, da escalada, da aclimatação e do cume, esses pensamentos ficam longe da minha mente. Há um certo tipo de respeito que só pode ser adquirido quando caminhamos rumo ao Everest e passar esse tempo com as pessoas que estão realmente preocupadas com o que acontece no Vale Khumbu.

Os pontos de vistas familiares servem para acalmar a minha mente das preocupações da expedição. Os picos que se elevam ao redor me fazem lembrar de apreciar onde estou. Depois de algumas horas de caminhada, todo o caos se transforma em calma, é uma sensação plena. Estou pronta para mergulhar nessa calma pelas próximas semanas, visitando lugares familiares, com novas pessoas que se tornarão pessoas familiarizadas com este lugar.

 

Sobre Melissa Arnot

Ela é a mulher que mais vezes chegou ao cume do Everest, cinco vezes. Tem apenas 30 anos, é americana e já escalou o Monte Rainier (4.392m) mais de 100 vezes e fez 4 expedições ao Aconcágua, 2 ao Kilimanjaro e a muitas outras montanhas.

 
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