Tecnologias para a confirmação de um cume
Tradução: Denis Faria - Fonte: Desnivel
14 de junho de 2012 - 10:25
 
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  • Expedi��o Miramundos Estrada Real
    Miss Oh teve seu cume contestado ap�s apresentar uma fotografia duvidosa. Foto: Divulga��o
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    Spot, uma das novas solu��es de rastreamento via sat�lite" Foto: Divulga��o
  • Expedi��o Miramundos Estrada Real
    A integra��o dos dados co Spot com o Google Earth " Foto: Divulga��o
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Miss Oh teve seu cume contestado após apresentar uma fotografia duvidosa. Foto: Divulgação

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O avanço das tecnologias baseadas nos sistemas de geoposicionamento e o seu menor custo começam a fazer com que se tornem ferramentas básicas para confirmar um cume.

Confirmar um cume, teoricamente, não seria necessário se o mundo do alpinismo fosse totalmente fiel aos seus valores éticos e alheio aos interesses mundanos como desejo de fama e dinheiro. Mas esses interesses, que são o 'modus vivendi' de vários alpinistas, e não somente dos que querem alcançar os quatorze 'oito mil', sempre criam polêmica se esse ou aquele alpinista alcançou o cume. Uma polêmica que, em certa medida, forma a história do alpinismo.

A filosofia do alpinismo é clara: somente se chega ao cume quando se pisa no ponto em que tudo que está em volta está mais baixo.

Neste sentido, uma enquete foi feita por ExplorersWeb.com ente os leitores da página (2000 votos, no total). O resultado é que cerca de 65% não admitiria margem de erro na definição de um cume. Para 22,5% dos que responderam à pergunta na internet, a margem de erro aceitável não deveria ser superior a 3 metros de desnível. Uma porcentagem ainda menor (8,5%) aceitaria que um alpinista ficasse entre 3 e 10 metros do cume, enquanto apenas 4% não acharia inconveniente se um montanhista chegasse entre 10 e 30 metros abaixo.

Mas, como assegurar-se de que um alpinista que diz ter pisado o cume de um “oito mil” realmente o tenha feito? As vezes, não há testemunhas ou as testemunhas tem tanto interesse quanto o protagonista. A tecnologia oferece algumas soluções para a questão, que eleva o nível de debate a cada temporada. Um debate que começa a assemelhar-se perigosamente ao que luta para introduzir as câmeras de televisão na arbitragem de futebol.

A fotografia do cume
Há algum tempo, mais especificamente desde que a fotografia digital difundiu-se de maneira intensa graças às câmeras compactas, a fotografia do cume tem sido a principal prova utilizada pelos documentaristas de alpinismo para confirmar as escaladas que possam apresentar dúvidas. É certo que, uma vez que haja a lei, logo aparecem meios para fraudá-la, não faltam os que tentam vender gato por lebre, publicando fotos que não se pode identificar ou lançando mão de aplicativos de edição para manipular imagens. Por isso, algumas dessas imagens foram analisadas a fundo para descobrir elementos suspeitos de manipulação ou de não terem sido feitas no lugar correto.
Elementos que se pode reconhecer nos cumes (cilindros de oxigênio, piolets, etc.), cordas que não deveriam estar lá, ângulos de fundo incorretos, iluminação desigual entre o fotografado e o fundo, linhas de píxels estranhas... são somente alguns dos indícios que podem levar a crer que haja montagem.

Além do que é visível, os originais das fotos de cume podem ser validados também a partir dos metadados, uma série de dados criados pela própria câmera nas informações do arquivo de imagem que incluem a data e a hora da fotografia, a câmera com que foi tirada, etc. Estes metadados podem ser apagados e, com maior esforço, também alterados. Mas, normalmente, as manipulações deixam marcas que, se detectadas, seria muito pior que a alegação de não possuir fotografia.

A melhor maneira de se assegurar que uma escalada é real, é dispor de uma sequência de imagens feitas pelo alpinista durante o percurso até o cume. Mesmo que a manipulação ainda seja possível, é mais complicado, pois são muitos os dados que devem combinar-se.

Geoposicionamente
O mais recente no que diz respeito à transparência na confirmação de cumes vem do campo do geoposicionamento. Algumas câmeras já oferecem a possibilidade de incorporar nos metadados as coordenadas GPS do ponto em que as fotografias foram feitas, graças a algum dispositivo adaptável. Também as câmeras integradas nos smartfones de última geração podem vincular às fotografias os dados dos GPS's trazem incorporados.

Mas os dispositivos de ponta neste segmento derivam diretamente da tecnologia GPS e foram concebidos para funcionar como localizadores em áreas externas. Desse modo, oferecem maiores garantias de operação em condições difíceis e uma durabilidade maior das baterias em baixas temperaturas, um dos principais pontos críticos de todo equipamento eletrônico nas grandes montanhas.

Com certeza, o mais conhecido de todos eles é o Spot, um pequeno e simples dispositivo GPS com transmissão via satélite. A diferença entre ele e um GPS normal, que guarda a informação dos waypoints e tracks na sua memória interna, o Spot transmite essa informação regularmente via satélite. Alguns sofisticados telefones via satélite também oferecem as funções de tracking, emitindo regularmente sua posição.

Software web para trackings
Qualquer destes dispositivos GPS com capacidade de transmissão e, inclusive os telefones móveis com funcionalidade GPS podem conectar-se com algum dos sistemas de software online existentes que recebem e interpretam esses dados, oferecendo-os como um track sobre um mapa da montanha onde é possível ver sua localização a cada momento.