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Brasileira relata tempestade que atingiu navio de cruzeiro na Antártida
Das 165 pessoas a bordo do navio grego Clelia II, só uma ficou ferida.
Embarcação foi atingida por uma tempestade na última terça-feira (7).
 
Publicado em 10/12/2010 - 00h28 - da redação - Fonte: G1
 
 
 
 

O pacote de uma viagem em um navio de luxo prometia um passeio de quatro dias para apreciar icebergs e pinguins nos mares da Antártida. Mas o que os passageiros do cruzeiro viram foi um encontro assustador com ondas de quase nove metros de altura.

O "Fantástico" localizou uma tripulante brasileira desse navio em Ushuaia, extremo sul da Argentina, para contar os detalhes dessa aventura.

Avistar terra firme foi um alívio. Das 165 pessoas a bordo do navio grego Clelia II, apenas uma ficou levemente ferida. Foi o final feliz de uma história que, três dias antes, parecia um filme de terror.

"O continente Antártico é espetacular do ponto de vista de paisagem. Eu diria que é um turismo radical. Em 24 horas, você tem todos os tipos de clima possível", conta o oceanógrafo Frederico Brandini.

Na terça-feira passada (7), o cruzeiro estava a 120 quilômetros da Península Antártica, perto das ilhas Shetland do Sul, quando foi atingido por uma tempestade.

Entre os 77 tripulantes do navio, estava a bióloga brasileira Cláudia Roedel. E ela conta tudo o que viu. "Quando eu olhei para fora, eu reparei uma onda, falei 'essa onda é muito grande. Eu preciso segurar'", lembra.

Ondas gigantes da altura de um prédio de três andares invadiram a cabine de comando do navio. "O chão estava balançando, tinha faísca para todo lado", diz a bióloga.

Ela estava ao lado do comandante naquele momento. "O que o capitão acredita que aconteceu foi que uma das partes de madeira do bote da embarcação se soltou com a onda e bateu nas janelas, quebrando as janelas."

A água causou curto-circuito nos equipamentos. O timão principal do navio foi danificado e o Clelia II ficou sem radar, praticamente, sem comunicação. Naquele momento, os passageiros assistiam a uma palestra e não perceberam nada, como mostram as imagens registradas pela americana Daniele Mates.

"No final da palestra, demos o anúncio que todo mundo deveria voltar para as cabines e ficar até segunda ordem, porque a tempestade tinha aumentado", conta Daniele.

Uma passageira conta que ficou incomodada com o balanço intenso. "Muita gente bateu a cabeça nas paredes das cabines, tinha que se segurar muito bem pra não cair", revela outro passageiro.

"Precisaram fechar a parte elétrica de várias partes. Uma das partes que foi fechada foi a cozinha. Então, não houve almoço, nesse dia, quente. A cozinha preparou sanduíches para todos. Esses sanduíches foram entregues nas cabines dos passageiros," conta a bióloga.

Prosseguir com a viagem naquelas condições seria perigoso demais. "A gente esperou, decidiu não avançar contra a tempestade," disse Cláudia.
Durante quase 24 horas, o navio ficou praticamente parado, em um dos mares mais perigosos do mundo.

"É uma massa d´água gigantesca, que corre em volta do continente Antártico. E toda aquela massa d´água tem que passar entre o finalzinho da América do Sul e a Península Antártica. Então é que nem você apertar um esguicho. Quando você aperta o esguicho, a água não vai com mais força? A mesma coisa. Aquele oceano todo é obrigado a passar por aquela passagem de Drake. E com essa velocidade aumentada e a ação dos ventos, as ondas lá são excepcionalmente maiores do que em qualquer região na Antártida", conta o oceanógrafo.

De dentro do cruzeiro, a passageira Daniele Mates registrou também o momento em que outra embarcação apareceu para oferecer ajuda. A americana Julie Jagusch conta que, nessa hora, sentiu muito medo, porque foi só ali, com outro navio à sua frente, que ela pôde perceber a força das ondas.

A embarcação se aproximou ao máximo do Clelia II, e uma corda foi lançada em direção ao cruzeiro. Foi por ela que os tripulantes conseguiram mandar este pacote, com um telefone operado por satélite. A comunicação, então, foi reestabelecida.

O Clelia II seguiu comandado por um timão de emergência, em velocidade reduzida, por mais de 900 quilometros em direção ao extremo sul da Argentina.

Valeu a pena
A aventura chegou ao fim na sexta-feira, quando o cruzeiro finalmente aportou na cidade de Ushuaia.
Os turistas, a maioria americanos entre 60 e 85 anos de idade, pagaram o equivalente a quase R$ 18 mil pela viagem, que prometia pinguins e icebergs, mas acabou com um grande susto.

"A tripulação foi maravilhosa", conta o passageiro. "Nunca ficamos com fome. Só trocaram a porcelana por copos e pratos de papel. Mas foi tudo maravilhoso." A americana Linda Mates ainda estava empolgada. "Foi muito excitante! Valeu cada centavo."

 
 
 
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