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Emília manda notícias direto do Tibet
 
 
Publicado em 20/12/2009 - 12h52 - da redação
 
 
 
  Potala Palace.
Foto: Arquivo pessoal
   
 
 
Foto 1 - Monges.
Foto 2 - Máscaras.
Foto 3 - Dragão.
Foto 4 - Arroz.
Foto 5 - Carrinho.
Foto 6 - Ovelha.

Fotos: Emilia Takahashi
   
 
  Monges
Foto: Emilia Takahashi
   
 
 
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Tibet, terra que mantém suas tradições, um vasto planalto de paisagens desérticas com altitudes entre 4000 e 5000 metros acima do nível do mar. O ar e muito seco, quase não há arvores. Ha muitos rios gerados pelas geleiras que fazem possível o cultivo de cereais e criação de animais, sustento da maior parte da população.
Para entrar no Tibet atualmente e necessário uma permissão especial da República da China. No Nepal, o único meio de obter essa permissão e através de uma agencia de turismo com um pacote organizado. Acertei um tour saindo de Kathmandu no Nepal a Lhasa no Tibet pela estrada com duração de 7 dias.
Saímos de Kathmandu com o sol nascendo. Já faz frio pela manhã, mais frio do que quando cheguei no começo de Outubro. E final de Novembro, o inverno esta chegando. Depois de umas 6 horas de estrada chegamos a fronteira e me despedi do Nepal. Trocamos o Namaste pelo Tashidelek, os vales verdejantes pela imensidão do deserto, as cachoeiras abundantes pelos rios congelados.
Dia seguinte, acordamos as 7 para o cafe da manha e meu cérebro deu um curto circuito quando vi que do lado de fora ainda estava escuro.
A China mantém um horário para o pais inteiro, mesmo com a sua grandeza. Por isso, no extremo oeste o sol começa a aparecer lá pelas 8, 8 e meia da manha. Foi quando chegamos a uma das diversas passagens que iríamos atravessar pela estrada ate Lhasa. A primeira e Nyalam Pass (3800m) e a segunda e Lalung La Pass (5050m) ambas com lindas vistas das montanhas do Himalaia: Jugal Himal, Shishapangma, Cho Oyo, Lhotse, Makalu e o Everest. Algumas pessoas apresentaram mal de altitude, a maioria com palpitação e dificuldade para dormir.
Passamos por Tingri, cidade de anciãos, muitos tibetanos em suas roupas típicas e rostos enrugados pelo trabalho na lavoura em altitude. Demoramos a escolher o que comer com o novo menu. Dez minutos não e suficiente, em quinze talvez após reler o menu algumas vezes.
Em Xigatse localiza-se o famoso Tashilumpo Monastery, o nosso primeiro. Impressionante, cheios de imagens de buda e lamas, decoração colorida e oferendas. Muitas. O povo despeja uma espécie de manteiga sobre as velas acesas. Tudo se derrete formando uma imensa massa exalando um odor característico que predomina o interior das salas. Em certas tigelas as mulheres despejam água quente. Cada oferta tem seu lugar: mel, faixas brancas, cereais... a não ser as notas de dinheiro. Elas estão em todos os lugares: nas grades, no chão, nos livros sagrados, ate em arvore tinha dinheiro colado no tronco.
O velho bazar de Xigatse não mostrou muita novidade (comparando com Kathmandu...) a não ser pela sessão de carnes de ovelha onde a mercadoria e oferecida inteira sem a cabeça, couro e vísceras. Eles "sentam" a peca como se estivesse esperando o comprador. Grotesco.
Deu tempo para um acesso a internet chinesa. A sala e imensa e impregnada pelo cheiro de cigarro. Como esse povo fuma! Em todos os lugares.
Gyantse foi a próxima cidade não muito longe. Duas horas de viagem para visita ao Khumbum Chorten e Phalkor Monastery.
No quinto dia, depois de varias passagens de 5000 metros, glaciar Karo La e do grande lago turquesa Yandrok Tso chegamos finalmente a Lhasa.
Percebi os sinais de civilização como o aumento repentino de veículos e pequenos edifícios ao longo da estrada. Não esperava a cidade que Lhasa se transformou. As avenidas são grandes e encontramos lojas de todas grandes marcas. Ha lojas de cosméticos que parecem com supermercados e supermercados que parecem lojas de departamento. Um verdadeiro choque, e eu preocupada se Lhasa tinha um sistema de correio decente para enviar parte de meus equipamentos de escalada que estavam pesando e ocupando espaço na minha mochila.
O hotel se mostrou o melhor de toda a viagem. Era uma antiga casa que recebeu uma bela reforma. Para a alegria de todos, o quarto era quente e ainda tinha aquecedor elétrico nas camas! A lâmpada do banheiro também ajudava na função de aquecer. Não tinha mais medo de acordar no meio da noite e sair da cama quentinha para ir ao banheiro.
Saímos pelas vielas estreitas e nos deparamos com a peregrinação ao redor do Jokhang Temple. Seguimos a massa que caminha no sentido horário. Na porta do templo, dezenas de pessoas realizam o movimento de ajoelha, deita, desliza mãos e braços a frente, encosta a cabeça no chão retornando com os mesmos movimentos a posição inicial repetindo inúmeras vezes, ciclicamente. Algumas pessoas passam o dia inteiro nessa pregação física.
Foi inevitável a chamada do grande Palácio de Potala que brilhava ao sol do entardecer no alto da cidade. Que emoção! Comovente estar de frente a essa maravilha da historia. A pele se arrepiou, os olhos brilharam, o queixo caiu.
So entramos no dia seguinte, com hora de visita marcada e limite de permanência de uma hora lá dentro. Das poucas salas que e permitido visita haviam os salões grandes, pequenos para receber visitas e túmulos de ouro dos Lamas... muito ouro. De 500 a 3400 quilos de ouro com pedras turquesa e coral incrustadas, muita ostentação.
Os monastérios Drepung e Sera ficam um pouco mais afastados do centro. No Drepung ha uma mandala para os turistas apreciarem. Ao vivo e impressionante. Mede cerca de 1,5 a 2 metros de diâmetro, todo desenhado com detalhes mínimos em areia colorida em alto relevo. A "casa de buda" leva em torno de 4 meses para ser finalizada com horas diárias de dedicação, para em um segundo... ser destruída, demonstrando o desapego. Um trabalho minucioso, uma obra de arte.
No monastério Sera pudemos observar a discussão dos monges. Eles sentam em grupos e discutem os ensinamentos dos livros sagrados. Um argumenta e faz questões batendo a palma das mãos. Interessante ver os monges tão exaltados e contra argumentando, ainda mais de pantufas de ursinhos. A sessão dura horas.
Encerramos nossa viagem pelo Tibet com um bom jantar com o grupo internacional: espanhóis, alemães, finlandeses, grego, belga e holandesa. Experimentei o tradicional chá tibetano de manteiga: chá com leite, manteiga e sal. Horroroso como todos disseram, todos os ocidentais. Eles tomam todos os dias...
Agora estou no trem mais alto do mundo. Uma obra da engenharia, foi inaugurado em 2006. Ha uma passagem de 5000 metros, altitude mais alta que um trem alcança hoje em dia. Me despedi do Tibet apreciando pela janela os vários rebanhos de iaques e carneiros pastando nos campos abertos, os rios congelados e pequenas vilas espalhadas na imensidão do deserto.

 
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