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Vinte anos de montanhismo e conservação
 

texto: Anderson Ribeiro
17 de agosto de 2018 - 12:50

 
Escalando o Dedo de Deus.
 

Mil novecentos e noventa e oito, férias de julho no colégio, folheava uma revista de grande circulação com intuito de fazer um trabalho escolar. Sua capa trazia um homem “cheio de casacos” no topo de uma grande montanha, tratava-se de Mozart Catão, o primeiro Brasileiro junto com o curitibano Waldemar Niclevicz a pisar no topo do mundo. Mozart era da cidade de Teresópolis no Rio de Janeiro e tinha colocado a bandeira Brasileira no alto do monte Everest no ano de 1995. Folheando a revista, pude entender melhor o que seria o tal feito e posteriormente descobrir que ele viria a morrer em fevereiro daquele mesmo ano no Monte Aconcágua na Argentina.

Até aquele dia, eu acreditava que não era possível um Brasileiro chegar ao cume do Monte Everest em função do nosso clima tropical, não entendia sobre aclimatação ou preparação física e mental, era apenas meu primeiro contato com esse mundo maravilhoso das montanhas. Foi um despertar para uma nova atividade, ou estilo de vida, adquiri mais conhecimento, descobri como dar mais valor às pequenas coisas e ver o mundo de uma forma diferente, questionando-me como o tratamos e vivemos nele.

Comecei uma grande reflexão!

Habitamos o único planeta conhecido onde existe vida inteligente, temos uma série de recursos entregues pela natureza, porém, nossa população vem crescendo absurdamente e é natural entender a escassez desses recursos. Temos o direito de permanecer nesse lugar por um tempo indeterminado, e me perguntava, o que fazer por esse planeta?

Na linha da conservação dos nossos parques, unidades ou o chamado uso público, devemos nos concentrar em cuidar da montanha. A preferência não é o escalador, caminhante, ciclista, o corredor de aventura ou o usuário, e sim o próprio ambiente natural. A montanha não tem voz, mas com ações de manejo adequado, consciente e sustentável, seremos essas vozes e chegaremos a um ponto de equilíbrio onde poderemos usufruir dessa grande biodiversidade que temos em nosso planeta.

Tenho um objetivo pessoal de proteger e conservar nossas florestas, parques e unidades de conservação. Sou guia e tenho como metas transformar pessoas, convidar amigos e fomentar os cuidados com nosso do planeta, colocar a mão da massa e, literalmente, fazer a diferença num futuro que julgo muito próximo.

Tenho uma grande preocupação com o futuro do Meio Ambiente. Certa vez, a sábia e Bióloga Verônica Rocha se fez uma pergunta:

- Por que o Meio Ambiente sempre foi negligenciado?

E apresentou como resposta:

- Provavelmente porque a natureza não vota!

De fato, essa resposta me gerou novas reflexões!

Generalizando, realmente não acredito em nossos governantes, mas acredito numa sociedade participativa, eficiente e eficaz. É nela que eu aposto. Pensamos muito em usufruir, mas precisamos devolver mais, nas unidades de conservação acredito na visitação, no uso público, nos parques abertos, sobretudo de forma consciente e sustentável.

Não tenho grandes feitos, não fiz grandes escaladas nos Himalaias, porém tenho muita história para contar ao longo desses vinte anos de montanhismo.

A experiência desenvolve nosso crescimento pessoal e profissional, nos transforma e nos ensina. Trilhar caminhos desconhecidos, enfrentar longas tempestades elétricas, fugir das chuvas de granizo, ser resgatado após uma queda, buscar pessoas perdidas, apagar incêndios em florestas, promover sorrisos, realizar sonhos, guiar, participar de conquistas, chorar nas alvoradas, se emocionar ao pôr do sol, receber um reconhecimento, mobilizar pessoas, plantar, manejar, descobrir novos caminhos ou ouvir que por quatro horas eu mudei a vida de alguém, pelo simples fato de tê-lo guiado numa trilha, são vivências.

Um outro amigo me disse:

- Anderson! Esses são os seus feitos!

- Sim! - respondi.

- Estou escrevendo um livro. – risos.

Guiando nas montanhas aprendemos o real sentido das palavras.

Projetar um desafio, montar uma expedição e viver essa experiência possibilita descobrir a razão de um verdadeiro objetivo.

Ao longo de um grande caminho, incentivar amigos a continuar enfrentando obstáculos naturais, mesmo que o clima esteja desfavorável, é ascender e valorizar o espirito de equipe.

Viver pendurado em grandes encostas preso a equipamentos, lidando com ventos ou raios, trabalhamos nosso psicológico e conhecemos o verdadeiro sentido da palavra medo.

Lidar com problemas, tomar decisões a curto prazo, optar pelo melhor caminho, ter iniciativa num plano de resgate, estimular sua inteligência emocional ou uma tomada de decisão assertiva, nos torna verdadeiros líderes.

Ao chegar no alto de uma montanha e poder contemplar o pôr do sol ou sua alvorada, é natural entender o real significado da paz.

Essas são apenas algumas das várias respostas que encontramos quando vivemos e percorremos pelas encostas ou cristas das nossas grandes montanhas do planeta.

Nesse tempo, busquei me envolver em grandes projetos, multiplicar boas ações e me unir com aqueles que tem o mesmo propósito. Nesse caminho conheci algumas pessoas e por uma série de razões encontrei nelas algo enriquecedor ou especial, e com outras dividi grandes aventuras e aprendizado.

Como não reconhecer as bandeiras brasileiras tremulando nas mãos dos montanhistas Rodrigo Raineri, Vitor Negrete, Carlos Santalena, Mozart Catão, Alexandre Oliveira e nas mãos do viajante Amyr Klink. Como não se inspirar no equilíbrio de Gideão Melo, na força de Pemba Sherpa ou nas conquistas de Flávio Daflon, Bernardo Collares, Alexandre Portela, Sérgio Tartari, Francesco Berardi ou das lentes de Peterson Almeida, Vitor Marigo, Felipe Lombardi e Marcelo Rabelo. Como não ter orgulho dos projetos humanitários e feitos de Karina Oliani, Andrei Polessi ou da determinação de Thaís Pegoraro, Jennifer Benetti e Felipe Camargo. Como não viajar nas expedições ou livros de Elias Luiz, Waldemar Niclevicz e Maximo Kausch. Como não parabenizar os conservacionistas Pedro Menezes, Jeremias Freitas, Ivan Terra Limpa, Chico Schnoor, Alex Vieira, Richard Smith, Beto Mesquita, Adriano Mello, Marcelo Mona, Roberta Campelo e guias como Hercules Avolio, Marcelo Crux, Cintia Daflon, Augusto Legal, Dirlei Silva, Thiago Haussig, Flávio Leone, Horácio Hagucci ou Dinho Pedrinha. Como não falar do engajamento de Vinicius Viegas e Rodrigo Fernandez pelo Turismo de Aventura ou montanhistas como Nelson Barretta, Alex de Castro, Zé Mária, Arthur Costa e os braços fortes do voluntariado: Claudia Pereira, Taninha Flu, Mônica Lemos, Alane Oliveira, Thiago Martins, Ana Popescu e Sávio Teixeira. Acrescento, ainda, as grandes aventuras com meus irmãos Alessandro Ribeiro, Adriano Ribeiro e também com meus amigos Marlon Regis, Jeremias Freitas, Leonardo Mendes, Anderson Arruda, Bruno Camerano, André Camerano e minha querida esposa Verônica Rocha, além de muitos e muitos outros, não menos importantes.

Durante todo esse tempo caminhei sozinho, fui de Federações de Montanhismo, clubes, grupos e atualmente lidero a AVEC Trilhas (Empresa de Turismo de Aventura sustentável no Rio de Janeiro), componho a Diretoria da ACTA (Associação Carioca de Turismo de Aventura), sou um dos fundadores e Coordenadores da Trilha Transcarioca (1° Trilha de Longo Curso do Sistema Brasileiro de Trilhas), Componho a Diretoria da APAVIDA (Consultoria ambiental e atividades ao ar livre), sou embaixador no Rio de Janeiro do Instituto DHARMA (Projetos de ajuda humanitária no Brasil e no mundo), Colaborador aqui do Portal Extremos (o maior portal de aventura do Brasil e um dos maiores do mundo), além de palestrante e conservacionista.

Nesses meus vinte anos de montanhismo na busca por um planeta melhor, desejo aos meus companheiros de jornada paz, percepções, vida longa, luz e muito reconhecimento.

Conservação, respeito, equilíbrio e amor é o que eu desejo para nossas montanhas.

Há sete anos meu caminho está ainda mais rico. Hoje, conto também com a companhia do meu filho Pedro, com quem multiplico o amor e respeito pela natureza.

Namastê!
Abraços verdes!
Anderson Ribeiro Montanha

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