Um estudo realizado por psiquiatras da Universidade Médica de Innsbruck e especialistas em medicina de emergência nas montanhas da Eurac Research, em Bolzano, destacou a probabilidade de surgirem problemas psiquiátricos relacionados à alta altitude. A análise científica sistemática culminou na definição de uma nova síndrome denominada "psicose isolada de alta altitude" (Isolated psychosis during exposure to very high and extreme altitude), caracterizada por sintomas como o sentimento de ser perseguido, proferir frases sem sentido ou mudar de caminhos sem razão aparente.
Os resultados foram publicados na revista "Medicina Psicológica", marcando a primeira seleção e análise de 80 episódios de psicose registrados na literatura de montanhismo.
Um caso notório foi o de Hermann Buhl, que experimentou alucinações visuais e auditivas enquanto descia sozinho do Nanga Parbat em 1953. Segue-se um trecho de "É Escuro na Geleira", onde Buhl narra sua experiência:
Nessas horas de extrema tensão, uma sensação estranha me dominou. Eu não estava mais sozinho! Havia alguém me protegendo, observando-me, garantindo minha segurança. Eu sei, é um absurdo, mas o sentimento persistiu. [...] Voltei para pegar minhas luvas. Elas haviam desaparecido. Inclinei-me, buscando ajuda do enigmático companheiro. [...] Seria um fantasma brincando comigo? Contudo, ouvi claramente aquela voz familiar.
O Fenômeno Entre Brasileiros
Durante a escalada do Everest, em 6 de maio de 2011, Carlos Santalena e Carlos Canellas chegaram exaustos ao Campo 4 (8000m) e, por rádio, solicitaram permissão para usar a barraca de um montanhista inglês, a fim de se abrigarem e prepararem algo para comer e beber. Ao tentarem acender o fogareiro, os fósforos falharam. Olhando para fora da barraca, avistaram um Sherpa, o que lhes pareceu estranho, já que sabiam estar sozinhos no acampamento. Santalena aproximou-se do sherpa em busca de fósforos, mas recebeu um gesto negativo. Retornando à barraca sem sucesso na tentativa de acender o fósforo, ao abrir a porta novamente, viu o Sherpa se levantando de uma pilha de cilindros de oxigênio e caminhando em direção a um abismo, desaparecendo na névoa e no gelo. Preocupados, comunicaram-se via rádio com a equipe no Campo Base, que confirmou estarem sozinhos no acampamento, sem nenhum Sherpa àquela altitude.
No dia seguinte, durante o retorno do cume, Canellas optou por uma corda velha para fazer rapel, seguido por Santalena. Ao concluírem, Santalena questionou a escolha da corda velha, havendo uma nova ao lado. Canellas justificou ter visto alguém utilizando a nova corda. Ao retornarem ao acampamento, uma nova confirmação via rádio reiterou que estavam isolados naquele trecho.
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