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Rio abaixo com Pedro Oliva
Quem disse que o Brazilian Storm é apenas no Surf?
Confira duas conquistas inéditas de Pedro Oliva para o caiaque Brasileiro em 2015.
 

da Redação: Elias Luiz
21 de dezembro de 2015 - 15:16

 

Pedro Oliva em busca de corredeiras em Torngat, Canadá. Foto: Erick Boomer
 

A redação do Portal Extremos bateu um papo com Pedro Oliva, um ícone mundial do caiaque de exploração. Pedro é o único atleta sul-americano a compor o THULE Crew, uma equipe de atletas profissionais patrocinados pela THULE, empresa Sueca, líder mundial em soluções de transporte de equipamentos esportivos. Junto com seus companheiros, os americanos Ben Stookesberry e Chris Korbulic, ele passa até 200 dias por ano viajando pelo mundo em busca das melhores cachoeiras e corredeiras do mundo. As aventuras de Pedro podem ser conferidas no programa Kaiak, no canal OFF, que já está no ar em sua quarta temporada e também em projetos especiais como aquele realizado em parceria com o Planeta Extremo da TV Globo, apresentado pelos repórteres de aventura Clayton Conservani e Carol Barcelos, levando, dessa maneira, a modalidade caiaque extremo ao lar de milhões de brasileiros.

O atleta, que iniciou sua trajetória no caiaque, no Rio Paraibuna, atualmente, já visitou mais de 45 países, passando por praticamente todos os continentes, não somente em busca das melhores corredeiras e de adrenalina, mas também com o objetivo de conhecer e registrar a cultura local dos mais inóspitos lugares que se visitam, sob um olhar de quem respira caiaque, literalmente, 24 horas por dia. O resultado disso é facilmente compreensível quando vemos a qualidade dos projetos apresentado por Pedro.

No momento, o atleta está de volta ao Brasil, para planejar as próximas expedições e, também, para apresentar o resultado de uma temporada vitoriosa e que ajudou a consolidar a carreira do atleta, contribuindo, não só para a modalidade caiaque, mas também, agregando um importante projeto socioambiental que pode ser um divisor de águas para pesquisas que envolvem o Rio Paraíba do Sul. Nesse rio, foi desenvolvido o “Projeto Cachoeiras”, que consistiu em percorrer, aproximadamente, 1.130 quilômetros, navegando da nascente do Rio Paraiba do Sul até onde ele desaguano mar. O projeto foi realizado através de uma parceria inédita junto ao INPE, CEMADEN, UNESP e diversas outras instituições que se uniram para somar forças, tendo o atleta utilizado, para estudar a qualidade do rio, a colheita de amostras de água, de ar, etc.

Adventurers of the Year

Para celebrar uma temporada fantástica, Pedro e companhia receberam, da National Geographic, o prêmio “Adventurers of the Year”, na categoria caiaque de exploração e, agora, concorrem com atletas de diversas modalidades ao prêmio final de melhor expedição do ano. Pedro foi o primeiro atleta Brasileiro a ter conquistado esse prêmio.

• Dê o seu voto: "Adventure of the Year" - Pedro Oliva

     
     

Confiram abaixo uma entrevista, na integra, com o atleta e conheça um pouco mais estes dois projetos.

Pedro, pode nos contar como você iniciou no Caiaque? Como e onde começou sua trajetória como atleta?

Iniciei no caiaque há aproximadamente 18 anos. Apaixonado por esporte desde criança, eu dei muitas cambalhotas no Kung Fu, na ginástica olímpica, no futebol e no surf, antes de começar a trabalhar como monitor ambiental. Logo que entrei, pela primeira, vez na calha de um rio e fluí com a corrente a bordo das embarcações de rafting, eu me senti como um peixe voltando para água. De então em diante, uma série de experiências, primeiro no Brasil, e logo em seguida, ao redor do mundo, me fizeram um especialista no assunto cachoeiras. Como atleta, iniciei minha trajetória profissional em 2005, quando conquistei meu primeiro recorde nacional, após uma viagem de 10 meses no Equador. Ao retornar para o território brasileiro, fui convidado para me profissionalizar, quando consegui o meu primeiro patrocínio. Trabalho em equipe, para mim, é algo primordial, principalmente em situações de risco, em que vivenciamos, em áreas remotas e passando por riscos extremos.

Como conheceu seus companheiros de expedição?

Ao longo desses anos, sem dúvida, as pessoas mais importantes para mim foram Ben e Chris, meus companheiros de equipe por quase uma década. Conheci o Ben no Canada em um campeonato mundial de caiaque, logo em seguida, Ben veio para o Brasil e, assim, iniciamos nossas primeiras expedições em busca das maiores cachoeiras do planeta. Ben é amigo, mentor, companheiro, mestre e professor. Ele é o mais experiente do grupo, foi ele quem iniciou Chris nesse cenário, trazendo-o para o Brasil, em 2009, quando o conheci. Daí em diante, nós três, ano após ano, seguimos juntos em projetos. Na expedição para Papua Nova Guiné, tivemos, pela segunda vez, o privilégio de remar com Benny Mar, um remador canadense de grande renome mundial, que trouxe novo ânimo e muita energia para nossas conquistas.

     
     

Como surgiu o convite para integrar o THULE Crew?

No final de 2013, a THULE buscava um atleta para adicionar ao seu time, um atleta sul-americano. Na primeira lista de indicados, surgiram 50 nomes de diferentes modalidades e, após um período de estudos e análises sobre o perfil de todos os atletas e suas modalidades, cheguei ao final do processo então, juntamente com uma atleta de Surf, como os dois principais candidatos. Por fim, eu recebi uma ligação, confirmando o convite. Basicamente, foi como um jogador de futebol ser convocado pela primeira vez para a seleção brasileira. A THULE, para mim e para o mundo, é uma referência. Depois de conhecer a sede e a equipe na Suécia, eu me tornei ainda mais apaixonado pela marca e seus valores que coincidem muito com os meus, como a visão e os planos futuros da empresa, a estratégia, a tecnologia, o apoio a projetos sociais e o investimento efetivo para que mais pessoas possam ter um estilo de vida ativo e em contato com a natureza, tendo inclusive uma linha especifica para fomentar que crianças sejam inseridas no mundo outdoor. Dentro desse contexto todo, eu pude visualizar a minha família toda fazendo parte comigo de um projeto muito maior do que eu poderia, inicialmente, pensar. Isso me deixa muito entusiasmado para desenvolver os meus projetos!

 

Teaser do Programa Kaiak do Canal OFF
 

Como você analisa a modalidade em nosso país?

O Caique extremo, em nosso país, é um esporte bem pequeno, quando falamos em número de praticantes, porém por ser, entre as modalidades da canoagem, a mais intensa e impressionante, têm grande visibilidade acredito que, pela plasticidade do esporte, o caiaque fluindo em queda livre ou em meio às corredeiras, proporciona, para o espectador, uma sensação única e imagens belíssimas; assim, o esporte têm o espaço que merece. Foram milhares de matérias para a TV brasileira em rede nacional e nos horários mais nobres. Damos um grande salto nos últimos 5 anos. O esporte é conhecido e tem um grande e ótimo caminho pela frente a ser trilhado, mas isso depende, claro, do que os atletas de hoje ainda podem fazer e, principalmente, da próxima geração que recebe esta difícil missão de dar continuidade a este esporte que é um porta-voz dos rios e de seus ecosistemas.

Sabemos que você será um dos comentaristas para a modalidade na Olimpíada do Rio de Janeiro. Pode nos explicar o que diferencia a modalidade expedição e a modalidade olímpica?

Atuei no evento teste, o “Aquece Rio”, pela primeira vez na minha carreira como Announcer, e estou integrando a equipe de comunicação do comitê na área de Sports Presentation, apresentação esportiva, soltando a voz para interagir com o público. Ainda não sei ao certo como será em 2016, mas pelo que pudemos ver, no evento teste, em novembro, promete!

 
Papua Nova Guiné. RedBull.
 

Acredito que os jogos 2016 poderá deixar um legado para a modalidade localmente? Qual atleta brasileiro irá participar? Temos chances?

Os Jogos 2016, sem dúvida, deixarão um legado. Pelo que percebi, a organização do evento 2016 está surpreendendo, obras sendo entregues dentro e antes dos prazos, cidades olímpicas e arenas esportivas que irão ficar para suas respectivas federações com a missão de aproximar a sociedade do esporte. No caso do estádio de canoagem slalom, o empreendimento foi levado para a área de Deodoro, uma comunidade carente de áreas públicas. Assim, após os jogos, toda a arena será transformada em um grande parque público radical, que terá uma imensa piscina, a pista de slalom, pista de BMX, áreas para caminhadas e corridas, entre outras atividades físicas. Em um período tão difícil para nosso país, as olimpíadas serão um suspiro de alegria e esperança através do esporte.

 

Benny Marr em Papua Nova Guiné. Foto: ReelWater
 

O que representa, para você, ter recebido o prêmio Adventurers of the Year na categoria caiaque expedição? Explique-nos um pouco mais sobre o projeto Gran Canyon Pacific?

Para mim, é o maior reconhecimento que já tivemos. Em nossa modalidade, Caiaque Exploração, não existem troféus ou campeonatos, por isso nosso maior prêmio acaba sendo a própria natureza, e curtimos isso de forma isolada e sem plateia. O prêmio, organizado pela Nat Geo, para mim, é a principal premiação entre os todos os prêmios especializados em aventura no mundo. Está sendo como ganhar um campeonato mundial. A expedição com a qual conquistamos essa premiação foi realizada na Papua-Nova Guiné, nas corredeiras inexploradas do rio Beriman e foi batizada de "Grand Canyon Pacific". Para aqueles que quiserem conhecer mais detalhes deste projeto e votar em nossa expedição clique aqui.

 

Teaser da NatGeo para o Aventureiro do Ano Pedro Oliva
 

Poderia nos apresentar um pouco do que foi o projeto Cachoeiras e o que o projeto representou para você e todos os envolvidos?

O projeto Cachoeiras foi um sucesso, pioneiro no conceito de unir a ciência e o esporte com a sociedade. Uma mistura que obteve um incrível sucesso. Para se ter uma ideia, foram mais de 390.000 dados registrados ao longo de 1137 km do Rio Paraíba, 39 municípios visitados e milhões de pessoas alcançadas através dos noticiários e publicações virtuais e impressas.

Confira o vídeo publicado na Globo Play: Projeto Cachoeiras mapeia a qualidade da água e conscientiza a população. Programa usa a tecnologia para estudar o rio Paraíba do Sul.

     
     

Quais os projetos que você já está trabalhando, pensando na próxima temporada?

No próximo ano, teremos muitos projetos a serem realizados, e meu foco está na realização da segunda edição do projeto Cachoeiras e na nona temporada do programa Kaiak na Globosat.

Quais os equipamentos que você utiliza?

Utilizo diversos equipamentos. Como costumamos muito acampar, são centenas de itens, que vão do saco de dormir, das barracas até os principais que são o caiaque, o capacete e todos os outros necessários para a prática da atividade de forma segura. A logística deve ser toda pensada para transportarmos todos esses equipamentos da maneira mais segura e prática possível. Sou muito sistemático com isso tudo, com o objetivo de facilitar nossa rotina ao extremo. São detalhes que fazem toda a diferença em uma grande expedição. Precisamos dos melhores equipamentos do mundo a todo momento. A THULE nos fornece os racks para os nossos carros, organizadores, duffels e mochilas. Recentemente, comecei a usar também dois cases que protegem meu celular. O THULE Atmos X3 protege meu telefone contra quedas no dia-a-dia e, quando vou para a água, mudo de case e uso o THULE Atmos X5, um case totalmente estanque e que foi lançado pela marca poucos dias atrás aqui no Brasil. Com a linha THULE Legend, protejo minhas Go Pro’s. Também tenho um computador à prova de água. Todos são itens que fazem a diferença na minha vida, tornando o dia-a-dia mais prático, confortável e seguro. Sem todo esse equipamento seria difícil registrar a emoção de estar dentro dos rios.

 
Imagens aéreas das Cataratas do Iguaçu.
 

Quem são os seus patrocinadores e apoiadores atualmente?

É muito bom trabalhar em projetos e parcerias a médio e longo prazo, poiso imediatismo têm seu preço, e quem acaba pagando este preço é a própria natureza. Repare que somos o que consumimos, e, hoje, consumo o que me faz bem. Meus patrocinadores são THULE, Mitsubishi Motors Brasil, BiO2 Organic e HB. Conto também com muitos apoiadores que, de alguma forma, me auxiliam a viabilizar todos esses sonhos, tais como Kailash, Tracking System e Go Pro.

Qual dica você poderia passar para aqueles que estão começando a praticar o  caiaque?

Minha principal dica é começar aos poucos, remando em águas calmas, lagos e represas. A pesca esportiva, a bordo de um caiaque, também é uma ótima dica para quem quer se aproximar do universo dos rios. Utilizar colete salva-vidas e se preparar para sua aventura é muito importante, considerando viradas de tempo e temperaturas. Nada melhor que previnir para que sua aventura seja uma ótima experiência e você possa contar lindas e emocionantes histórias para seus amigos

 

Pedro Oliva
 

Pedro Oliva

Recordista mundial em 2009, completa, em 2015, vinte anos de carreira, sendo o ano mais marcante em sua trajetória. Abaixo, algumas informações que coroam essa trajetória.

2015 foi um ano mais que especial, quando me parece que todos os esforços, ao longo da última década, vieram à tona, representados em números ou premiações ao redor do mundo, sinto que a vida não é feita somente de desafios esportivos, pois, por trás dessas aventuras e dessas imagens espetaculares, hà momentos de angústia e de sofrimento. São desafios dentro e fora da água. Por fim, superar e, ao amanhecer do novo dia, lutar em busca dos seus sonhos e objetivos, isso pra mim que é vitória. 2015 foi o ano mais vitorioso de minha vida.

• 120 episódios para programas sobre o tema de caiaque na televisão brasileira.
• Indicado ao prêmio Canoe & Kayak awards 2015.
• Projeto Cachoeiras – um marco científico, unindo esporte, ciência e sociedade.
• Eleito Exploração do ano pela National Geographic
• 80 primeiras descidas em 6 continentes por mais de 45 países

Dedico essa trajetória esportiva a minha família, Ben Stookesberry, Canal Off, aos meus patrocinadores e ao Christian Machado, que me impulsionaram a essa incrível trajetória. Se parasse hoje, já estaria satisfeito, mas me parece que, como nos rios, na vida, após uma curva, hà sempre um novo desafio.

Pedro Oliva
 
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