Extremos
 
Corpo de alpinista é achado 32 anos depois no Mont Blanc
 
Texto: BBC Brasil
12 de julho de 2014 - 17:50
 
Milhares de alpinistas se arriscam no terreno perigoso do Mont Blanc todos os anos. Foto: Elias Luiz
 

O corpo de um alpinista desaparecido há 32 anos enquanto escalava o Mont Blanc foi descoberto recentemente a 2,7 mil metros de altitude, revelou a imprensa francesa nesta semana.
O corpo do francês Patrice Yvert, que treinava para ser guia de montanha e tinha 23 anos quando desapareceu, foi localizado por alpinistas que caminhavam por uma geleira na região, a Talèfre.

O Mont Blanc, situado na França e na Itália, é o pico mais alto da Europa ocidental, com 4,8 mil metros de altitude.

O corpo foi identificado graças à carteira de identidade no casaco, da mesma cor que havia sido declarada pelo pai da vítima para auxiliar as operações de resgate na época.
Yvert, originário de Chamonix, Mont Blanc, havia desaparecido em março de 1982, ao tentar escalar sozinho a parte oeste da chamada Agulha Verde, a 4,1 mil metros de altitude.

Mas as condições meteorológicas se deterioraram fortemente durante a escalada e avalanches ocorreram. Devido às péssimas condições climáticas, as equipes de resgate tiveram de esperar para sobrevoar a região em helicópteros.

Vários voos foram efetuados após o desaparecimento de Yvert, mas os socorristas não conseguiram encontrar nenhum vestígio do alpinista pela montanha.
Uma equipe de resgate conseguiu partir a pé dois dias depois do desaparecimento de Yvert, fazendo o mesmo percurso que ele havia feito, mas também não conseguiu localizá-lo.

Família
Os amigos de Yvert, que o haviam acompanhado até um certo trecho da escalada, afirmaram que o perderam de vista no momento em que ele chegava ao pico da Agulha Verde.
O pai do jovem alpinista, Gérard Yvert, diz ter vivido sentimentos contraditórios após ter sido informado sobre a descoberta do corpo pela polícia da montanha.

“Não é um alívio. Pensava que morreria antes que o encontrassem. Teria preferido que ele ficasse lá no alto. Ele estava melhor na montanha do que em um caixão.
Nesses anos todos, passei muitas vezes pela área. Talvez ele estivesse a apenas cinco ou seis metros de mim.
Desde os 8 anos, ele só pensava na montanha. Fui eu que o levei para esquiar, quando ele ainda era bem jovem.
Penso que ele chegou ao pico durante o mau tempo e decidiu descer por uma outra parte, o corredor Whymper ”__ disse o pai, Gérard de 80 anos, à rádio RT

A polícia não autorizou que ele visse os restos mortais, que estariam bastante deteriorados, apesar das baixíssimas temperaturas.
Especialistas acreditam que a falta de visibilidade por causa do mau tempo fez com que o alpinista caísse em uma fenda da geleira de Talèfre.
Segundo Gérard, seu filho deverá retornar à montanha. Suas cinzas serão dispersadas no Mont-Blanc em um voo de helicóptero.
De acordo com a imprensa francesa, cerca de 130 alpinistas permanecem desaparecidos no maciço do Mont-Blanc desde 1950.