Montanhista
 
 
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Monte Roraima
Gasolina barata, caminhada em meio a lama, paredões imensos e muita natureza
 
 
 
Publicado em 15/04/2011 - 09h01 - Emilia Takahashi
 
 
 
MONTE RORAIMA - Toda a beleza do tepuy ao amanhacer. - Foto: Emilia Takahashi
 
 
 
 

Depois de atravessar a Venezuela a preço de banana, graças à gasolina que é mais barata que água, finalmente cheguei no Mundo Perdido dos tepuyes.
Tepuy são plataformas enormes, curiosas formações de montanhas de bilhões de anos que se elevam no horizonte da região fronteiriça entre Guiana, Venezuela e Brasil.

 
 

Partimos da vila de Paraitepui no calor da Venezuela, nuvens cobriam o topo dos tepuyes Kukenan e Roraima. A caminhada é plana com subidas e descidas leves. Quatro horas depois, passamos pelo acampamento do rio Tek e atravessamos o primeiro rio. A água bate nas pernas, para mim, nas coxas. Mesmo com o conselho de que seria melhor atravessar o rio de meias, atravessamos descalços com os pés deslizando sobre as pedras e os puri puris, ágeis borrachudos, comendo nossas canelas. Um pouco mais adiante, atravessamos o segundo rio, o Kukenan para chegarmos no nosso acampamento.

No segundo dia a trilha segue plana, mas depois de umas duas horas começa a subir. Uma chuva caiu, não intensa, mas leve e densa. Paramos para um lanche no acampamento militar, e pouco mais de uma hora, chegamos no acampamento base. A impressão foi a pior possível, lama e barro por todos os lados, muita sujeira e acampamento lotado, mas estávamos aos pés do big wall.

O dia da subida chegou. A trilha sobe íngreme em direção ao paredão e seguimos por um sobe e desce colado à parede gigante. O calor úmido é refrescado em uma das últimas partes da subida, uma travessia linda sob as gotas da cachoeira chamado de passo das lágrimas. Um pouco mais de esforço e finalmente: Bem-vindo ao Mundo de Roraima!

Não é à toa que os tepuyes são considerados locais sagrados pelos indígenas, as formações rochosas revelam um outro mundo lá em cima como se fosse um grande altar. Caminhamos em direção ao nosso "hotel", como são chamados as cavernas dormitórios, ao lado de um abismo e felizmente tivemos uma vista espetacular paredão abaixo.

Encontramos vale de quartzos, plantas endêmicas, sapinhos em miniatura, cachoeiras, orquídeas, plantas carnívoras a até jacuzzis naturais. Chuva, neblina e sol faziam rodízio durante o dia, pena que tivemos só um dia para explorar o território.

A descida teve um gostinho de tristeza de estarmos deixando aquele platô mágico, mas ganhamos um dia maravilhoso ensolarado que foi fechado com chave de ouro em um pôr do sol magnífico de despedida.

Os indígenas veneram, inspira Conan Doyle a escrever o Mundo Perdido, suas paredes instigam escaladores... o Monte Roraima é um entre mais de cem tepuyes.

 
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Sempre foi aventureira e já escalou diversas montanhas no Brasil e realizou diversas trips pela América do Sul.

Já escalou as duas das 7 montanhas mais altas de cada continente, conhecido como "Projeto Sete Cumes".

Em 2009 foi demitida, mas não se deu por vencida e colocou a mochila nas costas para realizar esta que até então é a sua maior aventura. Nesta aventura passou pelo Nepal, Tibet, Vietnã, Laos, Indonésia, África do Sul, Malaui, Namíbia e Tanzânia.

Em outubro de 2009 foi a primeira mulher brasileira a escalar o Ama Dablam (a jóia do mundo), uma das montanhas mais bonitas da Cordilheira do Himalaia.
 
 
 

2010
Kilimanjaro (Tanzânia) com 5.891 metros

2009
Ama Dablam (Nepal) com 6.812 metros

2008
Aconcágua (Argentina) com 6.962 metros