MANOEL MORGADO
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Manoel Morgado
 
20/10/2009 - 13h27 - Manoel Morgado
 
 
 
  Noite de festa em Kathmandu.
Foto: Divulgação
   
 
 
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Quando cheguei em Katmandu após o árduo mês no Cho Oyu estava exausto. Tinha emagrecido uns bons quilos e a altitude tinha cobrado seu preço. Tudo que queria era alguns dias sem fazer nada, apenas dormir e comer. Tambem sentia que após tantos dias de convivência tão próxima com outrs nove pessoas eu precisava de um pouco de paz e solidão. A Andrea estava em uma wave lenght completamente diferente. Após os rigores da montanha queria praia, boa comida, festa e gente diferente. Decidiu passar dez dias em uma ilha na costa leste da Tailândia. Eu tomei um rumo muito diferente. Fui para Pokara, uma cidade 200 quilômetros a oeste de Katmandu a beira do lindíssimo Lago Fewa e a poucos quilômetros das Annapurnas. Mas, o que me atraia lá não eram as montanhas e sim um pequeno centro budista que se encaixava perfeitamente no que deseja. E lá passei dez tranquilos dias, escrevendo, lendo e meditando.

Minha rotina nesses dias foi muito simples. Acordava na hora que acabava o sono, normalmente as sete, tomava um banho gelado, lá tudo era muito simples, ia para a gompa (sala de cerimônias em um monastério budista) para meditar por uma hora e tomava café da manhã. O menu não era variado, então normalmente comia uma panqueca de banana e tomava um prato de yogurte.

Ia então para o meu pequeno e simples quarto e escrevia até o horário do almoço que invariavelmente consistia de arroz, lentilhas e alguns legumes. Sentava na varanda e lia por algum tempo. Lá li um livro que se chama "The Art of Travel" onde o autor Alain de Botton analiza o porque viajamos e o porque frequentemente acabamos nos desilusionando com o que encontramos. Mais tarde voltava a escrever ou ler até o anoitecer.

Durante esses dias senti meus níveis de energia voltarem progressivamente e após dez dias estava pronto para voltar para o divertido caos de Katmandu.

Durante esses dias em Katmandu estava acontecendo um dos mais importantes festivais hindus do Nepal, o Diwali. Ele pode ser comparado de uma certa forma com nosso Natal. As famílias se juntam, as casas são enfeitadas e na noite principal todas as casas fazem elaborados desenhos no chão em frente a porta principal e velas são colocadas em todas as faixadas. Katmandu fica maravilhosa. As crianças vão de casa em casa cantando uma música tradicional e pedindo dinheiro e por toda a parte há um clima de festa com ainda mais sorrisos do que já é normal para os alegres nepaleses.

Também aproveitei esses dias para praticar mais um pouco escalada em rocha e fui a um muro de escalada artificial. Cada vez mais gosto deste esporte e vou me dedicar a ele com mais frequência. Após mais de duas semanas sem atividade física alguma me sentia pronto para voltar a ativa afinal tenho dois trekkings longos pela frente, um de dezoito dias e o outro de 15 dias.

Enquanto escrevo espero os clientes do primeiro grupo chegarem do aeroporto. Esta será meu quadragésimo segundo trek ao campo base do Everest e estou muito feliz de estar voltando mais uma vez a este lugar tão especial.

Uma coisa será nova neste trekking. Pela primeira vez verei o Cho Oyu depois da escalada. Tenho certeza de que vou me emocionar...

 
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