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Até o fim do mundo
A chance de cruzar as planícies patagônicas rumo à cidade mais austral do planeta
atrai aventureiros de todo o mundo pela deslumbrante Ruta 40
 
Publicado em 28/01/2011 - 10h59 - Texto e fotos: Pedro Cattony e Otávio Lino
 
 

A Ruta Nacional 40, ou simplesmente Ruta 40, é um símbolo nacional argentino tão lendário e importante para os hermanos quanto a Route-66 para os norte-americanos.

Tamanha popularidade é compreensível. Com mais de 5.200 km de extensão, trata-se de uma das maiores rodovias do mundo, variando entre o nível do mar e mais de cinco mil metros de altitude em plena Cordilheira dos Andes. Ao todo, são 27 passagens pela cordilheira, 18 por importantes rios entre as 11 províncias e 20 Parques Nacionais que a estrada corta. Não seria exagero dizer que ela é uma parte das memórias da Argentina escrita com asfalto e cascalho.

 
 

Independente do destino que quiser alcançar nessas terras, a estrada já é um atrativo. Paisagens inóspitas alternam-se com a imponência dos Andes, que, por vezes, fica paralelo à estrada, evocando a grandiosidade da Patagônia Argentina e suas estepes, lagoas, geleiras monumentais e fauna exuberante.

Tais cenários foram eternizados nas telonas de cinema em "Diários de Motocicleta", em que Che Guevara e seu amigo Alberto Granado cruzam imensas estepes, lagoas e geleiras monumentais, sempre habitadas por uma rica fauna.

O desafio de cruzar essas terras que inspiraram o mais famoso guerrilheiro latino-americano, enfrentando as fortes rajadas de vento, os milhares de quilômetros de cascalho e o isolamento, instiga aventureiros de todo o mundo, motivados a conquistar um dos cenários mais selvagens da América do Sul.

Após nosso segundo pôr do sol na estrada, já quase dez horas da noite, nos vimos a centenas de quilômetros de qualquer povoado. Sem muitas opções, aceitamos o desafio de encostar o carro à beira da grande rodovia, montando nossas barracas protegidas por uma formação rochosa que podia ser avistada de muito longe, exibindo rochas que testemunham a fauna e a flora em constante luta contra a aridez da planície patagônica.
Durante algumas horas, ficamos ali, calados, sentados, olhando o horizonte. Acompanhando os últimos raios de sol daquele longo dia, nos impressionamos com a noite clara, repleta de estrelas, que vinha nascendo. Depois de uma noite fria, amenizada por uma pequena fogueira, encaramos cenários que, aos menos atentos, podem parecer repetitivos: cascalho, poeira, lebres, raposas e guanacos, mas o desafio se renova a cada quilômetro rodado.

ABAIXO DE ZERO
Cerca de 1.800 km ao sul levam às geleiras de El Calafate e El Chaltén e ao fim do mundo: Ushuaia, a cidade mais austral da Terra.
Em El Chaltén, é possível navegar pelo Lago Viedma e caminhar sobre a imensa geleira de mesmo nome. Com o silêncio, pode-se ouvir os ruídos do gelo quebrando e abrindo passagem para grandes blocos que caem na lagoa. O lugar ainda abriga a majestosa geleira de Perito Moreno, conhecida por sua beleza intrigante.
O caminho entre El Chaltén e Ushuaia ainda reserva uma surpresa. Nos desviamos da Ruta 40 e fomos até Punta Arenas, na Patagônia Chilena, para margear o famoso estreito de Magalhães. Este canal marítimo foi descoberto por Fernando Magalhães em 1520, quando realizou a primeira circunavegação no globo. Ali, em frente ao mar, estão navios abandonados na estância São Gregório, hoje uma vila fantasma abandonada, que é considerada, assim como as embarcações, patrimônio histórico do Chile. Dali, ainda faltam muitos quilômetros atravessando a Terra do Fogo até Ushuaia. Mas o caminho revela seus encantos.

ESPETÁCULO NATURAL
Ao fim do dia, fomos brindados com o pôr do sol mais esplendoroso que já vimos, exclusividade de uma cidade com uma latitude tão extrema. Durante o verão, o surgimento do astro parece ferir o horizonte, erguendo-se em um vermelho intenso que invade todo o firmamento. Depois de mais de uma hora deste espetáculo, o azul ressurge trazendo de volta a paz ao céu que cobre o Canal Beagle, famoso caminho de Charles Darwin.
Os dias longos por ali revelam lobos-marinhos, pinguins e inúmeras aves que lá habitam e deixam claro os interesses do naturalista inglês, que dá nome à cordilheira que se ergue próxima à cidade mais austral do planeta.


SERVIÇOS

EL CHALTÉN

OPERADORAS
Trekking na geleira Viedma:
Agência Criollos
Av. Del Libertador, 1108 – 1º Piso
Tel: 495311/312
e-mail: criollosevt@cotecal.com.ar

ONDE COMER
Restaurante Pangea
Av. Lago Del Desierto, 300 (esquina com a Av. San Martín)
Tel: 493084

EQUIPAMENTOS
Equipamentos para trekking e camping em baixas temperaturas:
100% Aventura
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www.cemporcentoaventura.com.br

 
 
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