O Acampamento Base do Everest
 
 
 
14/10/2010 - 21h33 - Texto e fotos : Elias Luiz
 

14º DIA  

Gorak Shep / Nepal
Acordei cedo, na verdade depois que passei dos 4.000 metros de altitude tenho tido dificuldade em dormir a noite toda, ainda mais agora que estamos dormindo a 5.220m, acordo durante a madrugada e fico perambulando durante um tempo dentro do lodge até cansar e depois volto a dormir. Mesmo assim levanto primeiro que todos e presencio os guias nepaleses acordando no dimer room.

Antes de vir para esta viagem, falei com a médica e blogueira do Portal Extremos, Karina Oliani, pois ela já fez esta trilha algumas vezes, e pedi dicas de remédios para prevenir o mal de altitude e também algo para após os primeiros sintomas.

- Elias, vejo pelo cronograma que vocês farão uma subida lenta e com aclimatação, que é o ideal. Sempre a melhor opção é não fazer uso de nenhum medicamento, que de alguma forma traria efeitos colaterais, o que não seria nada agradável nesta altitude. - disse a Karina Oliani.

E de fato a recomendação do guia Carlos Santalena, da Grade 6 era mesma. Nenhum de nós fez uso de Diamox ou algo parecido. A Jus teve um principio de diarréia em Namche Bazar, mudamos o cronograma e ela tomou alguns remédios, ficou um dia de repouso e melhorou. A Dani sentiu tontura ao chegar aos 4.940 metros em Lobuje. Nesta mesma noite em Lobuje, o Edi vomitou, provavelmente devido a comida. Estas duas baixas causaram a divisão da equipe, não tinha porque todos ficarem parados a praticamente 5.000m de altitude e tão próximos do nosso objetivo principal. Como os dias para cumprir o cronograma já estavam apertados, dividimos a equipe e assim iríamos garantir que pelo menos os que estavam se sentindo bem chegassem a Gorak Shep, onde faríamos o Kala Patar e o Acampamento Base.

E assim na manhã do dia 14 de outubro, partimos eu, Jus e Agnaldo, junto com o guia Ram e o seu aprendiz Ramesh para o Acampamento Base do Everest. O inicio da trilha é tranquilo em meio a "prainha" de Gorak Shep, mas logo entramos na trilha de pedras e aos poucos vamos subindo e a todo momento o Glaciar Khumbu nos acompanha a nossa direita. Após um pouco mais de 2h de caminhada chegamos finalmente ao Acampamento Base do Everest, que chamamos de acampamento fake, pois hoje em dia eles recuaram praticamente 30 minutos de caminhada de onde realmente as expedições montam as barracas do Acampamento Base.

Na verdade acho uma medida correta, pois assim o público do trekking não invade a área de concentração dos alpinistas que estão se preparando para escalar a montanha mais alta do nosso planeta. Além do mais, agora em outubro não tinha nenhuma expedição que tentaria a escalada do Everest, pois a maioria prefere escalar em abril, maio e junho.
Mesmo assim ainda caminhamos mais um bom trecho até próximo ao acampamento base real. E logo fomos seguidos por outros grupos.

Estávamos caminhando literalmente em cima do Glaciar Khumbu, a nossa frente a temida Cascata de Gelo que leva para os acampamentos superiores. Depois de tantos anos sonhando, e por muitas vezes achei que não seria capaz de realizar este trekking, finalmente estava aqui presenciando in loco toda essa imensidão de pedra e gelo, onde tantos sonhos se concretizam em busca do ponto mais alto do nosso planeta, os 8.848 metros de altitude do monte Everest, que por sinal deste ponto não é possível avistá-lo, um grande ironia, tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Chegando aqui descobrimos que o Acampamento Base do Everest é apenas mais um entre tantos pontos altos desta viagem.

Os detalhes de cada dia do trekking, as experiências, dicas, a convivência em grupo, a cultura local, o sistema de trabalho dos guias e porteadores, os medos, as alegrias e surpresas, o novo caminho de volta e o principal de tudo, a importância do fator psicológico durante este trekking, você poderá acompanhar em breve no livro que estou escrevendo. Além de uma seleção imagens inéditas que reservei especialmente para o livro, uma árdua tarefa que ainda me custará alguns meses na seleção das mais de 10.000 fotos feitas durante essa jornada.

O sonho que era apenas de conhecer e ver de perto o Everest, se concretizou em diversas formas e ângulos, consegui realizar um objetivo pessoal, fotografei "Os Extremos do Everest": a face sul, a face norte e também uma vista aéra bem próxima do Everest, quando retornáva do Tibet.

Alguns já puderam ler sobre o trekking ao Everest na visão de um executivo, de jornalistas e em breve poderão ler pela ótica de um fotógrafo.

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