Espero que sim
da redação: Elias Luiz
5 de outubro de 2010 - 17:43
 
comentários    
 
A montanha a frente é o último recurso de parada do avião - Foto: Elias Luiz
 
5º DIA  

Lukla / Nepal
Olho pela pequena janela e consigo observar um camponês conduzindo um rebanho de iaques montanha abaixo, um vale tão próximo que parece que consigo alcançar com as mãos as plantações de arroz em suas encostas em formato de escadas. Estou apenas a uns 100 metros do solo, mas meu relógio indica 3.500m de altitude.

Não estou enganado, é isso mesmo, estou no Himalaia e aqui tudo é imenso e alto, o avião sacode e balança com o sopro de uma fria corrente de ar, que ganha fôlego nesse imenso vale. Estou em um pequeno avião da Tara Airlines, um DC-6 de 12 lugares, parecido com o modelo Caravam comum em algumas regiões do Brasil, tão pequeno que a cabine do piloto fica aberta e logo a nossa frente, e os pilotos são dois jovens nepalis , bem apessoasdos com aproximadamente 25 anos, com óculos rayban, que acredito que se sintam o próprio Tom Cruise em Top Gun.

Faz 30 minutos que parti de Katmandu com destino ao Aeroporto Tenzing-Hillary em Lukla, considerado um dos mais perigosos vôos do mundo, que até o momento me pareceu um vôo turístico com belas paisagens do Himalaia. O interessante é que em certos momentos ao olhar pela janela não avisto o horizonte, mas sim uma imensa montanha, olho para a outra janela do outro lado do avião e também avisto outra montanha, e o topo das montanhas estão muito acima de onde estamos, realmente estamos voando entre as montanhas e não sobre elas como seria o de costume.

A parte mais temida está logo a frente, a pista de pouso, um fina e curta faixa de asfalto de 350 metros encravada na montanha, a 2.800 metros de altitude, a pista tem um inclinação de 10 graus, o que ajuda o avião a desacelerar assim que pousa, e quando levanta vôo ajuda a ganhar velocidade com a descida, a pista termina literalmente na montanha. Um pouso para pilotos de corações fortes e passageiros com o coração na mão.

Estou sentado na poltrona da janela, por isso não tenho uma boa visão da cabine do avião, mas sinto que fizemos uma curva rápida de 80º entre as montanhas e logo o avião todo começa a sacudir, tentando tomar um rumo 45º de onde estamos, ao mesmo tempo o bico do avião se inclima abrupetamente para baixo, parecendo que está caindo, e com toda a barulheira do motor que invade a cabine, grito para os meus amigos.

- Estamos nos preprando para pousar? - grito já regulando a minha máquina para registrar o momento, não quero perder.

- Espero que sim!!! Senão já era... - gritou prontamente o Agnaldo.