comentários    
 

• A: Punta Arenas - • B: Union Glacier - C: Acampamento Base do Vinson
 
CUMES ALPINISTAS MORTES
1 -
 
MONTANHISTA / EXPEDIÇÃO PAÍS MONTANHA ROTA ATUALIZADO ANDAMENTO 02 U/D
ROSIER ALEXANDRE USA Vinson Normal 18.01.2013 - 18:00 Cume    
 
notícias
 
 

 




  14.01.2013 - 15:00

Estimados Amigos!

O Irivan e eu já estamos em Kathmandu, após uma longa viagem de 4 dias desde Curitiba, passando por São Paulo, Paris e Bangkok.

Chegamos na capital do Nepal um dia após o Ano Novo, comemorado na lua crescente de abril, que foi no último dia 12. Os nepaleses seguem outro calendário, aqui já começou o ano de 2065!!!

Embora o ambiente deveria ser de festa, o que encontramos entre a população foi muita apreensão, em razão da expectativa do resultado das eleições para a Assembléia Constituinte, que ocorreram em 10 de abril, exatamente no dia que partimos do Brasil.

O Nepal enfrenta uma séria crise política desde o massacre da família real em 2001 (o príncipe, em razão de não aceitarem o seu casamento com a namorada, matou o rei, sua mãe e outros sete membros da família, e depois se suicidou). Quem acabou assumindo o reinado foi um tio distante, chamado de Gyanendra, mas que nunca conquistou a simpatia da população, visto por todos como corrupto. Desde então uma série de manifestações lideradas pelos maoístas, contra o autoritarismo do rei aumentaram, a situação se tornou insustentável em 2005, quando os guerrilheiros maoístas multiplicaram os ataques ao Governo (conflitos que de 1996 a 2006 deixaram mais de 13 mil mortos).

A razão do clima de apreensão que encontramos no Nepal é justamente em razão da pressão dos maoístas contra a população, que asseguraram que se não vencessem as eleições o povo sofreria fortes represálias. O medo contagiou a população e os maoístas venceram com a maioria dos votos. A monarquia, que reinou no Nepal por 238 anos agora tem seus dias contados, em menos de dois meses os maoístas começarão a redigir uma nova Constituição e o sistema Presidencialista será adotado. A verdade é que todos temem por grandes mudanças no País, inclusive nós alpinistas. Tomara Deus que as mudanças sejam positivas e que o Nepal comece uma nova fase de prosperidade.

Felizmente a expectativa das eleições não abalaram a alegria dos nossos amigos brasileiros que vivem no Nepal, no dia de nossa chegada fomos recebidos calorosamente pelo Silvio Silva e pela sua querida equipe que fazem um dos mais lindos trabalhos sociais que já conhecemos, recuperando crianças da prostituição. Silvio e sua esposa Rose já “adotaram” 110 crianças que seguramente terão um futuro de muita luz e dignidade, graças aos ilimitados esforços de sua equipe. Conheça o trabalho do Silvio e saiba como você pode ajudar a trazer de volta o sorriso a muitas crianças acessando o site www.meninasdosolhosdedeus.com.

Ao chegar em Kathmandu também encontramos 3 dos outros 6 alpinistas que vão participar da nossa expedição ao Makalu: Marco Gonzalez Arango (colombiano), Santiago Quintero (equatoriano) e Carlos Hernan Wilke (argentino); tê-los na mesma equipe é uma forma de reduzir os custos da expedição, e, com certeza, aumentar as nossas forças para a escalada. Além de Santiago, Hernan e Marcos, está em nossa equipe o Fernando Gonzalez (colombiano – está agora escalando o Dhaulagiri, outra montanha com mais de 8 mil metros, e vai nos encontrar mais tarde diretamente no Makalu), e Carlos Soria e seu companheiro Rafael de La Coba, dois espanhóis que encontraremos amanhã.

Ontem recebemos uma visita especial, a Senhora Elizabeth Hawley, uma jornalista inglesa que mora em Kathmandu desde 1960, e que em 1963 começou a documentar todas as expedições que passam por aqui, ninguém sabe mais do que está acontecendo nas montanhas do Himalaia do que ela. Para a nossa surpresa, ficamos sabendo que existem 12 expedições este ano para o Makalu, um total de 72 alpinistas, algo igual nunca havia acontecido, já que o Makalu é uma montanha difícil e geralmente pouco visitado. A China ter proibido a escalada do Everest pelo seu lado este ano, e também das outras montanhas que se encontram em seu território, como o Cho Oyo (8.201m) e o Shisha Pangma (8.046m), é a razão pela qual vários alpinistas acabaram optando pelo Makalu. A China proibiu a entrada de alpinistas no Tibete nesta temporada com medo de sabotagem a uma grande expedição que pretende levar a tocha olímpica até o alto do Everest pelo lado tibetano.

O grande número de alpinistas que vão ao Makalu este ano não nos anima muito, como a sua escalada é bem mais difícil que a do Everest, como também do Cho Oyo e do Shisha Pangma, tememos que vários desses alpinistas não tenham experiência suficiente para o Makalu. Uma prova disso aconteceu há poucos minutos atrás, quando estávamos fazendo o “brienfing” no Ministério do Turismo (para escalar o Makalu pagamos uma taxa de dez mil dólares e somos obrigado a seguir uma série de regras, todas nos são explicadas pessoalmente durante o “briefing”). Pois bem, acabamos fazendo o briefing junto com o chefe de uma expedição austríaca ao Makalu, e o tal do chefe da expedição deles estava totalmente confuso com relação a várias informações da montanha, como distâncias e altitude dos acampamentos.

Mas, finalmente, tudo está pronto, acordaremos às 5 da manhã para voarmos de avião até Lukla (2.800m), e de lá, depois de amanhã, vamos de helicóptero até o acampamento-base sul (4.800m), iniciando definitivamente o nosso desafio de colocar a bandeira do Brasil no alto dos 8.463m de altitude do Makalu!

Contamos com a sua torcida!

Um super abraço, Namastê,

Waldemar Niclevicz

 
 
 

 
 
fotos