Após termos percorrido parte dos caminhos dos Diamantes e de Sabarabuçu, pela Estrada Real, onde vivemos experiências incríveis durante os últimos quatro dias e fizemos um circuito de palestras, agora iremos de fato entrar no Caminho Velho em direção a Paraty, por aquela que foi a primeira via aberta para conectar a região mineradora com o mar. Estamos agora em Caeté. Quem nos acompanhou por aqui até o momento já pode ter uma noção da riqueza cultural, histórica e ecológica de toda esta região de Minas Gerais, que tem como uma de suas maiores jóias seu povo que tem a hospitalidade como um de seus traços mais fortes.
Neste quarto dia de expedição, vivemos a jornada mais radical até o momento, com direito a saltos em cachoeira, tirolesa e um trecho de mountain bike recheado de desafios, com subidas muito longas e descidas íngremes e velozes. Na saída de Barão de Cocais, pedalamos direto para a cachoeira da Cambota, que além das quedas d’água, tinha alguns poços fundos que permitiam um mergulho seguro.
É claro que tiramos um bom tempo para aproveitarmos aquele visual e tomar um banho de cachoeira, já que o sol tinha dado as caras depois de uma noite chuvosa que molhou as estradas deixando poças e barro para todos os lados.
Como ainda tínhamos hora para chegar no destino final, tivemos que seguir nosso rumo. Subimos mais um pouco margeando a Serra do Espinhaço até alcançarmos aquele que segundo seu administrador seria o maior parque natural de aventura (esportes radicais) do Brasil, o Canela de Ema. Com a Montanha da Cambota como pano de fundo, um paredão imponente que nos lembrou os monólitos clicados pelas lentes de Ansel Adams em Yosemite, na Califórnia, o parque tem 525 hectares, dos quais apenas 15 foram descampados para a construção das instalações de hospedagem e alimentação. Como o tempo era curto, naturalmente não poderíamos ficar muito por lá, mas não deixamos de fazer ao menos alguma atividade: uma tirolesa sobre o lago principal de cerca de 100 metros de extensão.
Itamar Melgaço, gerente e dono da propriedade, enumerou as diversas atividades que podem ser praticadas no local, que segundo ele está totalmente preservado e não teria riscos de sofrer com a especulação mineradora. “Este é o maior parque de eco-aventura do Brasil e gerencio o negócio para garantir a preservação desta área. Aqui os visitantes também podem praticar arvorismo, canoagem, escalada, rapel, trilhas de orientação e muito mais”, destacou Melgaço.
Antes de deixarmos Barão de Cocais, ainda pela manhã, tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho de um artista que trabalha o ferro como matéria-prima, mas de uma forma diferente. Geraldo de Paula, ex-metalúrgico aposentado de 56 anos, reaproveita retalhos de ferro, chapas descartadas e ferragens de sucata em geral e traduz em peças, móveis e relógios que traduzem um pouco a cultura local, trabalhando o ferro em formas de coqueiros, antigamente chamados de cocais, árvore ícone da cidade. “Produzo 200 peças por mês, mas ainda não consigo vender tudo. A maioria dos meus clientes vem até a minha porta. Agora meu objetivo é participar de mais eventos”, disse Gilberto, que já expôs em feiras e faz mesas e cadeiras de ferro sob encomenda.
Amanhã começaremos um novo momento desta jornada. Vamos seguir para o Caminho Velho, mas antes queremos conhecer mais um lugar especial da região: o Santuário da Piedade. Vamos em frente! Pedais na estrada!
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