O lado B de Ouro Preto: equipe vive aventura em mina desativada
da redação, Texto: Rafael Duarte - Fonte: Blog Miramundos - O Globo
23 de abril de 2012 - 17:05
 
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O LADO B - Pelas minas de Ouro Preto. Foto: Daniel Ramalho/Miramundos
 

A chegada da equipe em Ouro Preto foi marcada por uma forte chuva que diminuiu muito a visibilidade da estrada. Apenas por cerca de uma hora o tempo estiou e nos deu a chance de dar uma volta pela cidade e fazer umas fotos antes da atividade mais esperada do dia: uma visita ao interior de uma mina de ouro desativada.

Com o cair da noite, pegamos o carro em direção à antiga Rua da Fumaça, a mais antiga da cidade, onde nos fundos da casa de número 171 encontra-se a mina que leva o mesmo nome da rua, hoje conhecida como Santa Rita. Fomos recebidos por Jefferson dos Santos, que nos deu uma verdadeira aula sobre a mineração no local e em toda região e como esta atividade marcou a história de sua família, de descendentes de escravos. “Esta casa é uma herança do meus bisavós. Hoje trabalho aqui como guia contando estas histórias para diversos grupos de pesquisadores e estudantes que se aventuram pelos túneis da mina”, declarou. Segundo ele, as escavações datadas do século XVIII são extensas e possuem diversas bifurcações, impossíveis de serem calculadas hoje pela dificuldade de acesso a muitas delas.

Pela primeira vez em uma mina, com exceção de Jaime Vilaseca, todos os quatro integrantes da equipe estavam apreensivos. O fotógrafo Daniel Ramalho, que não se sente confortável em ambientes claustrofóbicos, teve que superar um desafio pessoal para conseguir entrar com a equipe. “Achava que não ia conseguir entrar. No Rio, evito até pegar o metrô, mas queria muito seguir o grupo e consegui vencer esta barreira no final”, confessou Ramalho. Para Jaime, o clima de segurança que o guia transmitiu inspirou confiança para entrarmos em um dos túneis mais estreitos, onde era possível entrar apenas rastejando no piso enlameado por conta das nascentes que brotam de dentro deles.

A experiência de se infiltrar pela Mina Santa Rita foi incrível. É uma espécie de “lado B” dos roteiros turísticos de Ouro Preto que destacam, em sua maioria, a exuberância do interior dourado da Igreja do Pilar e as obras de Aleijadinho. Foi realmente uma viagem no tempo onde pudemos sentir minimamente o ambiente em pouco mais de uma hora onde milhares de escravos sofreram durante suas vidas trabalhando duro em um ambiente completamente insalubre, pegando e transmitindo doenças, ficando cegos e surdos enquanto cumpriam as ordens de seus senhores que vendiam as riquezas minerais extraídas de lá. Ao longo do percurso, nosso guia nos mostrou objetos originais dos escravos, hoje tidos como relíquias: candeias (pequenos suportes de óleo de baleia que serviam para iluminar), picaretas e bateias (bacias de madeiras usadas para lavar a terra e encontrar ouro) e até mesmo pedra de quartzo com uma pepita de ouro.