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Quatro Mil dos Alpes
O BRASILEIRO WALDEMAR NICLEVICZ VAI ESCALAR OS 82 PICOS ACIMA DE 4.000M DOS ALPES
 
 
 
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O Glaciar Aletsch, o mais extenso dos Alpes, com cerca de 25Km, por onde vamos entrar novamente no Oberland. Bela imagem feita com drone pelo Rogério em nossa tentativa ao Aletschhorn. Agora vamos em direção a Konkordia, que fica ao fundo na foto.   Chiquinho contempla o Aletschhorn, Oberland, Suíça. Depois de dias chuvosos, bem aproveitados para descansar, voltaremos amanhã para o Oberland, em busca dos primeiros Quatro Mil desta temporada.
Chiquinho e Rogério em nossa aproximação ao Aletschhorn.   Waldemar, Raúl, Rogério e Hartmann, com o Super Q8, equipe Quatro Mil na Suíça.
 
as 82 montanhas
 
           
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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05.05.2019 - 14:00

Quatro Mil dos Alpes – em busca da essência do Alpinismo

  Waldemar Niclevicz  

Decidi retirar da gaveta um sonho antigo, um projeto que havia colocado no papel em 2002, e que agora se encaixa perfeitamente com as minhas expectativas: a escalada de todos os picos dos Alpes Europeus com mais de quatro mil metros de altitude, um total de 82.

Como assim, escalar 82 montanhas em 120 dias? Isso mesmo!

Nos Alpes Europeus existem 82 picos que superam os 4.000m de altitude, espalhados entre a Itália, França e Suíça. Cerca de 50 pessoas já escalaram todos, mas apenas quatro realizaram a empreitada em menos de um ano.

Minha ideia não é bater nenhum recorde, mas registrar a expedição numa série de reportagens, fotos e vídeos, mostrando a beleza do esporte e a conexão do homem com a natureza, sempre com o foco na essência do alpinismo: a intrínseca relação do homem com a montanha, o companheirismo, a contemplação, a superação, a cultura e a história dos Alpes.

Niclevicz durante a escalada do Ober Gabelhorn (4.063). Ao fundo o Matterhorn (4.478m), Suíça. Foto de Simone Arrigoni.
 

2019

Quase não estou conseguindo conter minha felicidade, ao saber que estou prestes a partir novamente para os Alpes, o berço do Alpinismo mundial.

A razão para tanta felicidade é uma soma de vários fatores, mas principalmente porque ano passado eu estava prestes a realizar um dos meus maiores sonhos, escalar todos os 82 Quatro Mil dos Alpes, e tive um acidente, machucando a panturrilha com o grampão, que virou uma séria infecção (celulite infecciosa), o que me obrigou a tomar antibióticos (sempre dois tipos) por três meses, e sofrer uma cirurgia bastante invasiva na que me deixou muito assustado!

A cirurgia foi dia 25 de setembro, como eu poderia esquecer! E desde então vim fazendo minhas orações e um trabalho de recuperação para retomar o movimento e a funcionalidade da minha perna. Imagino a aflição de cada um que sofra algum acidente que prejudique a mobilidade, mas esta aflição é muito maior entre nós atletas, que temos nosso corpo como um templo sagrado, e seria uma amargura infinita se eu não conseguisse ter condições de voltar para as montanhas.

Mas depois de sete meses vejo a minha perna 100% recuperada, estou em uma das minha melhores formas, escalando normalmente e voltando para os Alpes, no próximo dia 12 de junho, para completar a escalada de todas as montanhas dos Alpes com mais de quatro mil metros de altitude.

A segunda razão para tanta felicidade, é que o projeto Quatro Mil dos Alpes acabou sensibilizando amigos e, de forma natural, fomos formando uma equipe forte e determinada de experientes escaladores. Ano passado, das 37 montanhas superadas, 20 delas escalei completamente sozinho, o que até pode ser uma interessante experiência introspectiva, mas escalar com amigos é muito mais seguro, divertido e gratificante!

O primeiro amigo a se juntar ao desafio dos Quatro Mil foi o chileno Raul Barros, parceiro na escalada do Vulcão Puntiagudo, que por motivos familiares teve que desistir dos Alpes ano passado as vésperas da expedição. Logo o Rogério de Oliveira e o Márcio Hoepers, parceiros de escaladas do Marumbi, se juntaram à equipe, contagiando rapidamente o José Luiz Hartmann, conhecido por todos como Chiquinho, colega de expedição da Trango Tower e do Salto Angel. E por fim o Irivan Burda, que já esteve comigo no alto de tantas montanhas, como o Lhotse, o Makalu e o Everest. Todos são excelentes escaladores, mas o que me deixa realmente satisfeito é que vou ter ao meu lado verdadeiros amigos, para compartilhar a beleza e a satisfação de realizar algumas das escaladas mais lindas do mundo, afinal os Alpes são realmente impressionantes!

As razões para a minha felicidade continuam, descobri faz tempo que às vezes estas razões estão muito mais perto da gente do que imaginamos! Mas gostaria de mencionar e agradecer a dedicação especial da Cristina Sotto Maior, minha querida fisioterapeuta, em minha recuperação. Também faço questão de agradecer a Audi Brasil, única empresa brasileira que está apoiando o projeto, como aconteceu o ano passado, e novamente vai patrocinar o carro, aliás, um belo e formidável automóvel, para nos deslocarmos com toda a segurança e tecnologia durante os próximos três meses pelos Alpes!

Não posso deixar de mencionar um fato que deixou o mundo consternado no último mês de maio, que acabou com um recorde de 891 pessoas no cume do Everest, ao custo de 11 mortes, 9 delas durante a descida. Mortes que poderiam ter sido evitadas, pois não foram provocadas por nenhum acidente e sim por exaustão, devido a falta de preparo e experiência dos supostos alpinistas, muitos deles simples turistas. Chegar ao cume de uma montanha a qualquer custo, com o uso excessivo de garrafas de oxigênio, apoio massivo de sherpas, rotas equipadas com cordas fixas e uso constante de helicópteros não é alpinismo.

Eu estive no Everest em abril, guiando um grupo até o acampamento-base, e pude ver um pouco da confusão do que hoje representa a sua escalada. Apesar de tudo, o lugar continua maravilhoso, fiquei muito feliz em rever amigos e muitas das montanhas mais impressionantes que conheço, espero continuar levando grupos para lá em abril/maio e setembro/outubro, viagem “rápida”, 12 dias, voltando do Everest para Kathmandu de helicóptero.

Quero trazer outra notícia do Nepal que é motivo para nos deixar orgulhosos e felizes: “nossa” escola completa 10 anos de existência! Sim, “nossa”, pois existe uma escola “brasileira” no Nepal, para crianças que são resgatadas da prostituição e do tráfico infantil. Fruto de um lindo trabalho que foi iniciado pelo Pastor Silvio Silva e sua equipe em 2000, e que hoje está sendo conduzido pelas primeiras meninas que ele mesmo resgatou e acolheu em sua casa com a Rosmari, sua esposa.

Não deixe de ver este vídeo “Dez Anos da Escola do Nepal” e conhecer um árduo trabalho altruísta, que já fez centenas de crianças nepalesas recuperarem a sua dignidade e a esperança de simplesmente viver. Sim, um trabalho feito por Brasileiros! Você também pode ajudar, acesse Meninas do Nepal.

As fotos deste post são todas da caminhada até o acampamento-base do Everest realizada este ano, foi uma bela experiência com um grupo de amigos de Florianópolis, que me deixou ainda mais inspirado para sempre retornar ao Nepal. A ideia é levar grupos fechados, com o máximo de conforto e o mais rápido possível, por isso o retorno do Everest a Kathmandu é feito de helicóptero, sempre em abril/maio e setembro/outubro.

E assim me despeço, esperando que você também sinta felicidade naquilo que faz e acredita, orgulho pelo nosso Brasil, esperança em ver crianças sorrindo e com um futuro digno pela frente!

2018

Em 2018 Waldemar Niclevicz completou 30 anos dedicados em levar a Bandeira do Brasil ao alto das maiores montanhas do mundo – como o Everest, o K2 e os Sete Cumes – carreira iniciada com a escalada do Aconcágua, em fevereiro de 1988.

A ideia era comemorar este aniversário com mais um projeto inédito e desafiador: escalar em quatro meses todas as montanhas dos Alpes Europeus com mais de quatro mil metros de altitude, um total de 82, desafio superado por pouco mais de 50 pessoas até hoje.

Waldemar Niclevicz superando os últimos metros da Punta Carmen (4.109m). Foto de Alexandre Silva.
 

Tudo estava indo muito bem, em 30 dias Niclevicz já havia escalado 29 “Quatro Mil”. Mas no dia 30 de julho, quando estava realizando uma travessia de várias montanhas na Suíça, sua perna esquerda afundou repentinamente na neve e teve a panturrilha perfurada pelo grampão da perna direita. Os grampões são uma espécie de sandália de aço com doze pontas afiadas, que se encaixa sob a bota para se andar sobre a neve dura ou se escalar no gelo.

Parecia ser um acidente simples, mesmo assim ele foi resgatado de helicóptero da montanha e levado até o hospital da cidade de Visp, onde o ferimento foi fechado com um ponto. O problema foi que logo o ferimento infeccionou, Niclevicz passou a tomar antibióticos e a ter acompanhamento médico em Aosta, Itália, cidade escolhida para a base do projeto.

Alexandre Silva no cume da L’Isolée (4.114m), outras torres das Aiguilles du Diable logo atrás. Foto de Waldemar Niclevicz.
 

Depois de duas semanas ele tentou retomar o projeto, escalando duas montanhas, mas a infecção que já estava melhor piorou. Esperou então mais duas semanas e voltou novamente a escalar, conquistando mais seis Quatro Mil, e o problema então piorou bastante, a infecção que era do tecido superficial da pele, passou para camadas mais profundas, ameaçando alcançar o músculo da panturrilha, sendo diagnosticada como “grave”.

Niclevicz retornou ao Brasil no dia 15 de setembro e começou a realizar uma série de exames. A equipe médica chegou a conclusão que deveria ser realizada cirurgia para “explorar” e coletar amostras, a qual foi realizada no dia 25 de setembro. Felizmente nenhuma bactéria ou fungo foi encontrado, a recuperação da cirurgia foi muito boa e o alpinista já retomou as suas atividades físicas.

O projeto “Quatro Mil dos Alpes” teve outros contratempos. O cinegrafista que iria acompanhar teve um falecimento na família apenas uma semana antes do início da viagem e desistiu. O principal companheiro de escaladas, na véspera da partida teve um acidente de moto e quebrou a clavícula.

Waldemar Niclevicz no cume da L’Isolée (4.114m), Mont Blanc ao fundo. Foto de Alexandre Silva.
 

“Mesmo com todas as dificuldades, inclusive financeiras, o projeto teve suas conquistas e ia muito bem até o acidente”, diz Niclevicz, que complementa: “Todo mundo sabe quanto é difícil realizar um grande sonho, ainda mais quando o desafio parece insuperável. Mas fui lá, e tenho a certeza que não consegui escalar todos os 82 Quatro Mil por pura infelicidade, em razão de um simples ferimento na panturrilha ter infeccionado”.

Mas o primeiro brasileiro a escalar a maior montanha do mundo não desanima, vai voltar para os Alpes em 2019, de meados de junho a meados de setembro, para completar o desafio que ainda não foi superado por nenhum extra europeu. Este ano foram escaladas 37 montanhas, faltam 45 a serem superadas.

A busca por parceiras para a finalização das escaladas dos Quatro Mil dos Alpes começou com boas notícias: em reunião no Salão do Automóvel com a Johannes Roscheck (Presidente) e Claudio Rawicz (Diretor de Marketing), a AUDI, única empresa a apoiar o projeto este ano, confirmou que estará novamente patrocinando o carro que dará apoio para as escaladas em 2019.

“Sinto meu ânimo se renovar com a continuação da parceria com a AUDI”, diz Niclevicz, que já marcou o dia 13 de junho de 2019 para a sua volta para os Alpes, na esperança de realizar o projeto como ele foi planejado desde o início, visando registrar em vídeo a beleza dos Alpes – berço do alpinismo –  bem como a paixão do homem em superar suas alturas, com o objetivo de produzir uma série para a televisão.



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