+  BLOG DO WALDEMAR NICLEVICZ  
Escalando a Sinos da Torre
 
 
 

Estimados Amigos,

É um imenso prazer escrever esta atualização aqui no Marumbi (dia 4 de novembro, quinta-feira, à noite). Lá fora uma tempestade parece querer arrancar as árvores do lugar, enquanto nas encostas logo acima o vento se debate enfurecido entre as paredes verticais da montanha, produzindo um rugido impressionante. Assustador, eu diria, se não estive "em casa" e acostumado com este tipo de manifestação da Natureza em nossa exuberante Serra do Mar.

 
 

Em um dos típicos dias de semana aqui no Marumbi, não vi viva alma, ou melhor, nenhuma alma humana, algo raro se pensarmos nos bilhões de habitantes que existem em nosso planeta. Hoje, para relaxar, fiz o "Conjunto", como chamamos a subida do Marumbi pela trilha Noroeste e descida pela trilha Frontal (ou vice versa). Vi sim, outros seres maravilhosos: a floresta, macacos, tucanos, gralhas azuis, lagartos e uma jararaca (que já começam a aparecer com o calor).

Aproveitei o feriado de Finados e fiquei a semana toda por aqui, algo importante para intensificar os treinamentos e também para relaxar do ritmo agitado das palestras, típico de final de ano (apenas na semana passada foram cinco palestras, e na próxima serão duas, uma em Belo Horizonte e outra em São Paulo). Agradeço muito as empresas que me contratam, assim continuo sonhando com novos projetos, já que patrocínio é algo quase impossível aqui no país do futebol (Alguém ainda se lembra que neste ano teve Copa do Mundo??? Quanto dinheiro poderia ter sido investido em outras modalidades esportivas!?!).

O importante é que, apesar das dificuldades, continuaremos cumprindo a nossa missão, a de levar a Bandeira Brasileira ao alto de montanhas onde ela jamais esteve. A próxima expedição já está garantida, e isso graças as palestras. Estamos partindo do Brasil no próximo dia 24 de janeiro.

E enquanto o tempo passa, é bom ficar em forma, e o melhor lugar do mundo para treinar é aqui mesmo, no Marumbi, seja lá qual for o objetivo, alta montanha ou escalada em rocha. As caminhadas servem para aperfeiçoar o lado aeróbico, aumentando a capacidade de absorção de oxigênio e fortalecendo as pernas, mas também o coração, afinal, da Estação até o topo do Marumbi, são mil metros de desnível.

Já as escaladas por aqui é um capítulo a parte, é uma preparação que vai muito além do lado técnico, pois Marumbi é sinônimo de "montanha tropical", mato na parede, mosquitos, espinhos e jararacas. Para chegar à base das vias é necessário caminhar no mínimo uma hora de mochila pesada, é comum levar o dia inteiro para superar as vias mais exigentes, e descer à noite já precisando das lanternas. Nem sempre tem um grampo onde você gostaria, e as proteções móveis às vezes ficam ali entaladas com um bocado de terra e cristais se esfarelando, ou seja, o psicológico pega forte.

Por tudo isso o nosso respeito a essa Amada Montanha chamada Marumbi, encravada bem no meio do maior trecho contínuo ainda preservado da maravilhosa Floresta Atlântica. Aqui podemos beber água diretamente do rio, observar pássaros e outros animais selvagens todos os dias, além de contar com o verdadeiro companheirismo dos Montanhistas.

Quem escala no Marumbi, pode escalar em qualquer lugar do mundo!

Boas escaladas, seja lá qual forem as suas montanhas!

Grande abraço,

Waldemar Niclevicz

 
 
PARTICIPE, DEIXE SEU COMENTÁRIO.
 
 
 
Alpinista
 
Com 18 anos eu me mudei para a região de Itatiaia, onde morei por três anos. Foi lá que vim a aprender a usar o equipamento técnico, como cordas e mosquetões.

Nesta mesma época, 1985, eu realizei minha primeira grande aventura: uma viagem através da Bolívia e Peru, com o desejo de fazer o Caminho Inca a Machu Picchu. Foi uma viagem decisiva para a minha vida, respirei pela primeira vez o ar rarefeito das altas montanhas, pisei pela primeira vez na neve, apaixonei-me pela cultura e pelo povo andino. Não parei mais de viajar.

Obstinação, paixão e disciplina são as palavras que melhor definem Waldemar Niclevicz, o primeiro brasileiro a escalar o Everest, o K2 e os Sete Cumes do Mundo (a maior montanha de cada um dos continentes).

Também já escalou a Trango Tower (a maior torre de granito do mundo), O El Capitan e o Half Dome, além de 6 das 14 montanhas do planeta com mais de 8 mil metros: o Everest (8.848m), o K2 (8.611m), o Cho Oyo (8.201m), o Shisha Pangma (8.046m), o Gasherbrum (8.035m) e o Lhotse (8.501m).

 
 
 

2000
K2 (Paquistão) com 8.611 metros

1997
Carstensz (Nova Guiné) com 4.884 metros

1997
Mc Kynley (Alasca) com 6.194 metros

1996
Vinson (Antártica) com 4.897 metros

1996
Kilimanjaro (Tânzania) com 5.895 metros

1996
Elbrus (Rússia/Geórgia) com 5.642 metros

1995
Everest (Tibet / China) com 8.848 metros

1988
Aconcágua (Argentina) com 6.962 metros