A caminho da Cidade Inca
da redação, Texto e fotos:Tainah Fonseca
27 de janeiro de 2012 - 10:40
 
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MACHU PICCHU: Ao fundo o Wayna Picchu.
 
Bike em Maras e Moray Travessia do Passo Monte Salcantay 4600m
 

Quanto mais pensamos e desejamos algo, percebo que todas as boas energias se voltam a favor para que tudo se concretize da melhor maneira.

Das muitas coisas pelas quais me apaixonei pela montanha, a que mais me chamou a atenção foi o tamanho do conhecimento que ela é capaz de transmitir. Faço da escalada, seja pequena ou as que requerem grandes preparos, um caminho de auto-conhecimento e evolução pessoal.

Há um tempo notei que posso e gostaria muito de transpor esse aprendizado a outras pessoas que também vivem a montanha. Viajar é ampliar nossa visão para coisas novas e trazer à vida os ensinamentos que ela proporciona.

Hoje escrevo aqui no Extremos sobre minhas primeiras grandes viagens como uma maneira que encontrei de dividir essas experiências.
Em Julho de 2011 fui à tão misteriosa cidade dos incas por um caminho alternativo e não muito explorado, a Trilha Salcantay.

Como uma maneira de nos aclimatar um pouco mais com a altitude que poderia se tornar um problema, um dia antes da caminhada, eu e mais duas pessoas, que mais tarde nos tornamos grandes amigos, fizemos um Downhill até Maras e Moray, passando por pequenos povoados.
Maras é um vale repleto de piscinas de sal construídos nas encostas das montanhas para que evapore. Esse sal é produzido e vendido, beneficiando centenas de famílias da região.

Já Moray é um sítio arqueológico construído por vários terraços circulares e concêntricos, com mais ou menos 30 m de profundidade. Os Incas usavam estes terraços para fazer pesquisas sobre as plantas que cultivavam e que traziam de outros lugares. Com as variações de terraços eles podiam mudar a altitude, a umidade, clima e a temperatura, no qual a diferença é de 15ºC entre o topo e a base. Desta forma eles podiam determinar em que lugar estas plantas produziriam melhor.

Assim nossa pedalada não poderia ter sido mais bonita e interessante. No trajeto, estreito, com muitas pedras e encostas, não era possível ouvir mais nada além dos pneus da bike batendo com força no chão. Foi uma ótima sensação de estar longe de toda a civilização que cada vez mais vem perdendo o contato com a natureza e com o bem que ela nos trás. Após 7 horas de pura adrenalina, chegamos ao ponto final. No dia seguinte começamos a trilha, tendo sempre em vista o belo e gigante Monte Salcantay.
A montanha é assim, seja qual for, basta olhar para ela com toda sua grandeza e ver o quanto somos pequenos e o quanto devemos respeitá-la.

Durante a noite dentro de nossas barracas e em frente ao monte nevado, o frio era intenso. Era impossível dormir de forma agradável! Mas, pequenos problemas a parte, a vontade de que o dia seguinte chegasse era grande. A caminhada mais longa e cansativa nos esperava. Com seus 1000 metros de desnível, a subida conhecida como “Freddy Krueger” é realmente incrível. Olhando para cima era possível ver cavalos, carregadores e aventureiros disputando espaço nas pequenas trilhas em meio a muito gelo. Ao final do dia, após 12 horas passando por cenários totalmente distintos, tomamos um banho de água bem gelada para recarregar as energias! Dentro de dois dias chegamos ao nosso objetivo, Machu Picchu. Com suas construções incas que enchem de dúvidas os maiores pesquisadores. Pedras grandes e pesadas, perfeitamente encaixadas, o que torna muito fácil reconhecer as áreas reconstruídas.

Nessa viagem as reflexões sobre milhares de coisas vinham facilmente e de uma maneira muito nítida! Muitas pessoas passam anos por procurar algo que as façam se sentir realizadas. Algo que mostre o quanto a vida pode nos proporcionar coisas boas diante do tamanho de nosso empenho.
Subindo minhas primeiras montanhas, escalando algumas rochas, minha vontade pela busca contínua de meu caminho vem aumentando. Essa é nossa meta neste mundo, nesta vida, nesta nossa curta, mas grandiosa oportunidade de crescimento.

E seja lá qual for o caminho, todos os caminhos nos levam ao bem.
Próxima viagem... Aconcágua!