Extremos
 
COLUNISTA JUS PRADO
 
Recuperando o verdadeiro sentido do surfe
 
texto: Jus Prado
22 de novembro de 2017 - 13:40
 
Biruzera Longboard Classic 2017. Fotos: Manoel Renê
 
  Jus Prado  

Das montanhas ao mar o que me atrai é a natureza que, por si só, opera em perfeita harmonia com todos os seres. Equilíbrio. Pura colaboração, consciência, conexão e compartilhamento. Para mim, é esse o verdadeiro significado de praticar qualquer atividade física: tem que ser com a alma e não pelo ego.

Quantas pessoas você conhece que pratica uma atividade com a alma? Escalada de alma, esqui de alma, surf de alma...

Quando digo isso me refiro aos pequenos atos do indivíduo no meio ambiente que entregam seu caráter e aí, quando se olha mais de perto, vê-se que a maioria nem liga para o essencial e o superficial prevalece.

Para além dos inúmeros benefícios físicos e mentais, que acabam sendo ganhos extras, muitos nem imaginam, mas lá no fundo entram em alguma dessas atividades pelo rótulo, por querer pertencer a um grupo e ser chamado de “surfista”, “escalador”, ou seja lá qual atividade for; outros tantos entram no esporte pelo conflito da competição que na verdade só serve para vender um estilo e inflar o ego, aliás, é aí que a grande massa entra quando um desses esportes se destaca na mídia.

E o surf é um desses que se destacou no Brasil nos últimos anos. Virou moda. Mas, nem todos entram nesse espírito competitivo e foi aí que um grupo de amigos – Arnaldo Russo, José Fernando, Felipe Siebert, Lingue Wacker, Manoel Renê, Michael Carvalho e Santiago Anguit – criaram o Biruzera, um festival de surfe com o intuito de celebrar a descontração, diversão e o estilo ‘single fin’ clássico do longboard.

     
     

“Biru, biruzinho, biro-biro, biruzera; são expressões que eram usadas por surfistas antigos na região, e que foram adotadas nos nossos tempos, para se referirem às ondas pequenas e perfeitas para surfar com os pranchões.”

– diz Arnaldo um dos organizadores do festival.

O evento aconteceu neste último sábado, dia 11 de novembro, na praia norte de Itapirubá que fica no município de Imbituba – SC e, sinceramente, foi o encontro mais criativo que já vi! Apesar de não ser uma adepta do surfe, peguei a essência e imaginei o mesmo formato para outras atividades. O que achei mais interessante foi o fato de não ser uma competição, sendo assim, os que corriam as baterias para se divertir nas ondas e os que julgavam pelo prazer de ver um surfe bonito revezavam seus papéis e até compartilhavam a mesma onda. Além disso, não houve nenhuma premiação para os finalistas, nem para quem ficou em primeiro lugar, o que houve foi um par de quilhas de brinde para estimular a onda compartilhada. Ao invés de prêmios todos os participantes do festival concorreram a vários outros brindes cedidos pelos diversos apoiadores do evento entre eles: Alma Quilhas, South to South e TrenchTown.

“O importante não foi ganhar ou perder, ficar à frente ou atrás, mas sim desfrutar deste momento juntos, sabendo que todos nós fomos campeões.” diz Fernando um dos organizadores do festival.

O encontro teve também exposição de pranchas antigas, yoga, fotografia, música ao vivo, juçaí (açaí da palmeira juçara), frutas e até cinema na beira da praia com a exibição de filmes curta-metragem de surfe alternativo. “O espírito do evento é festivo e descontraído. Longboarders de todos os níveis, idades e gêneros vão compartilhar o mar destacando manobras clássicas e risadas.” diz Sanga um dos organizadores.

“A grande proposta do festival foi tentar quebrar paradigmas e promover um grande encontro para vivenciar e resgatar a cultura da essência do surfe e o prazer mágico de deslizar as ondas entre amigos e a natureza, sem cobranças de resultados.” sintetiza Michael um dos organizadores do festival.

E para quem está acostumado com competição essa proposta de surfar simplesmente pelo prazer de surfar e estar entre admiradores da mesma atividade, não foi tão fácil de ser absorvida, com certeza nem todos entenderam a pureza do evento em proporcionar espaço e satisfação para todos os convidados e marcas. Mas, é assim mesmo, cada um tem o seu processo de compreensão. No final, a janela de tempo perfeita contribuiu para o grande sucesso de tudo e todos!

Para saber mais sobre o Biruzera:
site
instagran
facebook

 

Namastê,
Jus Prado
Lotus Viajante

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