No caminho
da redação, Texto e Fotos: Jus Prado
20 de junho de 2012 - 15:10
 
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    Bienvenido a Santiago de Compostela! Foto: Jus Prado
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    Finisterra - encerrando ciclos." Foto: Jus Prado
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    Um dos marcos do caminho" Foto: Jus Prado
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    Catedral de Santiago" Foto: Jus Prado
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    Pessoas especiais que o Camino me trouxe: Rodrigo, Zeca, Ac�cio, Z� Maria e sua esposa." Foto: Jus Prado
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    Em Santiago de Compostela" Foto: Jus Prado
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Bienvenido a Santiago de Compostela! Foto: Jus Prado

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Recentemente estive visitando a cidade de Santiago de Compostela com o intuito de conhecer a região e também de reencontrar um grande amigo que foi meu aluno de yoga.

Explicando um pouco do Caminho, para aqueles que, como eu, não conhecem muito ou quem nunca ouviu falar, esta é uma rota muito antiga de peregrinação religiosa, que se estende por toda a Península Ibérica chegando até a cidade de Santiago de Compostela, localizada no extremo Oeste da Espanha, onde se encontra o túmulo do apóstolo Tiago.

Tiago tornou-se um dos apóstolos de Jesus e foi pregar o evangelho na província romana da Galícia, extremo oeste espanhol. De volta a Jerusalém, o apóstolo foi perseguido, preso e decapitado por volta do ano 44. Seus restos foram lançados para fora das muralhas da cidade e dois discípulos recolheram seu corpo, levando-o de volta para o Ocidente.

O corpo do apóstolo foi sepultado secretamente num bosque e o local permaneceu oculto durante oito séculos. Certa noite observou-se um fenômeno que ocorria neste bosque: uma chuva de estrelas se derramava sobre um mesmo ponto, proporcionando uma intensa luminosidade.

Tomando conhecimento das ocorrências, o bispo da cidade ordenou que fossem feitas escavações no local. Assim, por volta do ano 813, foi encontrada uma arca de mármore com os restos do apóstolo Tiago Maior.

A notícia se espalhou rapidamente e o local passou a ser visitado por andarilhos de toda a Europa a fim de conhecer o sepulcro do Santo. A quantidade de peregrinos aumentava intensamente a cada ano. Nobres e camponeses dirigiam-se em caravanas, caminhando ou cavalgando em busca de bênçãos, cura para as enfermidades, cumprir promessas ou apenas aventurar-se em terras distantes.

O rei Afonso II ordenou que no local da descoberta fosse construída uma capela em honra a São Tiago, proclamando-o guardião e padroeiro de todo o seu reino. Em pouco tempo, uma cidade foi erguida em torno daquele bosque, e denominada Compostela. A origem etimológica do nome remete ao latim: Campus Stellae, ou Campo das Estrelas, e assim a junção final: Compostela.

Em 1075, iniciou-se a construção da atual catedral, cinco vezes maior que a anterior.

O Caminho feito pelo apóstolo Tiago inicia-se em Portugal e vai até a cidade de Santiago de Compostela e o Caminho feito pelos peregrinos, um dos mais realizados hoje em dia,  inicia-se na França e chega também até a cidade. Num total de mais de 800km.

No Brasil, o Caminho ficou mais conhecido após o lançamento do livro O Diário de um Mago, escrito por Paulo Coelho, que narra suas experiências místicas vivenciadas durante a sua peregrinação em 1989.

Outro elemento histórico e popular é o Botafumeiro. Acredita-se que o início da sua utilização, foi por volta dos séculos XIII e XIV DC.

Quando a peregrinação a Santiago converteu-se numa verdadeira rota e chegavam milhares de pessoas para visitar a catedral, provocava-se em seu interior um desagradável odor motivado pelo cheiro das roupas dos peregrinos impregnadas de sua transpiração realizada durante a sua caminhada.

Este grande incensário tornou-se um símbolo sobre toda a purificação espiritual.
Bom, depois de um pouco de história vamos voltar à viagem.

Eu ainda não fiz o Caminho, ou melhor, ainda não recebi o chamado para fazê-lo. Como tudo tem o seu tempo com certeza já valeu muito a pena ter conhecido a cidade e agregado tanto conhecimento à minha pessoa.

O meu amigo Zeca é envolvido na divulgação deste Caminho e também do Caminho do Sol, em Campinas e região através de palestras orientativas, para mais informações: www.caminhodosol.org

Ele já realizou o Caminho francês e voltou este mês para realizar o Caminho português, que durou cerca de 13 dias.

E por estes caminhos conheci pessoas muito especiais. Como o Rodrigo, que é artista de circo e entrou no Guinness Book em 2008 por ter percorrido os mais de 800km pedalando em um monociclo!
O Acacio, que dirige o Refugio Acacio & Orietta em Viloria de Rioja – Burgos, recebendo peregrinos de todos os lugares do mundo. www.peregrinando.org

E o Zé Maria e sua esposa, um casal belíssimo, que tem uma loja encantadora de artesanato, presentes e souvenirs na cidade, eles fazem também acessoria para quem vai pelo caminho de “bici”, como eles chamam bicicleta por aqui.

Muita energia boa!
Passamos também por Finisterra, traduzindo: o fim da terra! Este foi um lugar de culto e veneração por parte de todas as civilizações que ocuparam esta costa em alguns momentos da história. O mar bravo daqui provocou tantas catástrofes marítimas que acabou por ganhar o nome de Costa da Morte.

No dia em que visitamos o mar estava calmo e o dia irradiante! Um presente divino!
Sentamos e observamos o horizonte por um bom tempo e me veio uma lembrança de quando era criança, em uma das aulas de história, ficava imaginando como seria a visão dos antigos ao achar que a terra acabara ali e depois do mar era um buraco e eles poderiam cair se chegassem lá com suas embarcações.

Estava naquele momento vendo o que eles virão e não era difícil de acreditar que realmente acabava ali.  Teoria que hoje para nós parece maluca e sem cabimento, para eles, naquela época, era um desafio a enfrentar. Como saber se acaba ali mesmo se não tentar? Pois eles tentaram e descobriram outros continentes e aí se desenrola toda a história que conhecemos das Américas.

Interessante reflexão que podemos trazer para os nossos desafios diários sejam eles quais forem. Tentar antes de desistir e de se acomodar. E para tentar é preciso coragem, foco e muita determinação! É algo que só depende de nós mesmos.

Em Finisterra tem também uma tradição onde os peregrinos queimam suas roupas usadas durante a caminhada acredito eu que como uma forma de encerrar ciclos. Você pode queimar desde a mochila inteira a uma peça de roupa simbólica ou qualquer coisa que queira queimar.

E concluindo este relato eu gostaria de agradecer a todos que fizeram e fazem parte deste Caminho e principalmente a todos que por aqui compartilham esta iluminada experiência!

Namastê.
Jus Prado
jusprado.wordpress.com