Extremos
 
COLUNISTA JOÃO CASTRO
 
Lançamento do projeto: N2 - de Noronha a Natal
 
texto: João Castro
13 de outubro de 2016 - 17:40
 

João Castro treinando com o Surfski, 0 tipo de caiaque que usará na travessia Noronha a Natal - Foto: Tiago Barra
 
  João Castro  

Aos 50 anos, parece que você começa a ficar “irresponsável”, sensível e com uma profunda vontade de fazer algo importante, mas não sabe o que. Quando digo “coisa importante” incluo também executar ações que façam algo por alguém, por alguma causa, mas como o assunto aqui é esporte, vamos a ele.

Escolhi fazer algo que eu possa me lembrar para o resto da minha vida. Não sou de lamentar derrotas ou enaltecer vitórias, mas ousar e dividir a minha ousadia ou conquista, sem medo do julgamento, será uma inesquecível passagem.

Fazer a travessia entre o Arquipélago de Fernando de Noronha e Natal não será tarefa fácil. Não será fácil abdicar novamente de família, amigos, viagens, pratica de outras modalidades esportivas que gosto e etc. Não será fácil vencer as lesões acumuladas por cinco décadas de pratica esportiva intensa, que inevitavelmente marcam o nosso corpo. Não será fácil obter autorizações da marinha, bons prestadores de serviço e com experiência, conseguir patrocinadores e não será fácil remar 360 km sem parar, por mais de 48 horas privado do sono, assumindo o desconforto, mas se eu pudesse dizer algo a mim mesmo eu diria: Eu vou fazer e eu vou terminar. É assim que me sinto e as minhas experiências no endurance provam que sou capaz.

Disseram ser impossível cruzar o Atlântico remando e Amyr Klink provou ser possível. Disseram ser impossível subir e descer o Aconcágua em tempo recorde, façanha realizada há pouco tempo pela amiga Fernanda Maciel que conheci ainda nos tempos de corrida de aventura. Disseram ser impossível para Ana Elisa Boscarioli, ser a primeira mulher brasileira a escalar o Everest e ela não parou, foi lá e concluiu, fechando o ciclo sendo também a primeira brasileira a fazer os 7 cumes. Cada vez que alguém se lança a um difícil objetivo a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas é: “será possível?” e a segunda é “eu acho difícil, eu acho que não dá”. O que seria de nós se desistíssemos neste ponto? O que seria dos recordes e o que seria da inspiração que pessoas causam em nós?

Há pouco tempo passei também e observar o montanhista Gustavo Ziller, que se propôs a fazer os sete cumes e vem obtendo sucesso. Não se trata de algo inédito, mas com alto grau de risco e dificuldades, mas o que ele me inspira é na mudança de vida e escolha em viver!

Preparação

Antes desta travessia, muitas outras serão realizadas com o objetivo preparatório, mas eu destacaria cinco que tem objetivos bastante claros.

Não necessariamente nesta ordem virão os 100 Km partindo da cidade de Cananéia e chegando na Ilha do Mel. Esta primeira travessia será de pura ambientação com o Surfski, tipo de embarcação que pretendo usar no projeto. Lugar das câmeras, posição no cockpit, medida do remo, tipo de roupa e colete que vou usar, enfim, tudo do mais complexo até o que pode parecer simples besteira. Aprendi em modalidades de longa duração que um pequeno incomodo pode atrapalhar, fazer você perder o controle e colocar tudo a perder.

Paraty / Santos: tentativa de não parar ou parar o menos possível, simulando dores e incômodos.

Fortaleza / Jericoacoara: treinando o downwind e colocando o barco na situação de ventos e ondas, observando como ele se comporta e aprendendo a aproveitar estas duas forças naturais a meu favor.

Brasil / Uruguai: Esta já era para ter sido realizada dentro do projeto anterior, o “Até 50”, mas não houve tempo para isso. Migrei esta travessia de aproximadamente 25 dias para o novo projeto. Esta será aproveitada para avaliar o psicológico frente ao desconforto e o longo tempo de algumas abdicações.

Fernando de Noronha / Atol das Rocas: Claramente um reconhecimento. Embora seja uma travessia em ângulo diferente, visitar o mar onde estarei na travessia final, fará com que os últimos ajustes possam ser feitos, principalmente na cabeça.

Este projeto intitulado N2, fazendo menção à letra “N”, que se repete nos nomes Noronha e Natal, ainda não tem data certa pois como eu escrevi acima, muita coisa tem que rolar antes disso. Tudo precisa ser bem planejado, eu precisarei estar bem treinado, para que o objetivo seja alcançado.

De hoje em diante eu escreverei bastante sobre cada experiência, cada treino ou travessia, sobre equipamentos testados, sobre os lugares que vou visitar e a sua natureza. Sobre aprendizados, novas técnicas, afinal sempre há muita coisa para aprender.

Quem acompanhar o projeto será alimentado por pequenos vídeos, muitas fotos e o máximo de conteúdo possível com a finalidade de inspirar, incentivar novos atletas ou pessoas com o desejo de aventurar-se e claro, trazer a torcida e a interação, pois este é o combustível principal para o sucesso.

Foi praticamente uma vida inteira no mar. Remando, surfando, velejando, mergulhando e isso, creio eu, não me garante o sucesso, mas a tranquilidade necessária para me sentir “em casa” quando a situação estiver realmente ruim.

Que venha mais este projeto e estou bastante empolgado e que ele seja um sucesso, mas antes de qualquer coisa uma inesquecível experiência de vida.

   
João Castro. Foto: Green Pixel João Castro. Foto: Alê Socci | Green Pixel
   

Agradecimentos

Meus agradecimentos a todos os veículos de mídia que se propuseram a divulgar cada passo: Sup Club, Mundo Sup, Likit e Sestaro.

Obrigado ao EXTREMOS, referência em geração de conteúdo em esportes outdoor, portal com grande credibilidade e qualidade!

Obrigado à Agência Ecooutdoor Sports Business, Academia Cia Athletica Morumbi, Epic Kayaks. Obrigado e SPOT / Global Star, que já estão comigo me apoiando desde o projeto anterior. Vocês são demais!

 
 
 
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