+  BLOG DA EMILIA TAKAHASHI
Compartilhe
Emilia sofre com a água contaminada no circuito Huayhuash
 
 
 

O plano inicial era realizar o circuito Huayhuash "Andino", uma variante mais alta da famosa caminhada que já possui passagens de 4000 e 5000 metros de altitude no seu circuito normal.
Preparei minha mochila para nada menos que uns 8 dias de comida, crampons e piolet para travessias em glaciares e roupas para o frio, muito frio. Não precisei da metade do peso que carreguei.

 
 

Comecei a jornada com o ônibus das cinco horas da manhã de Huaraz a Chiquian, uma simpática cidadela de mil habitantes. Foram quase três horas de viagem pela estrada Lima-Huaraz que está em reforma, por muitas vezes, temos que esperar o revezamento da passagem resultando em uma longa espera. Em Chiquian, tomo outro ônibus para Llamac, mais algumas horas de viagem. Meio sonolenta, despertei quando avistei os picos nevados no fundo do vale e ao ver os precipícios ao lado das rodas do micro ônibus. Llamac parece que parou no tempo, as ruas são de terra e vazias.
Começo a caminhada em direção sudoeste da cidade com o sol das onze horas queimando a pele paulistana. Cruzo com muitos turistas terminando o circuito, todos com pelo menos oito dias de trilha e um sorriso de satisfação no rosto. São algumas horas de subida com muita poeira por causa dos animais utilizados para transporte até a trilha bifurcar. Uma passa pela primeira passagem a 4200m e a outra segue a curva de nível a 4000m. Com peso e já começando a sentir as dores do carregamento, sigo pelo contorno. O caminho segue como na linha de um mapa topográfico contornando a montanha, sempre a mesma altitude. Após uma das curvas, tenho uma bela surpresa: o vale do rio Achin e as montanhas nevadas Jirishanca, Yerupaja Chico e o grande Yerupaja, a maior da cordilheira com seus 6635 metros. Os nevados são minha visão até o anoitecer passando pelo branco, laranja, rosa e finalmente o cinza... cor da noite quando cheguei ao acampamento da Laguna Jahuacocha.

Desse ponto abandonei o circuito normal do Huayhuash: guias, caminhantes, arrieiros, barracas, burros, cavalos, cachorros e o contato total com a civilização. Somente vacas e alguns pássaros me faziam companhia.
Subi a duas outras lagoas: Rasacocha, formada pelo rio Rasac também verde esmeralda e finalmente Barrosococha, cinza, alimentada pelos glaciares onde acampo a 4600m.

Começo a sentir um cansaço além do normal e a passar muito mal. Planejava cruzar o Paso Rasac, a 5100m que avistava ao fundo, mas no terceiro dia só consigo andar uma pouco mais de uma hora onde acampei a 4800m. Passei o dia inteiro mal, acreditava que era por causa da altitude, mas depois fui perceber que era... a água.

Não tive mais forcas, enfrentei o peso, a altitude, mas saúde e fundamental. Retornei a Llamac e em seguida a Huaraz. 90% do ônibus de volta eram turistas voltando da caminhada, imaginem os odores que pairavam dentro do ônibus com vidros fechados por causa da poeira e lotado de caminhantes sem tomar banho por dias... Eu era a que estava a menos tempo na trilha, cinco dias. Normalmente se faz o circuito em oito, mas ha pessoas que fazem em até catorze dias!
Acabei fazendo boas amizades no ônibus, que me levariam para meu próximo destino...

 
PARTICIPE, DEIXE SEU COMENTÁRIO.
 
 
 
Montanhista
 
Sempre foi aventureira e já escalou diversas montanhas no Brasil e realizou diversas trips pela América do Sul.

Já escalou as duas das 7 montanhas mais altas de cada continente, conhecido como "Projeto Sete Cumes".

Em 2009 foi demitida, mas não se deu por vencida e colocou a mochila nas costas para realizar esta que até então é a sua maior aventura. Nesta aventura passou pelo Nepal, Tibet, Vietnã, Laos, Indonésia, África do Sul, Malaui, Namíbia e Tanzânia.

Em outubro de 2009 foi a primeira mulher brasileira a escalar o Ama Dablam (a jóia do mundo), uma das montanhas mais bonitas da Cordilheira do Himalaia.
 
 
 

2010
Kilimanjaro (Tanzânia) com 5.891 metros

2009
Ama Dablam (Nepal) com 6.812 metros

2008
Aconcágua (Argentina) com 6.962 metros