MONTANHISMO
editor: Elias Luiz | texto: Rachel Nuwer
tradução: Daniela Silvestre
04.11.2015  •  15:00

Dando continuidade à série especial sobre o Everest, hoje iremos abordar um assunto polêmico que blogs adoram explorar, pois sempre resulta em garantia de bons cliques, sem se preocuparem com a história real em si: O que fazer com os mais de 200 corpos abandonados no Everest? Sempre evitamos entrar nessa polêmica, mas, a pedidos de muitos internautas que gostariam de ler algo sério a respeito, o EXTREMOS decidiu abordar o tema, com um artigo fruto de extensa pesquisa de Rachel Nuwer e comentários do editor Elias Luiz (entre barras azuis).

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Morte nas nuvens

Eles estão congelados no tempo, milhares de metros acima do nível do mar. O número crescente de mortos no Everest está se tornando impossível de ignorar.

Mas, quando digo que o nosso esporte é arriscado, não quero dizer que, ao escalarmos as montanhas, temos uma grande chance de morrer, mas que estamos cercados de perigos que nos matarão, se permitirmos.

– George Mallory, 1924

Não se sabe ao certo quantos corpos permanecem no Monte Everest atualmente, mas estima-se que sejam mais de 200. Escaladores e Sherpas estão enterrados em fendas, sob a neve de avalanches e expostos nas encostas – suas extremidades esbranquiçadas e distorcidas. A maioria está oculta da vista, mas alguns são pontos conhecidos na rota para o cume do Everest.

Talvez o mais famoso seja Tsewang Paljor, um jovem alpinista indiano que perdeu a vida em uma nevasca infame em 1996. Por quase 20 anos, o corpo de Paljor, popularmente conhecido como Botas Verdes devido ao calçado neon que usava quando morreu, repousou perto do cume do Everest, na Face Norte. Quando a cobertura de neve é escassa, os alpinistas precisam passar ao lado das pernas estendidas de Paljor em seu caminho de ida e volta do pico.

Na verdade, a trilha passa ao lado do corpo de Paljor, pois ele repousa em uma reentrância na rocha, conhecida como a Caverna das Botas Verdes; assim, não há necessidade de pular sobre seu corpo. Antes de tirar qualquer conclusão, leia o artigo até o final.

Montanhistas veem tais questões como trágicas, porém inevitáveis. Para o resto de nós, contudo, a ideia de que um corpo possa permanecer à vista por quase 20 anos pode parecer incompreensível. Corpos como o de Paljor permanecerão em seus lugares para sempre, ou algo pode ser feito? E chegará o dia em que concluiremos que o Monte Everest simplesmente não vale mais a pena? Como descobri nesta série de duas partes, a resposta é uma história complexa de controle, perigo, sofrimento e surpresas.

Antes de responder a essas perguntas, no entanto, é válido levantar algo ainda mais fundamental: Quando a morte está por toda parte, por que as pessoas arriscam suas vidas no Everest?

Alcançar o ponto mais alto da Terra serviu como um símbolo dos “desejos dos homens de conquistar o universo”, conforme colocou o montanhista britânico George Mallory. Quando um repórter lhe perguntou certa vez por que desejava escalar os 8.848 metros do Everest, Mallory respondeu simplesmente “porque está lá”.

"Escalar o Everest parece uma grande piada hoje em dia", afirma o Capitão MS Kohli, o montanhista que em 1965 liderou a primeira expedição indiana a alcançar com sucesso o cume do Monte Everest. "Absolutamente nada se assemelha aos velhos tempos, quando havia aventureiros, desafios e exploração. É simplesmente ir fisicamente com a ajuda de outros." 

É um desafio, mas o desafio maior seria escalá-lo e não contar a ninguém.

Para os Sherpas e outros contratados para trabalhar no Everest, a razão pela qual voltam é porque é um trabalho altamente remunerado. Para os demais, contudo, as motivações são sempre difíceis de explicar, até mesmo para si mesmos. Escaladores profissionais insistem que seu "drive" difere do da maioria dos clientes que pagam para escalar o Everest, um grupo frequentemente acusado de ter as motivações mais superficiais: conquistar a montanha mais alta do mundo para se gabar. "Alguém uma vez disse que escalar o Everest é um desafio, mas o maior desafio seria fazê-lo e não contar a ninguém", afirma Billi Bierling, um jornalista baseado em Kathmandu, escalador e assistente pessoal de Elizabeth Hawley, ex-jornalista de 91 anos que tem sido a cronista das expedições ao Himalaia desde os anos 60.

No entanto, poucos realmente admitem que escalam o Everest apenas para se gabar mais tarde. Em vez disso, o Everest assume uma importância simbólica para aqueles que o desafiam, frequentemente descrito em termos de transformação, superação de obstáculos pessoais ou como a joia da coroa em uma lista de metas de vida. "Cada um tem um motivo diferente", diz Bierling. "Alguns querem espalhar as cinzas de um marido falecido, outros fazem isso por suas mães, ou para vencer um demônio pessoal."

"Em alguns casos, é apenas o ego", acrescenta Hawley. "De fato, você precisa ter uma certa quantidade de ego para fazer tudo isso."

Assim como escaladores profissionais, cujo amor pelo montanhismo vai além do Everest, psicólogos tentam desvendar suas motivações há décadas. Alguns concluem que atletas de alto risco, incluindo montanhistas, são buscadores de sensações em busca de emoção. Contudo, ao pensar no que realmente envolve escalar o Everest – semanas passadas em acampamentos variados, permitindo que o corpo se adapte à altitude; avançar montanha acima, passo a passo; usar pura força de vontade para superar desconforto e exaustão – essa explicação parece insuficiente. A escalada em alta altitude é, de fato, um trabalho árduo. Como Matthew Barlow, pesquisador pós-doutorado em psicologia do esporte na Universidade de Bangor, coloca: "Escalar algo como o Everest é monótono, penoso e o mais próximo que se pode chegar de uma descarga de adrenalina."

Em comparação com outros atletas, montanhistas buscam uma sensação de controle sobre suas vidas.     

Barlow, um escalador ele mesmo, suspeita que a teoria da busca por sensações tem sido mal aplicada aos montanhistas. Sua pesquisa sugere que, em comparação com outros atletas, montanhistas tendem a ter uma "expectativa exagerada de controle". Em outras palavras, eles buscam um senso de domínio sobre suas vidas. Diante da complexidade da vida moderna, que desafia esse controle, eles procuram gerenciá-lo em outro lugar. Como Barlow explica: "Para demonstrar que tenho influência sobre minha vida, preciso entrar em um ambiente incrivelmente difícil de controlar – como as altas montanhas."

Flertar com a mortalidade faz parte do apelo. "Se você pode escapar da morte ou evitar um acidente fatal, isso te dá a ilusão de heroísmo, embora eu não ache que seja realmente heróico", diz David Roberts, montanhista, jornalista e autor baseado em Massachusetts. "Não é como jogar pôquer, onde o pior que pode acontecer é perder algum dinheiro. As apostas são definitivas."

Nas décadas em que entrevistou montanhistas, Hawley também notou essa tendência. "Em alguns casos, os escaladores apenas querem fugir de casa e de suas responsabilidades", diz ela. "Deixar a mãe cuidar do filho doente, ou lidar com o pequeno Johnny que não vai bem na escola."

A maioria dos escaladores que Barlow e seus colegas estudaram – especialmente os profissionais – também exibe algo que os psicólogos chamam de contrafobia. Em vez de evitar as coisas que temem, eles se sentem compelidos a enfrentá-las. "Seria errado dizer que os escaladores são destemidos", afirma Barlow. "Pelo contrário, como escalador, sei que sentirei medo, mas a chave é me aproximar do medo e tentar superá-lo."

Como um viciado que recebeu sua dose, montanhistas frequentemente relatam um efeito de transferência de experiências – uma sensação de satisfação imediata após retornar de uma escalada. "Para mim, voltar de uma escalada fisicamente exausto, mas mentalmente relaxado é um sonho", diz Mark Jenkins, jornalista, autor e aventureiro de Wyoming.

Para manter esse estado de ânimo, os montanhistas buscam picos cada vez mais desafiadores, rotas ou circunstâncias. E, como a montanha mais alta do mundo, o Everest ocupa naturalmente um lugar nessa progressão. "Você tem que aumentar a aposta, o que ao longo do tempo leva a um risco cada vez maior", diz Barlow. "Se o efeito de transferência nunca é suficiente para fazer você parar, então, em última análise, você provavelmente morrerá."

Diante disso, os escaladores devem decidir por si mesmos se sua paixão vale a pena arriscar suas vidas – e deixar para trás aqueles que amam. "Por minha própria vontade, aceito risco e sofrimento, e isso não traz benefícios externos à sociedade", diz Conrad Anker, montanhista, autor e líder da equipe da The North Face. "Mas, desde que cada um seja claro e transparente com sua família e esposa, então eu não acho que seja moralmente errado."

Se você está disposto a colocar uma bala no tambor de um revólver, colocá-lo na sua boca e puxar o gatilho, então sim, é uma boa ideia escalar o Everest.

Alguns, no entanto, encontrarão seu propósito. Beck Weathers, um patologista de Dallas que perdeu o nariz e partes de suas mãos e pés – e quase a vida – no Everest em 1996, foi originalmente atraído pela escalada exatamente por causa de um medo paralisante de alturas. Como ele descreve em seu livro, "Deixado Para Morrer", enfrentar as montanhas com aquele medo provou ser um antídoto eficaz (embora temporário) para sua depressão severa. O Everest foi sua última experiência em montanhismo, embora aquela escapatória da morte tenha salvo seu casamento ao fazê-lo perceber o que realmente importa na vida. Por isso, ele não se arrepende. Mas ao mesmo tempo, ele não recomenda a escalada do Everest a ninguém.

"Minha visão sobre isso mudou dramaticamente", diz ele. "Se você não tem alguém que se importe com você ou que dependa de você, se você não tem amigos ou colegas, e se deseja colocar uma única bala no tambor de um revólver, colocá-lo na boca e puxar o gatilho, então sim, é uma boa ideia escalar o Everest."

CUIDADO, SPOILER: Na verdade, o acidente no Everest em 1996 não salvou seu casamento; apenas abriu seus olhos para o que estava acontecendo. O maior catalisador para sua mudança pessoal e o que realmente salvou seu casamento foi a morte de seu cunhado. Recomendo a leitura do livro "Deixado para Morrer", um dos melhores livros sobre o Everest, cujo foco maior não é a escalada.

Zonas de guerra à parte, as altas montanhas são os únicos lugares na Terra onde é esperado e ainda considerado normal encontrar restos humanos. E dentre todas as montanhas onde montanhistas perderam suas vidas, o Everest provavelmente carrega o maior risco de se deparar com corpos, simplesmente porque são muitos. “Você está caminhando, em um dia lindo, e de repente tem alguém ali,” diz o montanhista Ed Viesturs. “É como, uau – é um alerta para acordar.”

Alguns montanhistas brasileiros encontraram corpos acima dos 8.000 metros. Um amigo argentino, quando foi urinar no Campo Base, acabou encontrando uma mão muito bem conservada.

Às vezes, o encontro é pessoal. Ang Dorjee Chhuldim Sherpa, um guia montanhista da Adventure Consultants que alcançou o cume do Everest 17 vezes, tinha bons amigos como Scott Fischer, montanhista que morreu em 1996 no desastre na Face Sul. Após sua morte, o corpo de Fischer permaneceu visível. “Quando você está passando e vê seu amigo deitado ali, você sabe exatamente quem é”, ele diz. “Eu tento não olhar, mas meus olhos sempre vão lá.”

“As pessoas de alguma forma conseguem caminhar entre esses corpos e continuar escalando, racionalizando para si mesmas que o que aconteceu com aquela pessoa não acontecerá com elas”, diz Christopher Kayes, diretor e professor de administração na Universidade George Washington em Washington DC.

Alguém havia colocado um saco plástico sobre o rosto do homem para evitar que os pássaros bicasse seus olhos.

Alguns, entretanto, não conseguem continuar escalando. Em 2010, Geert Van Hurck, um escalador amador da Bélgica, estava subindo a Face Norte do Everest quando se deparou com uma “massa colorida” no chão. Ao perceber que se tratava de um escalador, Van Hurck se aproximou, ansioso para oferecer qualquer ajuda possível. Foi então que ele viu o saco. Alguém havia colocado um saco plástico sobre o rosto do homem para evitar que os pássaros bicasse seus olhos. “Não era certo continuar escalando e celebrar o cume”, diz Van Hurck. “Acho que talvez eu estivesse vendo a mim mesmo deitado ali.” Ele certamente quase alcançaria o cume, mas retornou ao acampamento, tremendo e abalado.

A decisão de Geert Van Hurck de retornar, no entanto, é rara. Centenas de escaladores passaram por corpos na rota para o cume, frequentemente sabendo quem eles são. De fato, quase imediatamente após a morte de Paljor, incertezas têm cercado seus restos mortais. Alguns até duvidam se o corpo realmente pertence a Paljor, acreditando ser mais provavelmente de seu parceiro de escalada, Dorje Morup. Mas, por qualquer razão, a identidade de Paljor foi amplamente aceita, mesmo que a maioria dos escaladores de hoje conheça os restos apenas como Botas Verdes, e o local onde ele descansa como a Caverna das Botas Verdes.

Esse enclave, localizado a aproximadamente 8.500 metros de altitude e protegido do vento, é um ponto popular de descanso para os escaladores no caminho de volta do cume, onde podem sentar-se para recuperar o fôlego ou comer um lanche. "É muito macabro que tenham dado o nome dele à caverna," diz o montanhista amador Bill Burke, a única pessoa a ter escalado a maior montanha de cada continente após os 60 anos. "Isso se tornou um ponto de referência na Face Norte." Em 2006, a caverna – e Botas Verdes – ganharam ainda mais notoriedade infame quando um escalador britânico chamado David Sharp foi encontrado ali dentro, à beira da morte. A história foi amplamente divulgada na mídia, alegando que mais de 40 escaladores passaram por Sharp, que morreu mais tarde naquele dia, sem oferecer ajuda. No entanto, muitos detalhes da história foram perdidos nesses relatos; de fato, muitos escaladores não notaram Sharp, ou presumiram que ele estava apenas descansando. Outros acusados de ignorar seu apuro não foram informados até que fosse tarde demais para ajudar.

Leia o primeiro artigo do ESPECIAL DO EVEREST publicado pelo EXTREMOS que explica melhor a morte de Sharp, o famoso Botas Verdes.

O corpo de Sharp foi removido da vista um ano depois a pedido de seus pais, mas Paljor, cujo apelido se tornou mais solidificado devido ao incidente, permanece.

O que fazer com os corpos na montanha depende de uma série de fatores, incluindo o desejo da família do falecido e o local onde a morte ocorreu. Alguns fazem planos para que seus corpos sejam devolvidos às suas famílias, se possível. Burke evita discutir esses detalhes com sua esposa, mas garante que seu corpo seria entregue a ela caso o pior acontecesse. “Não é algo sobre o qual você quer se debruçar,” diz ele. “Eu sabia que precisava de um seguro de repatriação, então fiz um, mas não pensei muito sobre isso.”

Devolver um corpo à família pode custar milhares de dólares e requer o esforço de seis ou oito Sherpas, colocando potencialmente a vida desses homens em risco. “Até pegar um pacote de doces nas altas montanhas é um esforço enorme, pois tudo está totalmente congelado e você tem que escavar ao redor,” afirma Ang Tshering Sherpa, diretor e fundador da Asian Treking Company em Kathmandu, e presidente da Associação de Montanhismo do Nepal. “Um corpo morto que normalmente pesa 80 kg pode pesar 150 kg quando congelado, com o gelo circundante aderido.” Tipicamente, embora, montanhistas que morrem na montanha desejam permanecer nela, uma tradição adotada dos marinheiros há mais de um século. “Mas quando temos 500 pessoas passando por cima de um corpo todo ano, isso não é mais aceitável,” diz Jenkins, que teve que passar por quatro corpos em sua última vez no Everest. “Isso é vergonhoso.”

Quando um corpo se torna uma parte bem fotografada da montanha, são as famílias que mais sofrem. “Um dia você está se despedindo no aeroporto, e no outro é ‘Oh, papai é chamado de Botas Verdes e eles estão passando por ele,’” diz Greg Child, montanhista e autor de Utah.

O irmão de Paljor, Thinley, relembra o momento em que descobriu o apelido, juntamente com as fotos, em 2011: “Eu estava na internet e descobri que o chamavam de Botas Verdes ou algo assim,” ele diz. “Fiquei muito triste e chocado, e não queria que minha família soubesse. Honestamente, é muito difícil para mim até olhar as fotos na internet,” ele diz. “Me sinto tão desamparado.”

Direitos de Funeral

Para evitar isso, os restos humanos são geralmente entregues à montanha – ou seja, são respeitosamente empurrados para dentro de uma fenda ou para fora de uma encosta íngreme, fora de vista. Quando possível, eles também são cobertos com pedras, formando um montículo de enterro. Mas Dave Hahn, montanhista e guia da RMI Expeditions que alcançou o cume do Everest 15 vezes, enfatiza: “A hora de mover um corpo é imediatamente após o acidente acontecer. Além disso, sem ser grotesco, eles se integram à montanha.”

Mesmo para um corpo recém-falecido, esse ato de respeito pode levar horas e requer o esforço de vários escaladores aptos. A questão de quem assume a responsabilidade por tal tarefa permanece, especialmente à medida que mais corpos se acumulam ao longo dos anos e o derretimento glacial, devido às mudanças climáticas, faz com que outros apareçam.

Alguns têm tomado a iniciativa. Desde 2008, Dawa Steven Sherpa, diretor administrativo da Asian Trekking e filho de Ang Tshering, junto com seus colegas, tem liderado esforços de limpeza anual na montanha, removendo mais de 15.000 kg de lixo antigo e mais de 800 kg de resíduos humanos. Assim, sempre que um corpo ou parte dele emerge do degelo do sempre dinâmico Glaciar do Khumbu, seu time é visto como a equipe de remoção de facto. Até agora, eles respeitosamente lidaram com vários corpos, incluindo quatro Sherpas e um escalador australiano que desapareceu em 1975. “Se possível, restos humanos deveriam ser enterrados”, diz Dawa Steven. “Não é sempre possível quando um corpo está congelado em uma encosta a 8.000 metros, mas pelo menos podemos cobri-lo e dar alguma dignidade, para que as pessoas não tirem fotos.”

O fim de uma Mãe

A história da recuperação do corpo de Francys Distefano-Arsentiev, que morreu no Everest em 1998 e ficou conhecida como “A Bela Adormecida”, ilustra tanto o custo humano quanto os desafios para mostrar o respeito adequado aos mortos.

Seu filho, Paul Distefano, relembra o quanto foi aflitivo ver as fotos do corpo de sua mãe online. “É muito constrangedor, é como ser chamado pela professora e não saber ler. É horrível.” Essas palavras destacam o impacto emocional duradouro que a visibilidade desses corpos pode ter nas famílias dos falecidos, sublinhando a complexidade e a sensibilidade necessárias ao lidar com restos mortais em ambientes extremos como o Everest.

Quando tinha apenas 11 anos, a mãe de Paul, uma escaladora de classe mundial, tornou-se a primeira mulher americana a escalar o Everest sem oxigênio suplementar. "Não sei por que ela decidiu fazer isso sem oxigênio, mas acho que ela sentia que precisava provar algo", diz Paul. "Acho que ela também se sentia invencível porque estava com Sergei, meu padrasto. Seu apelido era Leopardo das Neves, por sua agilidade."

Francys alcançou seu objetivo e entrou para a história no Everest. Mas durante a descida do cume, algo deu errado.

Um dia antes de partir, Francys foi à escola de Paul em Telluride, Colorado, e disse-lhe: "Vou deixar a sua escolha." Um dos momentos mais vívidos na memória de Paul é quando ele disse a ela: "Se eu disser que você não pode ir, então um dia você será uma velha em uma cadeira de rodas dizendo, ‘Puxa, eu deveria ter feito isso.’ Eu não quero ser quem tira isso de você."

Naquela noite, Paul teve um pesadelo envolvendo dois alpinistas em meio a uma névoa espessa, com a neve ao redor como um enxame de abelhas. Ao acordar, ele ligou para a mãe, dizendo que tinha mudado de ideia. "Você sabe, Paul", ela respondeu, "Nós conversamos ontem, e você estava certo: eu tenho que fazer isso."

"Não acho que a ciência possa realmente explicar por que as pessoas querem escalar essas montanhas", diz ele. "No fim, o motivo pelo qual minha mãe escalou foi porque ela queria."

Em 22 de maio de 1998, Francys atingiu seu objetivo e fez história no Everest. Mas na descida, algo deu errado. Ela e Sergei foram forçados a passar a noite na zona da morte e acabaram se separando. Na manhã seguinte, Sergei sofreu uma queda fatal enquanto tentava resgatar Francys, que havia colapsado a cerca de 8.550 metros de altitude. Os escaladores Ian Woodall e Cath O'Dowd encontraram Francys por volta das 5h da manhã e desistiram de seu próprio cume, ficando com ela por uma hora em temperaturas congelantes antes de serem forçados a descer para o Campo 4. Algumas horas depois, Francys sucumbiu ao congelamento e exaustão.

Quando seu pai o sentou numa tarde ensolarada para dar-lhe a notícia, Paul sentiu como se tivesse sido atingido por uma marreta. Mesmo assim, ele não parecia surpreso. "Para ser sincero, eu já sabia", ele disse. "Quando alguém muito próximo a você morre, é estranho e inexplicável, mas você simplesmente sabe." Atualmente, Paul não guarda ressentimentos em relação a sua mãe. "Eu a amo e queria que ela fizesse parte da minha vida, mas ela não está", diz ele. "Sua morte é certamente algo com o qual sempre terei que lidar, embora de certa forma seja uma bênção minha mãe morrer fazendo o que amava."

Anos depois da morte de Francys, seu corpo permanecia na montanha, mas Ian Woodall, que esteve com ela nas suas últimas horas, ficou assombrado pela incapacidade de salvá-la e profundamente perturbado pelo fato de seu corpo ter se tornado um marco na rota. Em 2007, Woodall, com a ajuda de Cath O'Dowd, retornou ao Everest especificamente para remover o corpo de Francys de vista. “Era uma chance de dizer adeus", ele diz. "Mas mais importante, era para tirá-la de vista."

Woodall e Phuri Sherpa, um trabalhador habitual do Everest que se voluntariou para ajudar, foram até o local onde Woodall lembrava ter deixado Francys. A encosta íngreme onde ela jazia era definida por um ângulo de 60 graus e coberta de xisto quebrado. A intenção original era criar um cairn de pedras em sua memória, mas encontraram a área coberta por um metro de neve, sem sinal dela, apenas uma encosta de neve instável.

Começando a cavar, e por uma combinação de sorte e memória, encontraram Francys na segunda tentativa. Não podendo mais criar um cairn, decidiram usar cordas para abaixar seu corpo montanha abaixo. Após enrolarem seus restos mortais rígidos em uma bandeira americana e dizerem algumas palavras, eles a enviaram para seu último descanso, aparentemente próximo ao local onde Sergei jaz. O processo levou cinco horas. “Foi a coisa mais difícil que já fiz, mais difícil do que chegar ao cume", disse Woodall. “Mas me senti forte o suficiente para levantar e fazer algo sobre isso."

Francys atingiu seu objetivo e fez história no Everest. Mas na descida do cume, algo deu errado.

Foi a coisa mais difícil que já fiz, mais difícil que chegar ao cume.

Começando a cavar, e por uma combinação de sorte e memória, encontraram Francys na segunda tentativa. Não podendo mais criar um cairn, decidiram usar cordas para abaixar seu corpo montanha abaixo. Após enrolarem seus restos mortais rígidos em uma bandeira americana e dizerem algumas palavras, eles a enviaram para seu último descanso, aparentemente próximo ao local onde Sergei jaz. O processo levou cinco horas. “Foi a coisa mais difícil que já fiz, mais difícil do que chegar ao cume", disse Woodall. “Mas me senti forte o suficiente para levantar e fazer algo sobre isso."

Paul, por outro lado, soube do ocorrido através da mídia e inicialmente sentiu-se ressentido por não ter sido informado. "Era como se, ‘Cara, essa é minha mãe!’” Com o tempo, ele reconheceu que Woodall e O'Dowd, tendo testemunhado os últimos momentos de sua mãe, formaram suas próprias conexões especiais com Francys. “Minha mãe e eu somos ligados pelo sangue, e Ian, Cath e ela são ligados pela morte", diz ele. “Eu sinto que eles têm tanto direito quanto nós de remover o corpo dela, e minha família honra o esforço deles.”

“Eu gostaria que eles tivessem me perguntado, mais do que isso, eu gostaria de estabelecer uma conexão com eles e conhecê-los", continua. “Espero que esse dia chegue.”

Após ler sobre os esforços de Ian Woodall para remover o corpo de Francys, Thinley entrou em contato com ele sobre a possibilidade de fazer o mesmo por seu irmão, Paljor. “O que eu acho muito estranho é que Paljor estava com uma grande equipe da polícia de fronteira em 1996, mas eles simplesmente arrumaram tudo e foram embora, deixando-o lá,” diz Woodall. “E, além disso, a polícia de fronteira indiana fez outras expedições ao Everest, alcançando o cume, e ainda assim o deixaram lá.”

O ITBP (Indo-Tibetan Border Police), contudo, alega que o corpo de Paljor está irremediavelmente preso, e portanto, não podem garantir que seja realmente de Paljor – ou mesmo de um indiano. “Alguns dizem que é um corpo da ITBP, outros dizem que é indiano, e há quem diga que é de um estrangeiro,” diz Deepak Pandey, relações públicas do escritório do ITBP em Delhi. “Nossa equipe viu o corpo, mas não fomos capazes de confirmar se é nosso ou não.”

Aceitando que não teria ajuda do ITBP, Thinley se ofereceu para financiar a missão de Woodall para mover Paljor, mas subestimou o custo de tal viagem – cerca de 70.000 dólares. Woodall, por sua vez, já havia esgotado suas próprias economias no esforço para mover Francys. “Se eu tivesse a chance de voltar no tempo, Paljor seria minha prioridade,” ele diz. “Mas eu realmente não posso fazer isso novamente por conta própria.”

“Eu só rezo para que minha mãe nunca descubra essa história das Botas Verdes,” diz Thinley. “Ela ficaria muito, muito, muito chateada. Não consigo nem imaginar.”

Thinley estava a ponto de perder a esperança de colocar os restos de seu irmão para descansar. Mas, no ano passado, sem aviso prévio, Paljor desapareceu.

O aventureiro Noel Hanna fez a descoberta em maio de 2014, quando se surpreendeu ao constatar que a Caverna das Botas Verdes estava desprovida de seu residente mais conhecido, assim como a maioria dos corpos do lado norte do Everest – uma área às vezes chamada de “crista do arco-íris” devido aos trajes coloridos de muitos escaladores caídos ali – também haviam desaparecido. Hanna estimou que, anteriormente, cerca de 10 corpos eram visíveis na rota para o cume, mas em 2014 ele viu apenas dois ou três. “Eu diria que tenho 95% de certeza de que Paljor foi movido ou coberto por pedras,” afirma Hanna.

Quanto às tradições do Everest, as circunstâncias envolvendo a remoção dos restos não estão totalmente claras. Hanna suspeita que pode ter sido a Associação de Montanhistas Chinesa Tibetana e a Associação Chinesa de Montanhismo, que gerenciam o lado norte do Everest. Cinco semanas antes de sua escalada, ele sugeriu aos oficiais, durante um jantar, que eles deveriam remover os corpos. “Aparentemente, ninguém havia sugerido isso à pessoa responsável antes,” diz ele.

Li Guowei, o vice-diretor de divisas do departamento da Associação de Montanhismo da China, expressou disposição em fornecer respostas sobre os esforços, mas disse que qualquer comunicação com a mídia deveria passar por canais oficiais. Após mais de um mês tentando, no entanto, Li admitiu que não achava que o pedido receberia a aprovação dos oficiais tibetanos em um futuro próximo.

“A abordagem deles é muito chinesa,” diz Dawa Steven, que frequentemente trabalha com eles. “Eles não revelam o que estão fazendo e não querem publicidade.” Os chineses também não desejam que equipes privadas realizem suas próprias limpezas. “Na minha opinião, parece ser uma questão de orgulho nacional.” Os parentes, no entanto, não parecem ter sido informados, já que a notícia foi uma surpresa para Thinley. Quando informado sobre o que havia sido descoberto, Thinley pausou por um momento antes de expressar alívio. “Obrigado por me contar,” ele disse finalmente.

Retorno à montanha

Em meio a todas as mortes, à poluição, à superlotação e ao crescente questionamento do mérito de alcançar o cume, as pessoas irão decidir que a montanha simplesmente não vale mais a pena? Não é provável, se o passado é algo a se considerar.

Assim como a tragédia de 1996 não fez nada para diminuir o interesse das pessoas no Everest, o vai e vem dos horrores dos últimos dois anos parece ter tido pouco impacto. Após a avalanche de 2014, muitos Sherpas juraram não retornar à montanha até que as condições de trabalho – incluindo políticas de seguro de vida – fossem melhoradas. Para a maioria, seja por necessidade econômica ou escolha, o sentimento de ficar longe da montanha durou pouco.

Ang Dorjee, por exemplo, optou por ficar fora da temporada de 2015 após perder três amigos de longa data na avalanche, mas agora planeja retornar em 2016. “Eu estava muito assustado, então eu pulei a temporada,” ele diz. “Mas o tempo passa, e eu tenho feito isso durante toda a minha vida.”

“Ninguém está bem com o que aconteceu,” acrescenta Dawa Steven. “Os últimos anos têm sido muito traumáticos para muitos Sherpas.” Mas dos 63 Sherpas que ele tem na folha de pagamento, nenhum apresentou sua demissão. “Ninguém disse ‘Eu não quero escalar nunca mais,’ apesar de alguns terem sido pressionados por suas esposas e seus pais para parar,” diz ele.

Mas os últimos dois anos trouxeram uma perda tão grande de vidas que se tornou difícil para mim continuar a usar esse argumento.

A mesma dinâmica está acontecendo nas companhias de guias e líderes do oeste. Hahn sempre defendeu o Everest, mas agora está considerando uma ruptura com a montanha. “Eu costumava ver as histórias da mídia que surgiam e elas eram somente sobre morte e destruição, e eu disse, ‘Bem, a minha montanha não é sobre morte,” diz ele. “Mas os últimos dois anos trouxeram uma perda tão grande de vidas que se tornou difícil para mim continuar a usar esse argumento.”

O Everest ainda tem uma maneira de atrair as pessoas de volta. Sete anos atrás, a Mountain Madness, uma companhia sediada em Seattle, suspendeu suas escaladas guiadas no Everest por um período indeterminado, citando a superlotação e o superávit de montanhistas inexperientes. “Nós estamos tentando decidir se queremos tomar uma posição e dizer ‘Ei, olhe, nós não apoiamos o que está acontecendo no Everest,” diz Mark Gunlogson, o presidente da companhia. No próximo ano, entretanto, a Mountain Madness planeja retornar. “Tem mais a ver com a demanda dos clientes do que com a nossa tentativa de voltar ao jogo,” diz Gunlogson.

“O Everest não perdeu sua mística para mim, ou para muitos outros que irão voltar ano após ano,” diz Burke. “Mesmo tendo estado lá seis vezes, eu amo escalar aquela montanha. Eu amo ir para lá. Eu sou quase um viciado.”

Para os próximos anos – talvez para sempre – o Everest irá sem dúvida continuar a fazer o que tem feito por décadas: capturar a imaginação, prover o pano de fundo para sonhos e triunfos pessoais, e tomar algumas vidas no processo. O Botas Verdes ao menos descansou, mas não há garantia de que sua caverna permanecerá vazia por muito tempo.

O Everest se mostra realmente desafiador além dos 8.000 metros, na chamada Zona da Morte, ou então na travessia da Cascata de Gelo na Face Sul. De acordo com nossas estatísticas, a cada ano pelo menos 6 alpinistas ou sherpas perdem suas vidas. Não é fácil enfrentar uma escalada dessa magnitude ou mesmo cobrir eventos como esse, sabendo que durante os 60 dias de expedição e com aproximadamente 900 pessoas envolvidas, 6 não retornarão para casa vivos. Mas sendo a maior montanha da Terra, não importa o que aconteça com o Everest, a busca por desafiá-lo só aumentará a cada ano. Nós, da equipe do EXTREMOS, estaremos aqui, ano após ano, realizando a Cobertura Online, como temos feito há 12 anos.


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Nepal e Tibet

(917 reviews)

O trekking ao Campo Base do Everest é a trilha mais desejada por todo aventureiro e Elias Luiz relata a sua grande jornada pelo Nepal e também pelo Tibet, passando pela face norte.

R$ 79 / frete grátis
  • 320 páginas
  • 60 fotos
  • 1 mapa

Canadá

(722 reviews)

A Great Divide Trail, com seus 1.100 km é uma das trilhas mais inóspitas, difíceis e bonitas do planeta. Embarque junto com Elias Luiz e Daiane Luise nessa aventura repleta de ursos.

R$ 79 / frete grátis
  • 272 páginas
  • 66 fotos
  • 1 mapa

Suécia e Noruega

(793 reviews)

Você está prestes a conhecer uma das regiões mais selvagens da Europa, na Lapônia, acima do Círculo Polar Ártico, repleta de ursos, lobos, renas e a magistral Aurora Boreal.

R$ 55 / eBook
  • 300 páginas
  • 60 fotos
  • 12 mapas

França, Itália e Suíça

(3.728 reviews)

Para você que sonha em colocar a mochila nas costas e fazer uma viagem de aventura, este livro será uma grande inspiração. Elias Luiz narra a sua aventura pelos Alpes.

R$ 55 / eBook
  • 300 páginas
  • 60 fotos
  • 12 mapas

eBook in English

(7.106 reviews)

For those who dream of putting a backpack on their shoulders and embarking on an adventure trip, this book will be a great inspiration. Elias narrates his adventure through the Alps.

Se você sonha em fazer uma caminhada de longa distância, aproveite o roteiro oferecido por Elias Luiz, onde ele refaz a trilha original do seu livro Tour du Mont Blanc. Serão 170 km em 11 dias de caminhada e dias de descanso na charmosa Chamonix e em Courmayeur. Viva essa experiência!



O MELHOR DO TMB

Passeios inclusos para o Mer de Glace e Aiguille du Midi.

BAGAGEM

Transporte de bagagem incluso. Você caminhará leve.

OFERTA ESPECIAL

€ 4.290,00 dividido em 3 parcelas o trecho terrestre.

DEPOIMENTOS

"Gostaria de registrar o carinho e capricho que tens com os leitores. Como sou leitor das antigas prefiro o livro impresso! Ainda fico ansioso pela chegada de um novo livro. O teu vai além de um "simples" livro. Tem qualidade, interatividade, arte, uma fotografia fantástica e uma ótima e envolvente história. Obrigado por me inspirar a buscar cada vez mais a 'Waldeinsamkeit' .
Alles Gutes für dich!"

Rafael SilvaLeitor de Rocky Mountains

"Adorei Elias! Senti emoção, medo, achei que você é maluco, senti saudades, fiquei com vontade de fazer a trilha, e no final desisti… mas não de fazer trilhas tá! Só desse final perigoso! Parabéns pelo livro, pela coragem e determinação! Parabéns por nos inspirar, por fazer olhar o mundo de diferentes formas. Por nos mostrar que devemos sair da rotina, sentir a natureza, viajar… e o que mais precisamos é ter um coração em paz e bons amigos!"

Kelly Cardelli Leitora de Patagonia

"Obrigada Elias, o livro é sensacional! A riqueza de detalhes impressiona, devorei o livro ontem a noite, em muitos momentos me emocionei e me senti caminhando contigo a cada parágrafo que ia lendo. Você conseguiu passar a emoção vivida, e isso é sensacional pra nós leitores! Não vejo a hora de estar lá!"

Anelize Damy Leitora de Tour du Mont Blanc

"Completar o TMB com o Extremos foi uma experiência incrível. Uma trilha desafiadora pelo desnível, mas que te recompensa sempre com paisagens deslumbrantes, natureza preservada, sabores, sons e água pura. Passamos por três países, cidades, vilarejos, refúgios aconchegantes, florestas e fazendas, sempre com a montanha por perto nos mostrando sua grandiosidade e beleza. Uma imersão intensa na cultura alpina e no espírito de união entre os hikers que encontramos na trilha.

Marcos Ribeiro Hiker do TMB