Extremos
 
COLUNISTA ALÊ SILVA
 
Comunicação na escalada
 
Texto: Alê Silva
11 de janeiro de 2015 - 03:15
 
Marco Nalon escalando um lindo pilar de gelo no Ouray Ice Park, no Colorado / EUA. Foto: Alê Silva
 
  Agnaldo Gomes  

Quem costuma ler sempre meus textos sobre segurança deve me achar um chato, repetitivo, coisa de velho sabe? Pois é, sou tão chato quanto os procedimentos de segurança, que deveriam ser feitos a cada vez que você ou seu parceiro tiram os pés do chão numa escalada.

Mais uma vez tive a oportunidade de vir ao Colorado participar do Ouray Ice Festival, um evento incrível de escalada em gelo com clínicas, palestras, campeonato e obviamente muita escalada.

Mas independente da escalada ser em gelo, esportiva ou tradicional, uma coisa gritante, e que sempre observo a cada vez que escalo fora do país, é que aqui (EUA) os escaladores efetivamente realizam os procedimentos chatos de segurança. Sabe aquela comunicação básica entre segurador e escalador? Não? Pois deveria saber, é mais ou menos assim…

- Segurador em voz alta, como se estivesse dando satisfação ao parceiro, e efetivamente está, pois depende de você a vida do outro e vice-versa: Cadeirinha afivelada, mosquetão travado, freio ok (mostrando visualmente ao parceiro), segurança pronta.

- Escalador em voz alta: cadeirinha afivelada, nó ok (mostrando visualmente ao parceiro), escalando. Sim, acredite, você precisa avisar o seu parceiro que está efetivamente começando a escalar, por mais ridículo que isso pareça!

Esse procedimento chato, desses que te faz pagar mico no meio da galera, salva vidas!

>• Esquecer de voltar a fita da cadeirinha.
•  Não travar mosquetões.
• Errar o nó do oito.
• Passar o nó do oito em apenas um dos loops da cadeirinha.
•  Montar seu aparelho de segurança da forma errada.
• Começar a escalar sem que seu parceiro perceba. Sim ele pode estar tomando água ou postando uma foto no Instagram!

Erros bobos como os citados acima podem machucar bastante ou coisa pior.

Eu convivo diariamente observando escaladores na academia e aos fins de semana na rocha, e essa comunicação entre parceiros parece que ficou perdida nos livros de montanha, mas na prática pouco vejo acontecer.

Se até pilotos de aviação comercial realizam uma lista de checagem antes de cada decolagem, porquê nós escaladores não podemos perder 30 segundos para checar o básico?

- Se você já faz o cheque, continue e compartilhe a prática.

- Se você faz o cheque mentalmente, mas tem vergonha de se expressar verbalmente, então perca essa vergonha e comunique-se com seu parceiro. O chato morreu de velho!

- Se você não faz o cheque… Recomendo sinceramente que você pare e reavalie sua escalada, não pense que coisa ruim só acontece na casa do vizinho!

Procedimento é a chave para a vida longa do escalador, entre para o time dos “chatos” e continue vivo para contar suas estórias!

Escale seguro!
Alê Silva
www.casadepedra.com.br

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