Extremos
 
7 CUMES SABRINA PASCHOAL
 
Eu vivo todos os dias, e cada um deles!
 
Texto e fotos: Sabrina Paschoal
4 de novembro de 2015 - 16:58
 
Parada de descanso no Trekking ao Campo Base do Everest, Nepal.
 
  Tom Alves  

O que é a vida senão uma sucessão de dias, de 24 horas, de 7 dias na semana, alguns meses de 30, outros de 31 dias, todos os 12 meses do ano, todos os anos que nos serão permitidos viver?

Até aqui somos todos iguais e o tempo é a única coisa que é a mesma para todo mundo, independentemente de grana, idade, condição social, psicológica e outras características. E isso é lindo, porque permite a cada um, rechear esse monte de horas à sua maneira.

E eu, o que tenho feito com esse bem finito, que não sabemos quando e nem de que maneira vai terminar?

Me peguei pensando em coisas que fiz e que me aproximam de muita gente, às vezes me tornam igual e outras que me diferenciam da maneira mais peculiar que eu poderia imaginar.

Sempre tive regras e deveres muito claros em minha vida e, com certeza, vieram da maneira como fui criada e da família de onde vim, mas ainda assim, com todos esses trilhos à minha frente, em muitas vezes, dei uma escapada que me fez ser única e por isso mesmo feliz por saber “escorregar” deles, mas sabendo que se eu quiser e quando precisar, estarão ali para me guiar.

Fui feliz sendo uma boa menina, fiz o que tinha que fazer em muitas situações ou o que meu superego dizia que deveria ser feito.

Me deixei levar em outras tantas, quando apenas as emoções tomavam conta da cabeça e o corpo só obedecia ao chamado de algo mais forte.

Fui legal, fui chata, fui companheira e fui corajosa até a última fibra do meu ser. Chorei de me descabelar quando perdi um amor, fui até o fundo do poço, que no meu caso é sempre bem acima do fundo, na verdade.

Briguei comigo mesma inúmeras vezes, me penitenciei por ter sido covarde, justo eu que não admito medos rasos.

Me apaixonei mais vezes do que seria permitido a um ser tão racional...ou será que a racionalidade é só essa casquinha fina que rompe ao primeiro toque leve?

Tive amores platônicos, amores de pele, amizades coloridas, amores eternos que duraram apenas alguns meses, amores leves, alguns pesados, outros que só serviram para um cinema ou um vinho.

Trabalhei muito, mudei de cidade, de estado, de casa, de estilo, de alma, de gosto, de jeito e hoje, esse caleidoscópio de gostos, sensações e percepções me define como pessoa e como alma.

Fiz besteira, não fui legal, fui desrespeitosa, fracassei, perdi a paciência mais do que eu gostaria, me deixei ser usada, fui fraca, mas fui eu e me reconheci em todos os meus erros e desacertos...

Admirei muita gente, tive inveja de outras tantas, desejei ter mais grana para poder viajar e sumir no mundo, esse mundão que me atrai de uma maneira tão forte.

Morei em família, com namorado, com marido, morei muito tempo sozinha, muito bem acompanhada apenas por meus companheiros de pelos e patas.

Amei ter aquela cama enorme só para mim, mas chorei naquele travesseiro incontáveis vezes querendo um par de olhos e mãos que me desejassem boa noite.

Já bebi muito vinho sozinha, assistindo a comédias românticas, bebi outras coisas estranhas e fortes em quantidades não salubres, mas nunca fumei ou usei drogas. Dancei sozinha loucamente pela sala, com minhas músicas preferidas ecoando pela casa.

Já fui traída, mas nunca traí meu coração, nunca fui de TPM, falo palavrão, afinal nunca fui do tipo mocinha mesmo e comi mais chocolate do que deveria ser permitido a uma pessoa normal. Mas quem disse que sou assim?

Fiz amigos lindos, tive carinho vindo de pessoas que nem poderia imaginar, me permiti ser frágil e tive que ser guerreira na maior parte das vezes.

Me despedi de mais pessoas do que gostaria, mas aprendi a abrir meu coração para aquelas que vieram e ainda virão.

E por tudo isso, sou feliz por estar exatamente onde estou, ter conquistado o que conquistei, mas continuo olhando para a frente, para essa trilha aberta e clara que se descortina a cada dia.

Que muitos outros dias e anos venham para me mostrar que cada um deles é especial, por mais comuns que possam ser e que esse esboço que somos vá criando forma sem nunca ter um fim, até que nossos dias se findem...

Obrigada,
Sabrina Paschoal

 
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